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4 de out. de 2015
Draminha
De todos os dramas que maltratam os humanos, acho que um dos mais aflitivos é o de saber o que precisa ser mudado mas não conseguir fazê-lo.
Esse é o drama que nos acompanha sempre, nos momentos tristes e nos momentos felizes da vida. Porque até nos momentos felizes é possível melhorar alguma coisa. Sim, mesmo na alegria há providências de ordem prática para eternizar a felicidade ou pelo menos fazê-la durar mais um pouquinho. É como na questão do peso: não basta ter ficado magra. É necessário manter a magreza, afugentar a gordura! Isso é tarefa para sempre.
É fácil olhar para trás e entender certos erros. "Deixei de fazer porque não sabia que as coisas eram assim. Foi tolice, foi falta de informação, de maturidade!" Ok, eu te absolvo. Reze quinhentas ave-marias e siga em frente. Mas como entender e perdoar quando eu sabia, via, tinha conhecimento, queria fazer mas... simplesmente não fiz?
O que fazer contra essa força estranha que nos impede se sermos o que queremos ser? Temos mesmo tanto poder sobre nós mesmos ou isso não passa de ficção? É como se algo nos puxasse para baixo o tempo todo. Se sei que minhas palavras ríspidas azedam meu relacionamento e se prezo esse relacionamento, por que simplesmente não agir de outro modo? O que me impede?
Sou duas? Existe outra de mim conspirando contra mim dentro de mim?
Penso que esse drama não é apenas particular. Ele é como um vapor maldito que sobe do chão e azeda o planeta inteiro. Conhecemos a solução para muitos males sociais mas simplesmente nos mantemos inertes. Todos sabemos como viver em paz, como preservar o planeta, como manter a saúde, como nos alimentarmos, como tratar as pessoas. No entanto esse saber de nada nos aproveita, só nos condena. Dia após dia nos tornamos mais e mais imperdoáveis. Se existe um castigo para isso, estamos fritos.
Eu sei exatamente o que deveria fazer para me tornar uma Cristina melhor. Mas não faço. Não sei se algo conspira contra mim ou se me falta disposição. Também não sei se a falta de disposição é justamente a prova de que não quero melhorar coisa nenhuma e só estou me iludindo. Seria a falta de disposição uma prova da minha real falta de vontade? Ou se é perfeitamente possível que a vontade conviva com a falta de disposição? Ora, nós os humanos somos
contraditórios por natureza, então não seria absurdo admitir essa última hipótese.
Nada sei... motivo pelo qual acabo de decidir que a melhor coisa a fazer é ir lá na cozinha tomar um cafezinho. Com açúcar (mesmo que eu esteja querendo emagrecer).
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