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13 de abr. de 2021

Texto para quem admira os loucos , os rebeldes e os irreverentes

Inversão de valores. É disso que quero falar.

A palavra "rebelde"  já foi um xingamento. Era um rótulo que ninguém queria para o seu filho.  Quem contrataria um rebelde?  Pra que serve uma pessoa que faz o que quer,  ignora regras e só pensa em si?  Rebeldia significa confronto, falta de disciplina, desprezo à autoridade. Um rebelde é uma péssima influência para os seus filhos.  Mas agora querem perfumar a palavra.   Deseja elevar a imagem de um artista medíocre? Diga que ele é um "grande rebelde".  Pronto, o insignificante já vai ser visto com outros olhos.  

Esse "elogio" perde toda a graça e passa a ser o que é, um xingamento, quando é VOCÊ que tem que tolerar o rebelde. O sujeito que não segue as regras da sua casa nem do colégio nem de nada. É o sabichão cheio de razão que não respeita a hora de silêncio do condomínio, não respeita a sua vaga na garagem, não respeita as regras da biblioteca nem de uma viagem de avião.   O rebelde é sempre o "rei" do pedaço. 

Da mesma forma chamar alguém de "irreverente"  deixou de ser afronta e passou a ser elogio.  O irreverente na verdade é só um grande mal educado. É alguém que não respeita os sentimentos dos outros, não sabe silenciar diante de assuntos delicados, não respeita luto, não respeita solenidades.  Ser irreverente é não se importar em estar ferindo porque o conforto, a vontade e a diversão dele é só o que importa. Enquanto o rebelde confronta a lei, o irreverente agride de outra forma. Ele ataca não diretamente a norma, mas a sensibilidade dos outros. 

Inventaram que ser irreverente é "charme".  Só deixa de ser charme quanto a irreverência se volta contra você. Quando o sujeito faz piada com o que você considera sagrado ou com a sua doença, quando ele fala alto no velório, quando cochicha piadinha no enterro, quando você não consegue se concentrar em uma missa porque tem um mal educado conversando ou andando para lá e para cá, quando o mal educado vai ao casamento da sua filha de bermuda e chinelo, quando a beleza de uma cerimônia é avacalhada porque "o tal charmoso" era totalmente inconveniente em suas atitudes. 

Outra coisa: vejo muita gente que jura que "ama mesmo é os loucos" e que gente "certinha" é muito chata. Não acho. Pois eu admiro que quero ao meu lado as pessoas corretas, que tem palavra, que sabem se comunicar, que raciocinam com lucidez e que não dá gargalhada histérica em restaurante.    Quem "ama os loucos" deixa de amar rapidinho quando é ele que tem que aturar seus delírios e falta de bom senso.  "O cara era um barato, era muito louco", por isso destruiu o carro da empresa,  destratou o cliente, gastou todo o dinheiro em um projeto ridículo e agora quer que você o sustente. O "locão"  era top. Por isso levou  criança para um show de rock ao ar livre e choveu; deixou seu filho de 12 anos dirigir e deu merda; esqueceu um compromisso importante, deu o recado para a pessoa errada, destruiu seu apartamento dando festa, não tem responsabilidade. Sim, os loucos são adoráveis na casa e na vida dos outros. Quando a bagunça é na sua casa a coisa muda. 

Concorda? Pois é. Então não diga que adora doido.  O que você gosta é de gente divertida. Isso não tem nada a ver com ser maluco.   E outra:  lucidez nunca foi sinônimo de chatice.  Uma pessoa que não aparece em sua casa sem avisar antes, que não entra no seu quarto sem permissão  nem conta piadas picantes na hora errada, não é uma pessoa "certinha chata". É só uma pessoa educada. E ela pode ser uma pessoa muito interessante.  

Aprenda o significado das palavras!   

1- "Irreverente" não é sinônimo de descontraído. É só um sem noção que precisa se civilizar.

2-   Ser "doido" não significa ser alegre ou divertido;  

3-  Educado não é sinônimo de chato.

4-  "Rebelde" não é sinônimo de questionador. O rebelde não questiona "P.N." de forma sensata.   Ele só é um mala que traz transtornos porque se recusa a seguir regras.



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