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25 de fev. de 2008

BO-9547

Chuva séria é coisa forte. Ou melhor: chuva forte é coisa séria. E nem estou me referindo às inundações.

Voltemos nossas mentes especulativas para o imenso transtorno causado pela chuva na vida, por exemplo, dos passarinhos. Não me refiro às grandes aves cheias de moral que já estrelaram em documentários de TV a cabo. Estou falando desses passarinhos de bairro que a gente vê todo dia, marronzinhos, meio sem graça.

Esses dias estive pensando sobre isso e me senti profundamente tocada com a situação deles em dia de chuva. Claro que esse meu momento sensível passou rapidinho, mas ainda deu tempo de escrever esse texto.

Não me parece correto imaginar que esses bichinhos inofensivos sejam mais valentes do que nós, então afirmar que eles têm muito medo de chuva e trovoada é falar a verdade. Se você tiver em mente que ninho não tem teto, fica bem mais fácil aquilatar o sufoco deles quando pensam na possibilidade de seus filhotes serem arrebatados - e arrebentados - durante as intempéries.

“- Cadê aquele passarinho que estava aqui?
- Ensopou-se na chuva, depois veio um pé de vento e chutou o pobre pra longe e ele esborrachou-se naquela cerca. Não sabia voar. Olhe, ainda tem uns pedaços dele ali pendurados.”

Não te dói o coração?

Chuva... Chuva é mulher indócil e caprichosa. Ela não mede conseqüências nem se arrepende de seus arroubos. Tendo chance ela sacaneia mesmo e quem quiser que se arranje.

Pobres passarinhos... Além de tudo são solitários. São sim! Em minha acurada visão cada família forma um mundinho particular e eles se viram dentro desse nucleozinho emplumado e frágil. Não há vizinhos que os socorram e o gato da vizinha... melhor nem falar. Os filhotinhos... são tão pequenos, arrepiados e desconhecedores das realidades da vida! Todo o prazer de suas existências resume-se em comer minhocas. E ninguém garante que ao crescer outros gozos os aguardem. Sabe, não consigo imaginar um casal de passarinhos... Deixa pra lá.

Outra categoria que também sofre nas mãos caprichosas da natureza são os nossos amigos do andar de baixo. Não me refiro aos defuntos, mas às formigas.

Sempre cri que entre elas o deus-nos-acuda é sempre maior. Pense bem na aflição que é ter seu buraco cheio de água. Ainda não descobri se elas possuem algum sistema impermeabilizante lá por baixo - refiro-me às suas moradias, fique claro. Como será que conseguem continuar morando no mesmo lugar depois de um toró?

Com o passar do tempo e grande dose de empirismo fui compreendendo melhor as coisas. Não posso mesmo comparar as formigas aos pássaros. Não são lá muito parecidos e nem me refiro ao aspecto físico mas muito mais ao temperamento. Claro que já estudei isso! Você acha que eu colocaria em risco o meu nome ao discorrer sobre algo sem base científica? (Não responda).

Mesmo passando aparentemente por maior dificuldade, concluí que ainda assim as formigas são mais ágeis para contornar seus problemas com a chuva. Claro, pense bem: só pelo fato de serem menos neuróticas já levam vantagem. Todos nós sabemos que uma mente tranqüila encontra solução para tudo. Já os passarinhos, ai ai... São nervosos, assustados, qualquer coisinha vira um drama! Em dia de chuva é impossível dialogar com um deles. Nem tente. Por essas e por outras, desconfio de que todo passarinho tem gastrite - ao contrário das formigas. Formiga não tem gastrite - anote aí.

Elas são apressadas sim, mas não histéricas. Todas as suas atividades são sincronizadas e sem desespero. Também não fazem nada “nas coxas”, até porque não as têm. Admiro-as porque trazem sempre um plano B consigo e em qualquer calamidade as coisas já estão planejadas. Ou mais ou menos planejadas. Sendo assim, nunca saem por aí se lamentando ou puxando as anteninhas.

Já notou que dificilmente a gente pega uma formiga de calças curtas? Todas elas já sabem exatamente o que fazer se, por exemplo, a simpática BO-9547 demorar a voltar ou simplesmente sucumbir em sua missão qualquer. A substituta já estará a postos com a botina brilhando, peito tufado e pronta pra tudo. Nenhuma lágrima rolará de seus olhinhos miúdos.

Claro que elas não são insensíveis! Ficam tristinhas com a perda da companheira mas não tem esse lance de luto nem de remoer tudo de novo sete dias depois. E é como eu disse: há sempre uma substituta reluzente a postos. E isso é tão verdade que em alguns casos (digo-o a título de curiosidade) a viuvez não chega a ser percebida pelo cônjuge sobrevivente. E quando é percebida... entenda: todo mundo por lá tem mais ou menos a mesma cara, então a saudade fica meio sem ambiente e acaba desistindo de encher o saco.

Os passarinhos não: são sensíveis demais, afobados, barulhentos! Quando o companheiro morre o outro não quer mais comer, revira os olhos, arranca as penas, quer se enforcar! Um saco. Além do mais eles se preocupam demais com os filhotes, que por conta dessa super proteção não se prestam para nada. São uns inúteis. Os pais passam trocentos anos construindo ninho, mais outro tanto chocando, depois saem aloprados atrás de comida e quando chegam em “casa” está lá aquele ninho de desesperados de bico aberto como se fossem morrer de fome “daquipralí”. Patético.

Formiga faz fila: passarinho faz escândalo.

Como já dissemos, os passarinhos são muito ligados a família - pelo menos enquanto os filhotes são pequenos. Depois disso o número de divórcios é significativo. Já as formigas não estão muito aí para essa coisa de família. Eu diria até que elas não formam famílias: formam exércitos! Entre as fêmeas não se encontra nenhuma Barbie: todas carregam folha e fazem plantão. E comem de tudo.

Observe novamente a BO-9547. É uma batalhadora! Você nunca vai encontra-la lendo “Capricho” nem assistindo “Rebelde”. Ela está lá é pra guerra mesmo! Formiga e formigo tem seus uniformes praticamente iguais, ao estilo Mao Tse Tung. E não tem lance de namorico, puxa-encolhe, “só-dou-amanhã” ou “juro-que-caso”. Com elas é “pá-buf”.

Estranho é que mesmo sabendo disso tudo qualquer um de nós preferiria ter um quintal repleto de pássaros neuróticos do que invadido por formigas em ordem unida treinando para o Sete de Setembro.

As formigas ocupam menos espaço, não fazem barulho e não estragam a pintura de seu carro com cocô. Por que, céus, escolher os pássaros e não a galerinha da simpática BO-9547? Mistério. Mais fácil entender as formigas e os passarinhos do que a estranha raça humana...

Cristina Faraon

19 de fev. de 2008

Grande conselho!


A postagem de hoje não tem nada a ver com Supremo Tribunal ou Suprema Corte. Não é Grande Conselho, mas "graaaande conselho!"
Estou falando mesmo de um anúncio aqui na internet que capturou minha preciosa atenção: "Conquiste bumbum, pernas e barriga perfeitos". Uau!

Claro que a Cristininha, sempre antenada com esses assuntos, digamos, "de saúde", não poderia deixar passar em branco. Cliquei rapidamente no link antes que alguém lá do outro lado tivesse a idéia de retirar o artigo do ar. Vai que "a" responsável pela publicação tenha se arrependido de dividir seu segredo com a gente e se assombrasse com a idéia horrorosa de que, daqui por diante, todas as mulheres do mundo seriam igualmente maravilhosas! Pesadelo! Pois sabendo como são as mulheres cliquei logo no tal link.

Juro que pensei que encontraria dicas salvadoras relacionadas a exercícios físicos milagrosos que, uma vez praticados com perseverança durante 15 anos pelo menos me deixariam gostosona. Ou alguma dieta novíssima... ou milenar. Sim! O segredo de Cleópatra ou algo assim. Mas não. Sabe o que tiveram a ousadia de publicar?
"Quer ter bumbum, pernas e barriga perfeitos, queridinha? Faça plástica!" Claro que não foi exatamente com essas palavras mas juro que aqui está a tradução mais fiel do espírito da coisa. Pelo menos foi assim que meu ego, ressentido, compreendeu. Meu "eguinho" está emburrado até agora.
Gente, isso é uma afronta. Estou acostumada com conselhos sobre exercícios físicos que jamais farei, cremes que jamais comprarei ou, uma vez comprados jamais usarei, ou massagens que apenas anotarei, choques elétricos, tortura, fome, tempestade de granizo ou a fúria dos deusses mas chegar assim de cara e mandar a gente fazer plástica? Pra mim funcionou como pegadinha. Até agora estou com a estranha sensação de que existe uma equipe atrás de mim às gargalhadas. Vou ao terapeuta.

Já pensou se o mesmo conselheiro resolvesse escrever sobre como conquistar um casamento perfeito? "Jogue seu marido pela janela" - ele diria. Ou quem sabe "mande o marido para a zona de rebaixamento e classifique o Ricardão para a final."

Estou contando isso para mexer com seus brios mesmo. Vai ficar aí indiferente? Não vai fazer nada? Numa hora dessas a gente precisa de amigas militantes. Acesse o link abaixo e inflame-se! Confira e proteste contra quem escreveu o artigo-pegadinha. E se você resolver fazer uma passeata, conte comigo! Até porque, como sabemos, passeatas emagrecem.

(http://beleza.terra.com.br/mulher/interna/0,,OI2142274-EI7605,00.html)


Cristina Faraon




9 de fev. de 2008

A única pergunta válida


Existem questões mais importantes no mundo feminino do que saber qual a melhor roupa, o melhor corte de cabelo ou a melhor dieta. Uma das coisas que mais atormenta as mulheres é a pergunta: ele me ama? Ele gosta de mim? Está realmente interessado?

Querida, seus problemas terminaram. Trago para você a prova mais insofismável, inatacável e indiscutível para saber se um cara está realmente interessado ou se, já estando com você, estaria realmente apaixonado.

Os homens tem um modo próprio de agir e se dão a conhecer através de pequenas atitudes. Como todos nós, aliás. O problema nesse caso é saber quais as atitudes mais significativas. Respondo: as atitude mais significativas são justamente aquelas que eles consideram insignificante e por isso nem se dão ao trabalho de fazer teatrinho.

Preste atenção: todo homem sabe que mulher gosta de elogio, gosta de se sentir gostosa e de ser presenteada. Claro que já deu para notar que é aí one eles mais capricham para aparentar sentimentos profundos e respeitáveis que justifiquem que a mulher - sejamos claros - dê pra ele.

O que isso quer dizer? Isso quer dizer que essas demonstrações de afeição ensaiadas dizem muito pouco – praticamente nada – do que se esconde no obscuro coração masculino. E é aí que mora o perigo.

Não pense você que vou aparecer aqui com teorias complicadas acompanhadas de dezenas de citações e gráfcos. Nada disso. Se fôssemos esmiuçar tudo em uma tese colheríamos apenas complicaçao inútil para alguém que, como você, tem mais o que fazer e inclusive não pode se dar ao luxo de perder a hora marcada no salão. A ordem é simplificar e não há coisa mais simples e mais ignorada do mundo do que o que direi a seguir.

Homem apaixonado telefona.
É isso.
Não, não tem mais nada, é só isso mesmo.

Não interessa se ele te leva para jantar, se te dá presentes, se te elogia dia e noite, diz que você é linda e gostosa. O cara que gosta mesmo simplesmente faz o que os homens em geral consideram o maior sacrifício o do mundo: telefonam. Prometem que vão ligar e ligam. Ou ligam sem prometer só porque deu vontade, só para dar bom dia ou convidar para lanchar no final da tarde. Ligam só pra dizer que estava pensando em você. E mais: se o elemento te ama mesmo vai acabar ligando ainda que em um momento de crise tenha jurado não o faria mais.

Você pode estar se perguntado por que uma coisa tão fácil de fazer como dar um telefonema serviria como prova de interesse, afeição, amor. Confesso que eu mesma não saberia explicar o motivo. Só sei que é assim. Por que para os homens é tão penoso telefonar? Um dia desvendarei esse mistério mas no momento me contento em constatá-lo e repassar para as amigas.

Eles não sabem que uma ligação no “dia seguinte” deixa qualquer mulher nas nuvens? Não sabem que isso significa muito para nós? Não sabem que não custa praticamente nada e que é infinitamente mais barato do que qualquer presente que pensem em nos dar? Não sabem?

Não sei se sabem, só sei que instintivamente ou não eles fogem do telefone e só ligam mesmo quando estão levando a mulher a sério. Ou quando estão muito interessados em levá-la para a cama. Enquanto durar o interesse eles continuarão ligando.

Acredite: essa é a grande prova. Não aceite outra se você não quiser quebrar a cara.

O silêncio telefônico masculino é o que há de mais veemente em matéria de mensagem silenciosa.

Ele disse com ar constrangido que não ligou porque perdeu seu telefone? Esquece o cara. Ele não ta nem aí para você.

Responda com sinceridade: você acha que se se tratasse do telefone da Daniela Cicarelli ele perderia o número ou estaria ocupado mais para ligar? Seja honesta consigo mesma. O danado seria capaz até de tatuar o número dela na testa para não esquecer!

Tolinha, homem que não telefona está gentilmente te mandando catar coquinho no bosque. Você pode até ligar cobrando ou dizendo coisas agradáveis mas tudo o que vai conseguir é servir de quebra-galho mais umas duas ou três vezes.

Parece óbvio mas as mulheres não costumam levar em conta essa pista masculina e acabam se dando mal. Pare de interrogá-lo (“você gosta mesmo de mim?”) Que saco! Os homens odeiam isso! E pare também de acusá-lo (“se você gostasse mesmo de mim faria isso ou aquilo!”) Isso não leva a nada e não alterará o seu lugar no pódio. É mais fácil você descer uns degraus e passar a integrar o rol das chatas.

Sugiro que você me leve a sério. Já vivi tempo suficiente para estudar as atitudes da macharada e chegar a esta conclusão. Não se deixe iludir por amassos, sorrisos, elogios rasgados ou presentes. A única pergunta que interessa é: ele te telefona?

Cristina Faraon

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