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27 de jul. de 2013

Manual para dividir o mesmo teto (e as tarefas domésticas)

Confesso que gosto de, vez por outra, ler a revista Marie Clair. Dia desses deparei-me com um artigo demonstrando a angústia das mulheres ao descobrirem o quanto é difícil dividir o "apê".
A coluna foi escrita por um homem. Vamos ver o que ele pensa a respeito: 

"Dia desses uma leitora escreveu. Disse que estava cansada. Cansada de escalar as montanhas de meias sujas. Cansada de equilibrar o Everest de louças na pia. Cansada de tropeçar nas bolotas de poeira. Cansada do que é a vida de uma mulher que mora com um homem. E ela queria saber.
Saber o que fazer para ele aprender a linda dádiva de ser um homem alvejante, um rapaz aspirador, um garotão Bombril. O que fazer? ...   Morar junto é convidar um desastre para a janta. Tem tudo pra dar errado. E é aí que está toda a graça. Eu disse logo no início que gostaria de fazer uma conta. Ei-la: consultados os matemáticos e as calculadoras solares mais precisas, chego à conclusão de que a probabilidade de uma rotina amorosa dar certo é de uns 3%.  Moça e moço não foram feitos pra conviver.


Mas calma, Cocadinha! Guarde o tijolo na bolsa. A graça toda está nisso aí de que, com tudo pra dar errado, é a esperança de que dê certo que fará com que você e ele dêem uma chance ao amor. Digo isso porque, entendam: homens não são mulheres. Tirando as numerosas exceções de praxe, a verdade é que um macho tem uma tolerância às sujeirinhas da vida sensivelmente superior à das fêmeas.


Um homem solto na natureza, se estiver apenas sob os olhares de seus iguais, trocará menos cuecas, tomará menos banhos, passará menos perfumes, atirará toalhas ao céu, andará o tempo todo de ceroulas e reaproveitará um garfo sujo de queijo se a comida que estiver à mesa for… queijo. É exagero! É exagero! Mas tem fundamento! Tem sim!


A DICA:


Ó. Um homem casado, em cativeiro, entende que precisa abrir mão de sua selvageria interior. Juro que a gente tenta. Ainda assim, dobrar a meia em três partes, combinar o jogo de fronhas com a tonalidade do lençol, respeitar que na gaveta de bermuda só durmam bermudas, isso tudo é difícil, é duro, meio sem sentido.


Você quer saber o que fazer para com que ele dome o Cascão que reside no âmago masculino? Reza e conversa. Não briga nem obriga. Ou ele vai empurrar a chateação pra debaixo do tapete (um tapete que já guarda outras mágoas, uns recibos de supermercado amassados e uns pacotes de bolacha usados).
Explica pro rapaz que toda sujeira tem um limite: que mosquitinho voando em casa não é bom sinal. Mas também faça um esforço contrário. Entenda que todo homem, no fundo (mas num fundo meio raso), acha que mulher exagera. Que não precisa de tanto. Que a casa ter um pozinho de leve, um armário um pouco fora de ordem ou uma toalha limpa guardada junto a um edredom não é assim um crime previsto no Pentateuco. Eu sou a favor da doçura. Da vida boa, da vida leve. Depende dele, mas depende também de você. Sossegar o espanador é uma arte de equilíbrio difícil, mas possível. É fazer sua vida a dois ser um gole de limonada, e não de Diabo Verde."

O que é que você acha disso?

23 de jul. de 2013

Pra quê serve um vândalo? *

Se até cocô serve como adubo, não deveríamos esperar que os vândalos, que tanto se aproximam dessa matéria fertilizadora, não servissem para nada:

1-  Eles servem para incomodar também o Governo. Eles, os neandertais da bandidagem, em sua forma primitiva de fazer o mal, sempre foram o nosso calo. Nosso, só nosso. A nobreza geralmente escapa porque vive segura, armada e não anda de ônibus. Antes só destruíam os nossos bens particulares. Se continuassem assim jamais preocupariam o poder. Agora preocupam porque passaram a destruir o patrimônio público e isso traz em si uma ameaça sutil: eles podem "se empolgar", já que não são detidos com rigor, e aí avançar até chegarem nos intocáveis.

2- Servem para mostrar o verdadeiro Brasil. É, o verdadeiro Brasil é bem menos bonito do que nas fotos. Aquela massa morena e simpática, amistosa e de bunda grande, não existe. O Brasil mudou de cara faz tempo, meu amigo. Nós hoje somos essa coisa feia aí, que você vê nos noticiários. O crime ganhou força, e ramificou. Estamos em metástase. Em outras palavras: uma multidão ordeira NÃO EXPRESSA o que somos hoje. Usando os termos da moda: uma multidão ordeira não nos representa. Passeata sem vândalos é o mesmo que capital brasileira sem morador de rua nem trombadinha: faz parte. É muito artificial recolher e amontoar os mendigos longe dos pontos turísticos, não é? Pois então isso se aplica também a esse caso. Não somos um país pacífico mas perigoso, ameaçador, cheio de gente ignorante e violenta. Você pode esconder um câncer por muito tempo mas não para sempre.

3- Eles servem para mostrar ao mundo o inferno onde vivemos. Esses caras que queimam carros e quebram vidraças estão nos atazanando há décadas. Não surgiram ontem, do nada. A única diferença é que agora estão atuando em horário nobre. Se não podemos ir ao trabalho em paz, ir à faculdade em paz, à praça, ao supermercado, à casa do vizinho em paz,  por que diabos você acha que iríamos conseguir fazer passeata em paz?

4- Servem para pararmos com nossas pieguices idiotas e passarmos a pensar seriamente em como vamos tratar esse tipo de gente. Porque se não fizermos nada eles vão se multiplicar mais rápido ainda.  Temos coragem de mudar? Ou vamos continuar apostando nas teoriazinhas psico-jurídicas que nos colocaram nesse caos?

Só os cidadãos de bem sabem o que é respeito. Bandido só conhece a linguagem do medo.

5- Servem para pararmos com a babaquice de querer entender completamente a mente dos criminosos. Temos que nos dedicar primeiramente em tentar entender as necessidades das pessoas de bem e nos empenharmos em atendê-las. Não adianta os babacas "empaletozados" fazerem seminários sobre violência se os bandidos não são razoáveis! O cara entrega a carteira mas o assaltante dá-lhe três tiros só pra não perder a viagem. E aí, vai tentar teorizar? Eles derrubam monumentos sem esperar lucrar nada com isso, só pela adrenalina. Queimam carros de quem não lhes fez mal algum!  Não tem lógica, são como animais irracionais! Desistam dessa arrogância intelectual e metam a mão na massa!.

6- Servem para nós mesmos, gentinha comum que não governa nem a própria vida, para acordarmos também e pararmos com essa palhaçada de acolher passivamente teorias disseminadas por alguns legisladores  que foram colocados lá pelo crime organizado, gente. Que tal deixarmos de ser burros?

Sim, eles são uma espécie de esterco. Enquanto não conseguimos nos livrar deles, vamos pelo menos considerar que alguma coisa aproveitável pode advir de tanta barbaridade.

Teoria em gestação. Aceito discordâncias.

19 de jul. de 2013

Mulheres desesperadas

Há coisas que me deixam constrangida no universo feminino. Como se não bastasse essa coisa patética de se reduzir a mico de circo em shows  eróticos para entreter homens, ainda temos que testemunhar outras formas de detonação da imagem feminina.

Um exemplo de conduta detonadora de imagem é aquele lance de confundir sensualidade com baixaria. É tentar ser sexy mas errar a conta e cair de quatro na vulgaridade.  Vocês nunca conheceram ninguém que vive mostrando a calcinha "sem querer"? Pois é. Outro exemplo são as mulheres que dão uma de "loja em liquidação" : em uma roda de amigos de vez em quando dão a entender que "são da onda", topam tudo, em todas as posições e sem compromisso.  Pô! Pode até ser verdade, mas precisa anunciar no megafone? Pode também ser só "brincadeirinha" mas os homens registram a como prova incontestável de desespero. Resultado: ou nem chegam perto ou chegam, trocam o óleo e depois caem fora rapidinho.

Detalhe: amigo, por mais amigo que seja, é homem em primeiro lugar. Ele não vai refrescar o julgamento só por causa dos laços de amizade.

Essas e outras atitudes detonam a imagem da mulher.  Não, caras companheiras! Um pouco de orgulho faz muito bem para a pele e para os cabelos. Nesse assunto orgulho funciona como o melhor cosmético do mundo.

Fico incomodada também com a moderna enxurrada de debates sobre a frustração das mulheres. Todo dia vemos artigos, filmes, entrevistas, músicas, tudo sobre isso. Veja como são deprimentes os temas que a mídia espalha:


"Seis dicas para deixar de ser caso e se tornar namorada"
"Como manter seu homem"
"Como agarrar seu homem na cama"
" Ser bonita é essencial?"
"Você está só: e agora?"
"Existe vida depois da separação?" 
"Por quê ele foi embora?"
"Dez atitudes que afugentam os homens."

Isso tudo é pra lá de patético. E os homens só assistindo de camarote e morrendo de rir...


Não estou aqui para engrossar o coro das chorosas nem para defender a macharada.  Não entrarei no mérito da coisa. Só quero frisar que nariz empinado é o melhor cosmético que uma mulher pode adquirir. Não é barato, mas vale a pena.

"Apenas Mais Uma De Amor

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Sub-entendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Eu Acho isso tão bonito
de ser abstrato,baby!
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho e o que eu perco
Ninguém precisa saber."


Lulu Santos está certissimo. Orgulho na medida certa é extremamente charmoso.  Não dá é para sermos humilde com uma platéia comprovadamente carniceira.

Todas já cometemos o desatino de acabar falado algo que ninguém precisava saber. Só que aos 25, 35, 40 anos e daí por diante esses erros deixam de ser básicos para se tornarem grosseiros. Salto alto e nariz empinado é a nossa verdadeira vocação. Queridas, nascemos para a glória!

Não digo que devemos morrer sufocadas com uma confissão entalada na garganta. Não. Mas as amigas intimas estão aí pra isso mesmo: para nos aturar porque um dia elas também vão precisar da gente.

Viver não é fácil. Se um dia eu me encontrar nessa situação de fundo do poço da carência, já tenho pronta a oração de emergência:  "Senhor, me ajude a aguentar o tranco sem perder a pose! Amém".

15 de jul. de 2013

O que é romantismo?

Mesmo quando penso que sei a hora certa, não sei a hora certa. Até porque a minha hora é só minha e ninguém jamais saberá com exatidão nada sobre ela.  Já estraguei momentos que seriam maravilhosos só porque não os reconheci como "momentos certos". Achei que não eram - mas eram, justamente por isso!  Aqui a gente faz, aqui a gente paga: também já sofri pra caramba porque detectei um momento imperdível que a outra pessoa não viu, não deu a mínima.

Existe uma hora certa para ser romântico? 

Quando me imagino suada na cozinha, temperando um frango enquanto uma panela flameja, tenho dificuldade em acreditar que aquele momento seja propício a cupidos e corações. Ser subitamente abraçada e chamada a interromper tudo... Acho que eu não iria conseguir corresponder a contento.

Gosto de imaginar cenas românticas quando acabei de tomar banho e me vejo em silêncio, divagando, ouvindo música ou em um cenário bonito. Quando o vento bate fresco, quando caminho pela praia, quando tudo em mim parece apto e receptivo. Mas...  tudo isso me leva a pensar que o romantismo está justamente na cena deslocada, no momento errado e inesperado. O romantismo não seria a propria inconveniência feliz? Não estaria no arroubo, na capacidade de estar pronto para os arrulhos quando tudo parece contrário?   É aí que o amor é mais amor ou  pensar assim é puro romantismo?  

O que é ser romântico? É quando o relógio do coração está em descompasso com o relógio do mundo? Então não sou romântica porque prefiro que o momento seja propício? Ou sou extremamente romântica justamente por acreditar que existe nessa vida um tal "momento propício"?  Existem momentos perfeitos?   Romantismo é crer no que não existe...  ou crer no que poucos enxergam?

O que é romantismo?

7 de jul. de 2013

O sonho da Cinderela

Essa gravura é a cara da minha infância. Eu olhava coisas assim e passava horas sonhando. Era o que se pode chamar de "tirar o pé do chão".  Eu imaginava o baile,  a valsa, a beleza da Cinderela, o sufoco pra voltar pra casa, o lindo vesdido de cauda (suspiro profundo...) o príncipe apaixonado, a cinturinha fina, as mãos delicadas (apesar do trabalho doméstico - como?!) o castelo belíssimo, os cabelos sedosos, olhos brilhantes, a noite de gala inesquecível, o salão enoooorme cheio de luzes, cristais, o deslumbramento e eu - quer dizer ela, a Cinderela, sendo o centro das atenções... Oh, oh e mais oh!

Como são as coisas... Vejam vocês como o tempo passa e como tudo muda. Acreditem os senhores que hoje deparei com essa imagem e a primeira coisa que me veio à mente foi "caramba, que praga de castelo é esse que tem que subir tanta escada?"  Um autêntico pensamento de velha.

Cruz-credo.

3 de jul. de 2013

Janelas

Não preciso estar melancólica para afirmar que há algo de terrivelmente triste nas luzinhas amarelas que recheiam as janelas. E você há de concordar comigo, mesmo se estiver feliz.

Quando o hálito das casas escapa num início de noite e o cheiro da sopa ganha as calçadas à altura do nosso nariz, parece que nesse momento muita gente fica órfã.

Luzes amarelas são alegres por dentro mas tristes por fora.

Não é lamentável quando você caminha rapidamente fingindo ter pressa só para pensarem que você tem um mundo cálido lhe esperando em casa?  Talvez seja uma sorte quando pensam que  você "é uma daquelas pessoas egoístas que não precisam de família" .  Melhor o equívoco do que a pena.

Para muitos não há jantar pronto em  casa, a torneira da cozinha pinga, a porta range, há uma infiltração.

São tristes as janelinhas amarelas quando, do lado de fora, nossas botas estão molhadas, os pés estão frios, falta um botão no sobretudo e alguma coisa dói não sei onde. Logo-logo o homem apressado deixará a avenida principal e baterá o olhar nas pedras frias daquela casa da esquina.

Olhando de dentro para fora, a frieza do mundo é decorativa. Como nos cartões de Natal. Por mais que os personagens estejam no frio, todos se dirigem a um pequeno paraíso morno. É assim. Quando temos nosso cantinho é como se todos os outros fossem como nós. Essa ventura imaginário nos embala e o mundo parece um lugar aconchegante e justo. É nessa hora que nos concentramos na nossa felicidade e esquecemos os outros.

Como são distraídas as pessoas felizes!

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