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8 de nov. de 2024

O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas

Hoje resolvi rever um filme antigo que, no passado, realmente tocou meu coração. 

Às vezes um bom filme do passado precisa ser deixado mesmo lá longe, como uma boa memória.  Revisitá-lo pode trazer grande desapontamento, afinal a gente muda. 

Dessa vez resolvi rever O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas. Ou St. Elmo's Fire, no título original.  Na época gostei demais desse filme e jamais o esqueci.  Foi uma delícia poder revê-lo e voltar a me emocionar como antes.

Meio complicado falar sobre esse filme porque a sensação inicial, logo nas primeiras cenas, é de que se trata de mais um "Seção da Tarde".   No começo vemos jovens colegas, alegres e festeiros, namorando, rindo, indo a festas etc.   Mas não, não  se trata de um filme raso.  Pelo menos não pra mim.

O título poderia ser "Friends" pois sobre um grupo de amigos. Todos estudaram juntos e  aos poucos se vêem tendo que tomar decisões e finalmente enfrentar a vida adulta. Nesse contexto cada personagem tem um desafio a vencer, uma infantilidade ou uma paixão a ser superada.  Não é mais possível empurrar tudo com a barriga e resolver os dramas com uma festa ou uma noite de sexo.  Eles são  confrontados pela vida, que exige decisões, e se vêem obrigados a crescer e deixar de bobagens.  A maneira como isso acontece para cada um é dolorosa e comovente. Esse é o cerne da história. 

Coisas, atitudes velhas precisam ser deixadas para trás.  Uma paixão alimentada por muito tempo pode ser paralisante e roubar tempo de vida. Um choque de realidade, talvez até um simples beijo pode realinhar tudo e libertar a pessoa, permitindo que ela siga em frente. 

É isso: a chegada da vida adulta.  Nada é mais doloroso e libertador do que  o processo de acordar.

Achei tocante observar a vida de cada personagem tomar forma, se definir.  Cada um vai acordando e criando coragem de tomar as decisões necessárias que vão dar forma ao "resto de suas vidas".

É gostoso a gente se flagrar "perdoando" mesmo os personagens que fazem as maiores besteiras. A gente vai entendendo os seus furacões interiores e acaba achando que "é assim mesmo, faz parte do crescimento" e "nessa idade tudo tem perdão".   Interessante também é perceber que os personagens mais centrados e certinhos são tão complexos e atormentados quanto os malucos.  São iguais e isso nos faz refletir.    Todos estão na mesma fase e nenhum deles é uma fortaleza.

O amor que julgamos ser eterno pode ser passageiro e o amor que torcemos para ser passageiro pode ser eterno.

O filme consegue nos contagiar com a mesma saudade melancólica que observamos nos personagens, que se despedem de sonhos bobos, amores equivocados e da ilusão de que "nada precisa ser tão sério".  Alguns erros definem todo o nosso futuro, sim.

Na última cena a gente se sente como um deles. Dá uma dorzinha de despedida.  Aquela emoçãozinha gostosa.   É quando percebemos que assim como os personagens crescem, aceitam as mudanças da vida e seguem em frente nós também precisamos crescer,  desligar a televisão e encarar a vida real.   De alguma forma nos sentimos como eles.

Tenho então a dizer que "re-gostei" muito do filme. Para mim não perdeu o encanto mesmo depois de uns 30 anos.

 


Vale uma menção especial para a beleza incrível de Rob Lowe, no auge da juventude, e de  Andrew McCarty,  com sua carinha apaixonada e olhões azuis lindos e  impressionantes. 

Quer ver o trailer? Tá aqui:   St. Elmo's Fire (1985) Trailer #1 | Movieclips Classic Trailers



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