Marcadores
Coisas de e-mail
(1)
Comentando notícias
(27)
Contos
(16)
Críticas
(6)
Crônicas
(60)
Curtinhas
(40)
Discuções manjadas
(14)
Famosos
(14)
Filmes - comentários
(7)
Generalidades
(148)
Implicando com Paulo Coelho
(4)
Memórias
(22)
Música
(7)
O QUE EU PENSO SOBRE:
(5)
Opinião
(106)
Pensamento do dia
(4)
Poemas
(52)
Polêmica
(42)
Reflexões
(230)
Textos poéticos
(66)
Vi por aí
(16)
Vídeos
(1)
.
17 de nov. de 2008
Ondas concêntricas
Acabei de ver um filme: "O Vidente". Bom.
O que gostei mesmo foi de uma frase especial que é dita tanto no inicio quanto no final da história. Algo assim:
"O lance do futuro é que toda vez que você olha pra ele, ele muda - porque você olhou para ele. Olhar altera tudo."
Instigante.
Por isso não podemos olhar o futuro. Talvez até pudéssemos, mas ele não se deixa observar longamente, só em relances, borrões indiscerníveis quando muito. Porque direcionar-lhe o olhar é o mesmo que matá-lo. Isso é a coisa mais lógica e redonda deste mundo.
Para não matar o futuro deveríamos olhá-lo do lado de fora, não do lado de dentro onde estamos, onde as coisas acontecem. Quem olha o futuro não pode estar dentro do tempo sob pena de dissolver o observado.
Não adianta: por mais imóveis que tentemos ficar, ao nosso redor formam-se ondas concêntricas totalmente fora do nosso controle. Como a pedra no lago.
Impossível jogar uma pedra no lago e observá-la afundar em um movimento solitário. Nunca um movimento é solitário. A água não fica imóvel, mas engole a pedra entre convulsões irreprimíveis. Círcuros ondulantes se formarão a partir dali denunciando a origem da irregularidade. Espalhar-se-ão, mudarão o posicionamento das folhas nas margens, o trajeto dos peixes, o reflexo da lua, tudo! Muda tudo.
... Círculos formando pequenas ondas que alterarão bilhões de pequenos fatos desnorteando-os... e o futuro esvaecerá irremediavelmente como se nunca tivesse existido.
Nossos olhos assassinos são o centro, o "buraco" na água onde cai a pedra da verdade. Assim como no lago, olhar o futuro é jogar uma pedra no lago do presente.
É meio triste saber que nosso olhar é cáustico, destrutivo, alterador, que ele faz com que o que será deixe de sê-lo antes de ter sido.
É a pior das mortes. Nós nos transformamos em lembrança mas ele - o futuro - quando morre vira apenas ilusão. Porque o futuro que não acontece é o que? É um delírio, uma idéia vaga, é quase nada.
Fora do tempo não há círculos. Quando você sair do tempo poderá olhar tranquilamente o futuro. Só que aí ele também deixará de ser futuro para ser, teimosamente, um eterno presente.
Cristina Faraon
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Adorei sua linha de raciocinio, faz a gente pensar... visite meu blog turismoempauta.com César Augusto.
Postar um comentário