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26 de jun. de 2015

Bondade

Pelo que lembro, antigamente não existiam tantos vídeos empenhados em nos convencer das vantagens da prática do bem. Nunca vi, como agora, tanta campanha pela bondade. Sinal inequívoco de que nuca fomos tão maus.

Quando bate o desespero, seja em que área for, pipocam as campanhas. Campanhas são denúncias e termômetros. Pode reparar. Não seriam necessárias se tivéssemos um coração melhor.

Admito que nós acreditamos na beleza da bondade. É bonito e vale a pena para dar uma levantada na imagem pessoal. No mais, é só prejuízo. Não é assim que a sociedade encara?

Há algo sutil e persistente minando nossas mentes e  militando em sentido contrário ao das campanhas. Parece um complô.

A verdade é que, para nossa sociedade, o bem é visto como um sacrifício incompreensível, uma verdadeira loucura. O sujeito bom é quase um louco. O bem é algo maravilhoso no qual eu não quero meter a mão. Se eu conseguir convencer umas dez pessoas a serem boas, terei feito a minha parte sem precisar precisar abrir mão de nada.

No fundo no fundo estamos convencidos de que a maldade sim é que gera dividendos e vida boa, enquanto a bondade não passa de uma excentricidade estranha da qual, no entanto, o mundo depende. Algum ingênuo tem que ser convencido a prática-la hoje. Alguém tem que acreditar na cantada dos vídeos sensíveis do Youtube. Se conseguirmos essa proeza teremos salvado o planeta.

Se a bondade gozasse de bom conceito ela não precisaria de propaganda. Estamos de fato desesperados. 

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