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18 de mai. de 2017

Esquecimentos

Daqui para a frente quem eu passaria a ser se esquecesse quem fui? Eu me comportaria da mesma maneira? Sorriria do mesmo jeito?  Como trataria as pessoas? Se tudo o que fazemos é motivado pelo nosso passado, quem seria eu sem passado?  Qual é a minha matéria prima a partir da qual a vida me esculpiu?

As únicas pessoas que não tem passado são as crianças. Eu voltaria a ser criança? Voltaria a acreditar e a perdoar facilmente? Dormiria sem preocupações ou sobressaltos? Seria uma pessoa boa e confiante? Seria feliz? Uma pessoa sem passado é uma criança e o fato de desconhecer, pelo esquecimento, todos os sofrimentos e perigos do mundo, me jogaria imediatamente no colo de todos os perigos e sofrimentos do mundo.

O esquecimento só seria bom em um mundo bom. Aqui, precisamente onde estamos, o esquecimento seria uma breve felicidade e imensa vulnerabilidade.

Na vida já tive medo de não conseguir esquecer e já tive medo de esquecer, perdendo assim meus pequenos tesouros do passado.

Ainda que as lembranças boas venham acompanhadas de lembranças ruins, como um colar de contas variadas, ainda assim eu o quero todo. Meu passado sou eu e tudo o que fui é o que me explica hoje e eu preciso dessa lógica. Além do mais, se um dia a felicidade se for, precisarei ainda mais me compensar com a felicidade passada. Não posso perder nada. Não posso esquecer.

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