.

.

31 de ago. de 2008

Lago


Saí pra te procurar
E te encontrar
Mas por mais essa vez
Foi inútil.

Juntei cabeça e pernas imaginárias
E beiços e dentes,
Costas e cheiros,
Olhos diversos
Bondosos, perversos...
Mas tua imagem não me veio
Nada coerente se formou

És fugidio como um peixe raro
Como um fantasma recente

Tua imagem não esmaece
Pelo contrário:
Impõe sua existência
Mas treme nas águas...
Treme pouco abaixo
Da superfície do meu lago
E não te fito

Angústia
Minha alma não te olha nos olhos
Por que és assim?

Saí pra te procurar
Saí para interpretar
A imagem trêmula do meu lago morno
Cujo olhar me queima de longe

Tu ainda estás
Num canto obscuro da minha mente
Como um fantasma indeciso
Em tudo o que pulsa
E em todas as chagas
Estás

És tudo o que se anuncia sem se dar
És as horas que não passam
E a mão de névoa
Estendida e intocável.


Cristina Faraon

19 de ago. de 2008

A Morte e a Liberdade


Acho que esses são os temas mais instigantes da vida. O primeiro - a morte - porque vem infalivelmente a nosso encontro mas ninguém sabe como é a sua cara - pelo menos pra fugir quando ela chegar perto. Ela procura sempre pos nós, incansável e lenta. Implacável e silenciosa chega. E só.

O segundo tema é a liberdade. Bem ao contrário da morte, somos nós que a perseguimos e ela sempre a esquivar-se.

Se a liberdade fosse uma pessoa, provavelmente para ela a Morte seríamos nós. Desconfio de que por isso ela tanto nos evita. Ela nos teme. Parecemos tão hostis? Como pintaram nossa imagem? Com chifres e tridentes? Chifres talvez, mas tridentes já é apelação.

Brincadeiras àparte, dizem por aí que os humanos são perigosos, tem mania de colecionar coisas e tudo de belo aprisionam em um vidrinho com formol para exibir aos amigos. Por isso que a Liberdade morre de medo. E foge.

Como chegar nessa moça e explicar que é tudo invenção, crendice, mentira deslavada? Como provar por A + B que não há o que temer em nós e que poderíamos nos dar muito bem? Não, ela não quer conversa. Lamentavelmente. Mas pensando bem como culpá-la? Você deixaria a Morte sentar na beira de sua cama a explicar suas boas intenções?

Talvez tudo o que dizem da Morte seja pura mentira. Há pessoas que na falta do que fazer denigrem a imagem dos outros. Talvez a Morte não nos mate, apenas seja mais bem sucedida na cantada. Somos ruins de papo - aí a Liberdade não tem motivos para se arriscar e acaba escapulindo. Não somos nada sedutores.

Ah mas quando a Morte chega é outra coisa. Ela vem cheia de charme com seu vestido lilaz esvoaçante, perfumada com os melhores odores da terra ... Quando ela vem silenciosa e risonha, calma e senta ao nosso lado para conversar e desfazer o mal entendido... É aí que acontece. Tão convincente e leve, tão irmã e saudosa de nós! Certamente por isso ninguém volte para contar. Claro! Por isso o mal entendido jamais seja desfeito. A pessoa, totalmente seduzida, não quer voltar nunca mais.

Mas por que com a Liberdade somos tão mal sucedidos? Ela nos foge. Pintam-nos tão feios assim? Por que ela não deixa que nos aproximemos com nossos trajes igualmente leves, nossos humanos perfumes e ânsias infantis? Porque ela não nos concede uns poucos minutos no banco da praça e deixa que lhe contemos nossas histórias e lhe ofereçamos uma cantiga de amizade? Talvez a convencêssemos e ela nos seguisse para sempre.

Cristina Faraon

16 de ago. de 2008

Duas luas em agosto

Marquem em suas agendas, deverá ser interessante: duas luas no dia 27 de agosto.
Todo o mundo está aguardando. O planeta Marte será o mais brilhante no início da noite.
Parecerá tão grande quanto a lua cheia. Este fenômeno acontecerá no dia 27 de agosto quando o planeta Marte ficar a 34.65 milhões de milhas da Terra. Olhe o céu no dia 27 de Agosto, às 0:30Pm (meia noite e trinta). Parecerá que a Terra tem 2 luas. A próxima vez que ele ficará tão perto da Terra será em 2287. Partilhe com os seus amigos pois NINGUÉM VIVO HOJE voltará a vê-lo.

Pensando bem, e daí?

9 de ago. de 2008

4 de ago. de 2008

Por que não escrevo um romance

Minha personagem é muito indecisa. Não consegue resolver nem qual será a primeira coisa que fará quando levantar da cama com a cara quadriculada. Ela quer viver, quer demais, mas por isso mesmo, entre tantas opções, deixa-se estar por mais tempo na cama e não levanta. E as horas passam e retorna a noite. Desse jeito ela não está merecendo habitar nenhum livro.


Hoje o dia amanheceu com cara de fim-do-mundo, com cara assim de que se uma posição não for tomada agora, talvez não haja outra chance. Pensando nisso e vendo o cinza fatal pela janela, animou-se um pouco mais. "E se hoje fosse o fim? Nâo, hoje não, mas semana que vem? O que valeria a pena fazer, mesmo por mais louco que fosse?"

Nada! é a resposta. Se vai acabar, nada mais importa. E pensando bem, se de qualquer forma, faça o que eu fizer o mundo vai continuar, importa menos ainda... (Continue lendo)


Páginas