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31 de mar. de 2007




Olhe bem essa imagem. Tá com pressa?! Olhe mais um pouco! Isso.
Tá bom, tá bom, agora leia as minhas considerações.
Dá pra notar que isso aí trata-se de uma expresão artística muito antiga.
Para quem ainda não sacou, representa a ressurreição de Jesus Cristo (bãããã!)
Fico imaginando como que a galera daquele tempo imaginava Jesus, os anjos e santos em geral. Pergunto-me: por que desenhavam os personagens tão rígidos, tão sem flexibilidade? Que expressão indefinida em seus rostos! Que magreza! Que troço mal-assombrado!
Pareciam seres hipnotizados por alguma idéia fixa. Pareciam que estavam totalmente em outra, sem se tocar com nada o que acontecia ao seu redor. E sem um pingo de humanidade. Tudo bem que anjos não são humanos mesmo mas sempre os imagino menos esquisitos que isso aí. E essa pose de devoção, convenhamos!
Quanto a Jesus: tudo bem que Deus também não é um ser humano mas quando Ele encarnou tornou-se como um de nós então não deveria parecer assustador. Nós somos assustadores por acaso?
Não precisa responder.

29 de mar. de 2007

E PASSOU




Éramos quatro
Éramos festa
Éramos vivos
Sonhos de sesta
Era outra era
Era seguro
Era sem riscos
Era sem muro
Era sorvete
Meio sem gosto
Mas colorido
Pelo meu rosto
Se desmanchando
Com o sol posto
Na cantoria
Da Dona Sancha
Com os filhinhos
Da Dona Maria
Que em meio aos sons
Já se desmancha
Coberta de ouro
Coberta de prata
Os netos distintos
De Dona Mulata
O nosso tesouro:
Bichinhos na mata
Folhinhas redondas
Estranhas sementes
E mariolinha
Grudando no dente
Balanço de corda
E aquela marola
Finzinho da tarde
Cai frio, cai lua
E estrela cadente
Na nossa idade,
No peito, latente,
Ficou a saudade
Da doce idade
Do tempo da gente.

Cristina Faraon

28 de mar. de 2007

TEMPO DE NÓS DOIS *






Essa aí sou eu no exato momento em que estou sendo acometida de pensamentos relevantes. Das profundidades da minha mente criativa saiu o poema abaixo.

Obs.: Fique sabendo que ele está protegido pela Lei dos Direitos Autorais.



TEMPO DE NÓS DOIS

Hoje é o tempo de nós dois
A terra esteve gestante dessas flores
Por todos os longos anos
De nossa encubação
O universo desabrocha incontido
Em coloração maluca
Como jamais poderia se não fosse
O exato tempo de nós dois
É verdade absoluta
Que nunca fomos tão jovens
Nem tão encharcados de hormônios
Nem tão aptos a viver
Estamos ainda úmidos
Do longo parto que nos trouxe
Estamos recém saídos
E com frio um do outro
Deixaram-nos dormindo
Ao pé do mesmo riacho cantante
Da mesma sombra de seda
Onde nada sabíamos
Onde ficamos distraídos
Classificando novas cores
Até descobrirmos sem querer
Os olhos um do outro

Somos bolas de fogo
Cuspidas de explosão semelhante
E vagamos deslumbrados
Como estrelas novas
Nesse mesmo céu de primavera
É a verdade
Constante em todos os oráculos
É essa a estação propícia
Note a ausência de galhos secos
E de folhas amarelas
Tudo é verde-desaforado
Esse é o tempo de nós dois
E todos os mundos
Floriram ao mesmo tempo
Nesse exato momento
Em que acabamos de nascer.
Não vês?

Cristina Faraon


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