“Por quê
você se importa? Cuide da sua vida. Você não tem nada a ver com isso!”
Dizer essas coisas a gente diz, mas é uma afirmativa meio boba. A gente se contradiz logo em seguida.
Se existe alguém se auto flagelando
na nossa frente, a gente se incomoda. Se há um quadro pendurado torto na parede
do vizinho, dá vontade de ir lá e consertar. A gente não vai, mas dá vontade.
Se há alguém brincando com meleca você
sente nojo e dá vontade de pedir pra parar. Se estão torturando insetos você não
gosta. Se comem de boca aberta, se um casal se beija sem parar no restaurante
ou se um casal se divorcia, todos lamentam e às vezes até sofrem.
Acho que isso não tem nada a ver com
"se meter na vida dos outros".
O que é, sem sombra de dúvidas, indiscutivelmente, “vida dos outros”? Tratar
mal os filho é “vida dos outros?” .
Eu acho é que tudo o que sentimos
tem uma razão de ser. Estamos todos interligados e tudo o que acontece a um pode
afetar o outro. Como? NÃO SEI. Parece que isso acontece de um modo bem misterioso.
Frequentemente é a longo prazo e de uma forma que nos escapa à percepção.
Ninguém sabe teorizar mas instintivamente a gente capta, mesmo querendo negar. Intui.
Isso faz parte dos milhões de mistérios da vida. Já li teorias interessantes a
respeito.
O que incomoda pode ter a ver comigo
sim, quer eu entenda quer não, quer eu admita quer não, quer seja politicamente
correto quer não. Se uma prática nos repugna, podemos até lutar contra o
sentimento, mas não podemos negar a existência de uma reação emocional - ou até
física - àquilo que repugnamos. E seria ela gratuita? Questão de opinião... Só
acho que a realidade é muito mais complexa do que desconfiamos. Nossos
instintos sabem mais do que nós. É bom prestar atenção.
Tá bom, você pode
dizer que esse ou aquele nojinho nos foram impostos culturalmente. Sim, mas
dizer isso é como concordar com o que eu falei. Se há uma cultura antiga, forte
e que se impõe de forma quase que generalizada, ela veio de algum lugar e por
algum motivo. Suas origens são antigas, distantes
demais. Não as conhecemos. Elas podem ter surgido de experiências
vividas, reais, mas que não foram registradas em papiros. Não surgiram do nada!
Possivelmente têm uma razão de ser que a gente nem desconfia.
É tolo pensar que no século XXI somos detentores do somatório de
todo o conhecimento gerado pela humanidade ao longo dos milênios. Não temos
isso! Muita coisa se perdeu! Diversas experiências
vividas pelos nossos antepassados subsistem agora apenas na forma da memória
genética que renegamos. Subsistem em forma de um “gostar” ou “desgostar”
desconcertantes, aparentemente
gratuitos. Não sei e jamais saberei quantas civilizações se lascaram justamente
por causa de coisas que afirmo não terem "nada
a ver".
A repugnância,
assim como o medo, são desconfortáveis, mas já salvaram a vida de milhões de
pessoas.
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