Essa madrugada tive um sonho esquisito. Posso classificar como "pesadelo". Foi rápido mas por algum motivo me sinto impelida a registrar a experiência. Alguns detalhes acabei esquecendo mas ... vamos lá.
No sonho, devido aos problemas da vida, eu estava decidida a buscar mais as Deus me dedicando mais à oração. Então, no sonho, eu saía a procura de um lugar propício, onde eu poderia me ajoelhar e orar pelo tempo que minha alma desejasse. Meu marido estava comigo. Ele me seguia, vinha sempre atrás de mim embora eu não o visse.
Eu me vi em um local que parecia ser uma espécie de "condomínio de capelas". Não havia casas, só capelas para oração, de diversas denominações cristãs. O condomínio era um lugar calmo e limpo, um lugar agradável. Passei por várias "igrejinhas" dando uma olhadela em cada uma, escolhendo onde eu iria ficar. Todas eram pequenas, limpas, agradáveis e simples. Quando eu abria cada porta sempre havia algumas poucas pessoas reunidas orando em silêncio. Depois de olhar algumas opções finalmente escolhi uma - que na verdade era bem semelhante às demais. Só escolhi porque achei que no final das contas era tudo mesmo muito parecido, não haveria uma melhor do que a outra, além do mais eu já estava cansada de procurar e queria começar logo a orar.
Só quando entrei é que percebi que a capela que escolhi era católica. Não havia santos nem nada que indicasse isso, mas eu simplesmente sabia.
Por fora a capela escolhida não se destacava de nenhuma outra. Era toda dentro do mesmo estilo: Bem pintada de bege, simples , de aspecto bem cuidado, silenciosa e convidativa. Mas por dentro era completamente diferente, o que me deixou surpresa e decepcionada.
Por dentro era tudo muito velho. As paredes pareciam não terem sido pintadas há séculos. Não era possível sequer definir a cor das paredes, do piso e dos bancos. Tudo parecia meio cinza, empoeirado, muito gasto e soturno. O lado de dentro não se parecia em nada com o lado de fora. Por fora era uma construção de poucos anos mas por dentro parecia um compartimento esquecido e recém descoberto de alguma construção medieval. Os pouco de bancos que havia eram antiquíssimos, de tábua corrida e sem encosto. Gastos, desconfortáveis, mofentos, empoeirados, como se há séculos ninguém tivesse feito uso deles. Não era possível ter certeza se eles eram mesmo de madeira ou de pedra. O ambiente não era nada aconchegante, mas até mesmo um tanto hostil, como se tudo dissesse "fique se quiser, mas ninguém te chamou."
Percebi que havia no local algumas poucas pessoas. Umas cinco ou seis, talvez. Nenhuma delas estava ajoelhada. Nenhuma estava nos bancos da frente. Estavam todas sentadas mais atrás, próximas às paredes laterais. Todas de olhos fechados. Pareciam estar ali há muito, muito tempo. Suas roupas eram velhas como tudo ali. Pareciam camponeses antigos e cansados. Todas dormiam. Pareciam defuntos, sentados e imóveis, indiferentes a tudo, de olhos fechados. Eu sabia que aquelas pessoas não estavam mortas, estavam dormindo, mas o aspecto era mesmo de defuntos. Sabia que elas não me ofereciam perigo algum. Nem perigo nem companhia. Algumas tinham a cabeça pendendo para o lado como passageiros de ônibus sonolentos, cansados, voltando do trabalho. Eu não tinha intenção de incomoda-las, sabia que elas não me incomodariam de forma alguma e que eu poderia permanecer ali pelo tempo que quisesse.
Imagino que arqueólogos, ao entrarem pela primeira vez em uma tumba egípcia, sentiram o mesmo que eu senti ao entrar naquele lugar sombrio.
Decidi ser prática. Deixei para lá o nojo, as más impressões e toda a contrariedade por ter caído no pior lugar mesmo depois de ter feito tanta seleção. Escolhi um lugar para ficar e ajoelhei para começar a orar. Foi quando comecei a sentir uma sensação muito ruim. O ambiente foi ficando mais pesado e eu sendo tomada por um medo crescente.
Senti que havia ali uma "entidade", um espírito ruim no canto da parede, bem perto de mim. Eu não via, mas sentia claramente sua presença. Fui me enchendo de pavor. Então não aguentei ficar ali e levantei para ir embora, Enquanto me virava para sair eu chamava baixinho pela minha mãe. Comecei baixinho mas fui aumentando o tom de voz a medida que o medo aumentava: "Mãe! Mãe! Mããããe!" Eu já estava completamente apavorada mas não conseguia sair rapidamente dali. Nenhuma das pessoas se importou comigo. Nenhuma acordou, nenhuma me olhou.
Enquanto eu chamava desesperada pela minha mãe, acordei. Meu marido me sacodiu, pois eu estava gemendo na cama. Graças a Deus ele me acordou.
Credo.