Exercícios só emagrecem as pessoas que nunca fizeram nada, que são sedentárias crônicas, lesmas recém-convertidas à academia. Aí é rapidinho! Só que é tudo ilusão porque o paraíso só dura em um primeiro momento. Depois a pessoa estaciona. E depois do depois, vem o pior: se você não variar os exercícios e se a intensidade não aumentar, os quilinhos voltam. Devargarzinho, mas voltam.
Isso tudo funciona como com qualquer droga: cada vez precisamos de mais e mais para conseguirmos o mesmo efeito. Porque o nosso organismo é sacana: quando estamos queimando muita caloria ele "fica preocupado" e resolve estocar para não ficar sem combustível. Resultado: você se ferra, mais cedo ou mais tarde.
Quanto mais você malha, mais o seu organismo (filho da mãe!) tende a gastar menos calorias.
Se você malha com dedicação há mais de dez anos e tem um corpinho legal, prepare-se: tudo vai por água abaixo na primeira parada. Parou, engordou. E não adianta prometer a todos os santos que não vai parar porque isso não existe. Todo mundo pára; ou por motivo de viagem, ou por doença, porque quebrou o pé, por falta de tempo, porque foi sequestrado, abduzido por extraterrestres, porque teve hemorróida, apendicite, ficou gestante ou ... não interessa. O fato é que pára. O universo conspira para isso.
É o que eu sempre digo: exercícios só emagrecem quem está começando. Pra iludir. Conheço ex-sendentários que começaram agora: dão duas voltas em uma praça de cinquenta metros e juram de pé junto que andar emagrece. Ha ha ha!!!
Para efeito de estética, andar é o mesmo que NADA.
Pense num copo dágua. Se ele estiver cheio, qualquer sacodida ocasiona perda de água, mas se o copo estiver pela metade você terá que sacodi-lo mais para que a água derrame. Se temos só dois dedinhos de água no fundo, só mesmo um terremoto pra fazer o copo perder água. Seu corpo é assim. Se você é paradão e está transbordando de gordura, duas voltinhas na praça vão te fazer perder bastante gordura. Só que a alegria dura pouco.
Pode reparar: professores de educação física só são sarados quando estão em início de carreira. Depois o corpo acostuma e eles estacionam, depois engordam. Eles pulam o dia todo, dão 200 aulas, suam cataratas mas não são magros. Eles mesmos já me disseram: o corpo acostuma!
Então não adianta.
Repito: sinto-me enganada pela natureza. Malho a vida toda e agora é como cocaína: preciso de uma quantidade cada vez maior para conseguir o mesmo efeito. Só que isso é impossível, o próprio corpo não aguenta. Não posso malhar três horas por dia. Mesmo que eu tivesse tempo, as juntas, os nervos e os músculos não suportariam.
Lembro que comecei minha vida de corredora de rua porque a academia não me emagrecia mais. Quando comecei a correr, emagreci muito. Foram anos dourados. Depois estacionei. Depois comecei a ganhar peso devagarzinho. Aí me disseram para fazer musculação, porque quanto mais músculos nós temos, maior é o nosso gasto calórico (é como carro: quanto mais peso ele carrega, mais gasta combustível). Obedeci. A coisa melhorou. Não voltei ao antigo corpo mas pelo menos fiquei mais modelada. Mas bastou eu parar uns míseros meses que meu mundo caiu e nunca mais levantou.
Atualmente voltei para a academia. Estou malhando com dedicação mas só emagreço quando passo fome, essa é que é a verdade. Os exercícios só servem para duas coisas: para a saúde e para eu não sucumbir ao sentimento de culpa por não malhar. Hoje, por exemplo, fiz natação com garra. Devo ter queimado bastante calorias mas exatamente por isso eu passei o resto do dia com uma fome miserável que nada acalmava.
Malhar pesado dá fome, e muita! Vou logo avisando.
Só há duas formas de emagrecer: passando fome ou adquirindo a incrível capacidade de se satisfazer com dois centímetros quadrados de bife grelhado, uma colher de arroz integral e três folhas de alface. Tem gente que consegue.
Essa é realidade. O resto, minha gente, é pura enganação.
Um comentário:
amarga
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