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Esses
dias dei de cara com uma verdade obvia, como obvias são todas as verdades, só
que a gente não enxerga. A verdade não se esconde de nós. Nós é que andamos
distraídos demais vendo as vitrines e passamos por ela sem perceber.
Me toquei, assim de repente, de que
nada é mais libertador do que o cristianismo verdadeiro. Libertador mesmo, no
sentido social inclusive. Uma sociedade que abrace, leve a sério e
cultive princípios cristãos é uma sociedade de homens livres que jamais serão
escravizados.
Nenhuma pessoa tem o poder de
escravizar alguém que seja realmente livre por dentro. Uma nação de
homens espiritualmente livres é uma nação "inescravizável".
Ninguém é
livre se estiver preso a paixões, bens, posições. Não tem como!
Jesus não ensinou esses princípios
para que fossemos "bonzinhos e religiosos", mas para que fossemos
LIVRES. Não apenas no “sentido espiritual” mas no sentido social, político. No
sentido total. Ele estava dando aos judeus o mapa da mina, mas eles não
entenderam. Nem nós tampouco.
Por que não derrubamos ditadores?
Por que não erradicamos opressores? Por que não tiramos o poder das mãos de
quem tem poder? Por que não lutamos? Por que baixamos a cabeça? Por que
deixamos que pessoas sejam exploradas? Só por um motivo: porque estamos presos
às migalhas que temos. E por que estamos presos a essas migalhas? Porque não
sacamos o que Cristo ensinou. Não entendemos, por isso não levamos a
sério.
Jesus nos ensinou o DESPRENDIMENTO,
o ALTRUÍSMO. "Ninguém tem maior amor
do que esse: de dar a vida pelos seus amigos." E eu diria que
ninguém tem mais poder do que esse sujeito que está disposto a dar a vida pelos
seus amigos (seu país). Quem dá a vida é porque não tem medo de perder
mais nada. E quem não tem medo de perder é impossível de ser ameaçado. E sem
ameaça não há domínio. Domínio pressupõe
ameaça.
Jesus ensinou que vale a pena dar a vida pelos outros. Quantos acreditam nisso,
realmente? Pois é. Ele ensinou que
isso é poder. O poder de um povo reside no fenômeno do desprendimento, da
generosidade. A grade mentira é ensinar que isso seria um sinal de fraqueza.
Não é! Aí está exatamente a força de um
povo. É a nossa escravidão interior que possibilita que outros nos escravizem.
É o nosso apego às coisas materiais que dá força aos nossos opressores. Quanto
mais você tem, menos livre você é. Talvez por isso que o apóstolo Paulo falou
(primeira carta aos coríntios, capítulo 7) que "... desejo vos fazer
entender é que o tempo se abrevia sobremaneira. De agora em diante, aqueles que
têm esposa, vivam como se não tivessem, aqueles que estão tristes, como se
não chorassem; os que estão alegres, como se não houvessem alcançado a
felicidade; os que podem comprar o que desejam, como se nada possuíssem; os
que se beneficiam dos produtos do mundo, como se não tivessem acesso a
nada..." Assim como Jesus ele não
pregou a abstinência, mas a liberdade.
“Usem
tudo o que for bom, mas como se nada possuíssem. Porque quem não possui, não
tem medo de perder e quem não tem medo de perder não tem medo de NADA. E quem
não tem medo de nada jamais usará coleira.”
Estamos todos de coleira nesse
Brasil. Tudo porque não entendemos ainda o poder libertador do Evangelho.
Onde está esse povo generoso ,
desprendido, sem medo de perder? Não o temos. Não o somos. Se fôssemos
assim o governo perderia todo o poder que tem. Quem lhes dá poder somos nós, com nossos
vícios e ganâncias. O governo poderia
ser desafiado, totalmente despojado. Bastaria que as pessoas não tivessem medo
de perder o emprego, de perder a vida, de perder a posição social ou a liberdade
em prol de um ideal maior. Mas o que vemos? Vemos todos tentando se
preservar.
Jesus disse que quem quisesse
salvar sua vida acabaria por perde-la mas
quem se dispusesse a perder a sua vida, de fato a salvaria. Nunca isso fez tanto sentido em minha cabeça
quanto agora. Isso tudo é muito prático e real e lógico. Por que não
entendemos? No Brasil estamos todos nos
perdendo justamente porque estamos todos tentando salvar tudo. Sempre existe
alguém traindo um movimento para auferir vantagens junto ao opressor, já notou?
O Evangelho é libertador porque só
a generosidade é capaz de libertar. O libertador às vezes morre. O libertador
se machuca. O libertador pode perder tudo. Mas o libertador, por fim, liberta!
Nós não temos libertadores porque todos estamos apegados demais ao que temos.
A simples desobediência civil seria
suficiente para desmontar todo o governo. Mas esse movimento não acontece
simplesmente porque ninguém quer se prejudicar. Todos queremos salvar a própria
pele, por isso perdemos até a pele. Ninguém quer ser o primeiro, ninguém
quer ser o mártir, ninguém quer "pagar o pato" . Mas o cristianismo
nos ensina justamente a pagarmos o pato. Um povo de pagadores de pato é
um povo livre.
Não, não estou conseguindo
expressar a profundidade e a grandeza do que estou percebendo. É IMPOSSÍVEL
ESCRAVIZAR E EXPLORAR UMA NAÇÃO COMPOSTA DE PESSOAS GENEROSAS, ALTRUÍSTAS E
HONESTAS. Os políticos só fazem conosco o que fazem porque todos amamos o
dinheiro.
Quem estiver disposto a perder tudo,
descobriu a árvore da vida.
Somos
todos escravos hoje. Somos todos sugados. Não precisava ser assim. Eles não
teriam tanto poder se nós mesmos não déssemos isso a eles. E o poder deles
reside exatamente no nosso egoísmo. Não precisamos nem assassinar o presidente
ou explodir bombas em palácios. Basta que não nos movamos quando não quisermos
nos mover. Basta que desobedeçamos, que os ignoremos, que nos insurjamos
pacificamente. É impossível colocar coleira em um povo assim.
Basta que não tenhamos medo da
morte.
Basta que não tenhamos medo de
perder tudo por amor à nossa causa e por amor ao nosso próximo.
Basta que abramos mão.
Basta que não baixemos a cabeça.
Basta que levemos o cristianismo a
sério. Nenhuma doutrina tem o mesmo poder
libertador.
Quanto mais egoístas, mais
propensos à escravidão.
Quanto mais "espertos",
mais talhados para usar coleira.
Quanto mais generosos, mais livres.
Isso não é pieguice; é ESTRATÉGIA!
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