Isso é uma constatação. Não estou defendendo o mundo.
O dinheiro embeleza, ensina a pessoa a falar, a gesticular, escolher perfumes, roupas, presentes, escolher palavras, escolher ângulos favoráveis, erguer a cabeça. O dinheiro te pega pela mão e melhora seus dentes, sua conversa, te leva às melhores escolas, aos melhores livros, às melhores sacadas. Acaba que você fica mais bonito, mesmo que não fique. Porque nós representamos o mundo no qual vivemos. Isso é uma droga, mas é assim. Você vem com moldura. Seu mundo é a sua moldura e se a moldura não é mais importante que o quadro (e não é!) ainda assim ninguém irá descrer da sua relevância. Já vi gravuras sem graça parecerem lindas dentro da moldura correta. E já vi pinturas excelentes serem ignoradas em meio a textos e propagandas em uma virada de página de revista.
De alguma forma injusta nós somos contagiados pelo que nos cerca. Se o que te cerca é algo que as pessoas apreciam, isso pega em você. Mas se, mesmo involuntariamente, você "representa" algo que as pessoas rejeitam, o mesmo acontecerá com você.
Jamais seremos vistos sozinhos. Só Deus nos vê isoladamente. Nossas músicas, perfumes, cores e cultura nos acompanham e realçam. Há um antídoto para isso? Sim, há! Não um, mas dois: a crueldade e o amor.
Um rico cruel sempre será feio. A moldura da maldade neutraliza tudo o que o dinheiro poderia fazer por ele. Por outro lado, uma pessoa boa, que ama, é gentil e caridosa, sempre será bonita pois a moldura do amor neutralizará tudo o que a aparência ou pobreza fizeram para conspirar contra ela.
Esses são os dois únicos casos em que alguém consegue escapar da "maldição da moldura."
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