Não dá pra explicar mais do que isso, mas mas existe uma outra cilada: chato de envelhecer é não poder usar cabelo azul nem meias listradas.
E as tatuagens? Para mim, são uma celebração da beleza e da juventude e elas só ficam bonitas em peles duras, lisas e frescas - coisas incompatíveis com a velhice. Cá pra nós, nada mais deprimente do que uma tatuagem molenga, toda bamba no meio das pelancas. Confesso que num belo dia de verão eu não segurei a onda e tatuei o tornozelo apesar de não ter mais quinze anos mas mesmo assim saibam: não mudei de idéia. Sou um mau exemplo.
Também sou um mau exemplo no quesito "satisfação pessoal" . Porque me tatuei mas continuei querendo o que não devo, ou seja:
Usar meias listradas
Pintar os cabelos de azul ou cor-de-rosa (acho lindo!)
Colocar piercing na sobrancelha, pra começar
Usar botas militares com saia de tule
Jaqueta com mil bottons
Unhas combinando com o cabelo
Bijuterias estranhas
Mochila neon.
Lentes de contato imitando gato.
Há uma idade na qual temos permissão para mirarmos na rebeldia, passar de fininho no ridículo mas acertar na maluquice encantadora. Na minha idade a gente mira na loucurinha encantadora mas acerta em cheio no ridiculo. Passa só de raspão na originalidade jovial.
Mas tudo bem, existem mil compensações (Deus é Pai!). Você me perguntaria quais, mas eu não responderia porque você não acreditaria.

Não há esperança para mim. Mas tudo bem, ter uma aparência comum não é o fim do mundo. Tem suas compensações e você sabe disso.
Um comentário:
Se eu lesse esse texto sem assinatura, em algum lugar neutro, saberia que é da Cris! Quem mais se grila por ter meias listradas na cabeça, heim?!!
Ainda vou chegar aos 100 anos de idade para te ver com teus felizes 90 aninhos, curtindo tuas (moderadas) pelhancas, tua pele flácida (porém macia) e tuas ruguinhas (discretas), sem esquizofrênicas meias azuis na cabeça e roupas de coroa, tamanho 48! (isso não é uma maldição, apenas uma forte esperança)!!!
O bom de ficar velho, apesar dos descompassos, talvez seja, afinal, de poder entender, acolher e amar jovens e velhos, azuis, alranjados ou beges e achar em nossos beirantes descompassos um número cada vez maior de motivos para nos identificarmos com a humanidade: a que carregamos, a que passa cabisbaixo pelos nossos caminhos e a "iluminada por Deus" que sonhamos em ver se multiplicar.
Ass: uma amiga "cor de pele" como diria a Rita!
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