Não sei de onde vem essas exigências fantasmas que encardem o nosso ócio.
Estive viajando esses dias. Sabe essas viagens em grupo onde a gente conhece um monte de lugares legais mas não para um só minuto e chega exaurida ao hotel? Pois é. Em alguns momentos eu dizia a mim mesma que tudo o que eu queria fazer quando voltasse pra casa era não fazer nada, não ir a lugar algum por uns dias. E hoje foi meu grande momento de cumprir essa agenda oca, já que nos dias anteriores ainda tive que desfazer malas, lavar roupas, pintar cabelo, ajeitar unhas.
O sol brilhando lá fora e a exigência interna de aproveitar o sol. Respondi a mim mesma que já aproveitei todo o sol do mundo nessa viagem de verão e agora chega. Não adiantou porque sábado é sábado e a obrigação de qualquer ser humano grato à vida é aproveitar o sol uma vez que ele esteja instalado no céu - e estava. Quase senti vergonha de mim. E quase senti medo de quem alguém me telefonasse pra perguntar o que eu estava fazendo e eu me visse obrigada a responder que não estava fazendo nada num sábado desse.
Não fazer nada num sábado de sol é um ato de ingratidão. Uma grande desfeita ao dono do sol e dono do sábado.

O que é a vida? Uma corrida atrás de uma felicidade que nem sabemos qual cara tem? Correríamos atrás da plenitude se ninguém nos tivesse dito que era isso que deveríamos fazer? O que é a vida? é um amontoado de informações que não nos favorecem em nada?
E aquele cachorro da esquina, também sofre disso? Ele tem as suas próprias exigências-fantasma-caninas? Se tem, coitado. Não pode nem desabafar num blog.
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