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22 de mai. de 2008

Valeu, Jessé!

Amigo, você cantava pra caramba. Te dei o maior holofote aqui no meu blog porque você realmente merece. Obrigada pela participação. Que tal agora você dar uma descansada na voz, fazer uns gargarejos... Sei lá, tirar mais umas férias - ou melhor: continuar suas férias!

Ratifico tudo o que escrevi sobre você esses dias mas admito que eu estava um tanto sorumbático-emotiva. Não que você assim o seja, mas a vida assim o é. Tipo assim, entende?

No seu tempo aqui na Terra ainda não haviam inventado o "tipo assim" nem o "ninguém merece", mas acho que deu pra entender.

Não renego meus momentos dolorosos-poéticos. Eles são válidos e cálidos, só que nem só de lágrimas vive a Cristina.

Em assim sendo...

Entre as inúmeras atividades interessantes propostas pela vida, hoje dediquei-me a navegar pelo Youtube. Claro que fiz isso pensando em você - também.

Assista o vídeo do Repórter Inexperiente e comprove: cara, esse cara é o cara!

Já choramos juntos, agora que tal rirmos?


Cristina Faraon

13 de mai. de 2008

Porto solidão

"Se um veleiro repousasse

Na palma da minha mão

Sopraria com sentimento

E deixaria seguir sempre
Rumo ao meu coração

Meu coração, há calma de um mar

Que guarda tamanhos segredos
De versos naufragados e sem tempo

Rimas de ventos e velas

Vida que vem e que vai
A solidão que fica e entra
Me arremessando contra o cais"

Jessé

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Entregar-se à beleza é quase que sinônimo de entregar-se a dor. Semelhantemente é assim com entregar-se ao prazer.

Há um pacto sinistro entre a Beleza e a Dor e um quê de fatal nessa cópula. Talvez um ritual estranho e inevitável: é assim porque assim é.

Não se trata exatamente de uma paixão maldita, mas essencial. . Esse coito doloroso é o sentido da vida , é entrar pelo portal e chegar à animalidade dos anjos.

Prazer querido e negado, buscado e doloroso, assustador e inexorável, primitivo e sofisticado. Aura sagrada, terreno não sujeito a análise.

Entre a Beleza e a Dor há uma aliança de sangue fatal e visceral. Toda a violência essencial que nos gerou e que nos impele reside aí nessa caverna. é a maternidade dos poetas e dos anjos.

Beleza e Dor ou Prazer e Dor...

Prazer é a beleza em sua forma palpável. Prazer é quando conseguimos pegar a Beleza sujeitá-la, traze-la entre os dentes para que se debata até a morte... e mansa ressurreição.

Vinícius de Moraes, tradutor e porta voz da Paixão, revelou-nos que todo amor só é grande se for triste assim como todo poeta só é grande se sofrer.

Porto Solidão é mais que uma música: é um desses momentos nos quais a Beleza, como uma deusa irresistível, traz nas maos a lâmina da dor e o ritual segue implacável. Que estranha subversão da lei da procura do prazer!

Porto Solidão evoca coisas antigas e sagradas em mim e de mim, coisas que não sou capaz de entender - menos ainda de explicar.

Gosto do que nao se explica. O inexplicável traz a essência da verdade. Em nós, é o que temos de mais autêntico.

Entre as névoas do nosso ser, Beleza e a Dor se debatem em gozos.

Cristina Faraon

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