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29 de ago. de 2022

ANITA E OS BISCOITINHOS


Minha tese sobre "O fenômeno Anita" tem que começar com uma frase bombástica, bem exagerada,  então lá vai:

Se a mídia resolver  lançar-me  investindo pesado na minha imagem com muitos milhões de reais  o tempo todo,  24 horas por dia,  por todos os meios de comunicação possíveis  como faz com ela, até  eu  viro "estrela". Qualquer um vira.

Todo santo dia a gente é obrigado a se deparar com foto de Anita,  escândalo de Anita,  namorado de Anita, bunda da Anita, show, vestido, cirurgia, viagem... ?  Ela não pode dar um peido que logo transformam em noticia como se todo mundo quisesse saber.  Não, não querem. Mas uma vez posto o assunto  fatalmente ele será comentado e vira dinheiro.  Então se houver um buraco,  de lá surgirá uma foto da Anita.  

Para criar no povo um "paladar artificial" vale tudo. Vale,  por exemplo, chamar entretenimento  vulgar de "cultura". 

Qual a finalidade disso tudo - já se perguntou?  Resposta:  moldar o gosto popular e tornar as pessoas capazes de consumir dejetos e acreditando que foi por escolha própria.

Veja bem: se eu quero ganhar dinheiro mas só sei fazer biscoito de terra, é melhor arranjar um jeito de fazer as pessoas quererem comer biscoito de terra.  Para isso há toda  uma ciência envolvida,  toda uma psicologia de mercado com poder de moldar opiniões.   

Mas por que é tão importante fazer o povo gostar de "lixo"?  Por que não investir em gente realmente talentosa?  Por que não lançar gente boa, talentosa, capazes de fazer arte?

Primeiro: QUALIDADE

Um artista de verdade,  talentoso, inteligente sensível não aparece quando a gente quer.  Não dá pra fabricar nem brota do chão. Estes existem sim,  mas são poucos. Não dão conta de produzir em escala industrial .   É necessário volume, muito volume pra fazer dinheiro.  Não é nada fácil encontrar gente acima da média.  O boi não é feito só de filé.  

Segundo: QUANTIDADE

A indústria da música precisa de muitos novos lançamentos o tempo todo pra poder movimentar tudo que a circunda: CD's, shows, programas de auditório,  sites de fofocas, novelas etc.  Se o gosto popular for muito exigente,  quem vai querer consumir as nulidades deles?  Investir em qualidade poder ser um tiro no pé pois o povo acaba se tornando exigente e eles não tem como satisfaze-lo.  É preciso oferecer o que se encontra em todo lugar.  As pessoas tem que ser levadas a aceitar consumir o que "eles" conseguem produzir.  O nome disso é ENGENHARIA SOCIAL. Já ouviu falar? Pois é. 

A indústria do entretenimento precisa de muita gente fabricando músicas com 4 notas  pra conseguirem movimentar o negócio.  Sofisticação dá trabalho, leva tempo.  Sai caro. 

Esse pessoal não brinca em serviço.  Usam artilharia pesada: rádio,  televisão,  outdoor, revista,  jornal,  Internet,  Facebook,  Instagram etc.  Tudo e todos, unidos, dia  noite , metralhando "biscoito de terra" na nossa cara até a gente abrir a boca e engolir.   Não tem pra onde correr: o povo acostuma e depois acaba achando que gosta.   Nada como um povo de paladar rude!

Conclusão: 

Essa visibilidade toda NÃO É RESULTADO DO "SUCESSO" DA ANITA.  É o contrário: é JUSTAMENTE A SUA CAUSA!

Se o povo tiver um gosto mais sofisticado essa indústria quebra. 



  

CONVERSANDO SOBRE ARTE *

Hoje em dia querem nos empurrar qualquer lixo sob o argumento de que "ninguém sabe dizer o que é arte.  Afinal o que é arte?"

Pois eu não acho tão difícil assim definir arte.  No fundo a alma da gente sabe muito bem o que é e o que não é arte.  Pode não ter 100% de consenso, mas sabe sim.   Só que desenvolvemos uma covardia,  um medo de dizer por causa da patrulha do politicamente correto.  É o  medo da  "patrulha da inclusão", que quer dar medalha de ouro pra todo mundo em nome da justiça. 

Pois é, quem finge que não sabe mesmo o que é uma obra de arte  é o movimento "politicamente correto",  que quer nos impor como arte qualquer garrancho, qualquer "música" de três notas e coisas que qualquer gorila treinado faz. 

Arte é aquilo que eleva o espírito pela beleza e perfeição. Ou pela genialidade.  Ou pela extrema dificuldade, pela raridade em conseguir.   É , por fim,  o que surpreende nossa emoção, nossa verdade interior.   

Arte é o que, por ser tão verdadeiro ou tão profundo ou bonito que consegue nos emocionar e despertar nosso EU espiritual e menos animalesco.  

Porque o sentimento de beleza  e encantamento está no nível da alma.  Nem toda obra consegue acessar. 

Arte além disso é algo que chama a atenção por ser tão genial ou gracioso que não é qualquer um que consegue fazer. 

Não.  Arte não é qualquer um que consegue fazer e  não é qualquer um que tem sensibilidade para sentir.  É  portanto algo raro por todos os  ângulos que se olhe.  

Arte requer muito estudo e dedicação. Ou um dom natural  surpreendente, raro, que poucas pessoas têm.  É algo de DIFÍCIL IMITAÇÃO e que por isso causa admiração. 

Certamente baixaria , arreganho e apologia à  promiscuidade não é arte. Isso sempre teve na zona. A novidade é que agora saiu do ambiente restrito da ZBM e está entrando nas nossas casas e indo para o meio da rua.  De qualquer forma é ENTRETENIMENTO. Um entretenimento  vulgar, rasteiro ,  mas distrai e diverte.  Afinal de contas todo mundo gosta de sexo. 

É mais fácil atingir as pessoas no seu eu animal do que no seu eu mais elevado.

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