Coisas esparsas. Ideias esparsas. É assim que sinto esse momento, onde procuro o fio da meada no meio do escuro, no meio da dispersão causada pelas redes sociais. Estou tateando, me procurando. Às vezes esbarro em mim mesma mas novamente escapo.
Preciso voltar a escrever. E não é o que estou fazendo? Não. Não estou escrevendo. Estou prometendo recomeçar. Estou dizendo que quero.
Escrever é como me achar de novo. Meu Deus, como andei perdida! Saudade da minha versão mais real, que é capaz de ver poesia em pingo d'água.
Estou cansada de ser nada no meio da confusão das redes. Me perdi de mim, diluí minhas emoções, reduzi tudo a poucas frases "estratégicas e bem pensadas" feitas para serem lidas rapidamente por quem não quer ler, absolutamente. Que humilhante reduzir a isso os seus próprios sentimentos, suas próprias percepções! Que humildade abominável reduzir tudo para caber no desinteresse alheio!
Se é para falar sozinha que seja aqui no blog, com o estado de espírito de quem escreve em um diário.
Hoje vi um filme triste, muito triste e romântico. Isso parece ter me acordado de algum sono muito longo. De repente me senti novamente capaz de sentir esse tipo de emoção, de dor suave.
A gente vê tanta maldade política que parece que vamos ressecando, endurecendo junto com os outros. Uma floresta sem folhas, só de galhos secos. Mas uma "boa dor" faz o coração amolecer. É como óleo no cascão de ferida. Um filme romântico me pareceu bem terapêutico.
Vejo isso como um bom presságio: poder ser, sim, que a Cristina escritora esteja voltando, cansada de guerra, cansada da inutilidade de sofrer sem poesia.
Nos filmes a gente sofre nos braços da beleza. Mas lendo os noticiários a gente sofre no seco, muito amargamente e sem graça. É o mais nocivo dos sofrimentos porque, ao invés de amolecer a alma (como fazem os filmes) o sofrimento seco faz o contrário: desidrata a gente. Acordar de um filme triste é se sentir feliz porque, afinal de contas, a sua vida é melhor do que aquela. Mas acordar das más notícias e descobrir que não tem para onde emergir é duro.
Não quero continuar mergulhada, sem ar.