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25 de fev. de 2010

Olhadinha empobrecedora

Um dos grandes males das pessoas é viver dando olhadinhas por aí. Olhadinhas são nocivas porque empobrecem a alma, diminuem a beleza da vida, compromete nossa disponibilidade para o belo.
Eu estou aprendendo a cada dia que isso é um ato burro. Por exemplo: assisti esses dias ao filme a respeito da vida da Edith Piaf.

Sempre achei essa cantora uma chata. Não gostava da voz, que me parecia estridente demais e também detestava a maneira dela pronunciar os "erres", afetadamente.  Depois de ver o filme e ouvir as interpretações dentro dos contextos, terminei por achá-la maravilhosa.

Não é a primeira vez que me engano com minhas "olhadinhas" sobre o mundo. Há tesouros imensos de beleza por aí mas não enxergamos porque não nos dispomos a olhar mais profundamente, com tempo, sem preconceito e com o coração. Tinha que vir um cineasta - Deus o abençoe - para me mostrar o que eu estava perdendo.

Foi assim também com o grande Mozart. Para mim ele não passava de mais um compositor erudito (digamos assim). Um em meio a tantos. Já tinha ouvido uma ou duas peças dele. Até o dia em que assisti o magnífico filme Amadeus. Daquele dia em diante busquei avidamente por suas composições e, encontrando-as, fiquei cada vez mais maravilhada. Ao ser devidamente apresentada à sua obra  fui acometida de uma imensa fome de beleza que só me enriqueceu a vida.

Por que nos fechamos para o mundo e perdemos tanta coisa bonita?   Estamos cercados de beleza por todos os lados mas somos condenados à mediocridade  por causa das nossas olhadinhas preguiçosas.

Tenho uma lista de ex-bestalhões para os quais eu apenas olhava rapidamente. A bestalhona - descobri depois - era eu.

Preste muita atenção àquilo que chamam de arte mas você chama de chato. Disponha-se, abra o coração. Você pode descobrir que estava perdendo verdadeiros manjares enquanto se contentava com palha seca.

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