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31 de jul. de 2008

30 de jul. de 2008

O charme dos loucos



Por algum motivo os loucos exercem um certo fascínio sobre nós, que temos a mente perfeitinha e calibrada. Nietch já falou sobre isso...


Acho que a loucura oferece a coragem de ser. Não há maior loucura do que SER o que se é. Nada sai mais caro, nada é mais revolucionário. Por isso que as pessoas bebem, fumam, cheiram, picam. Pra pirar um pouco, pra ter um álibi e sair da jaula da normalidade. Acho que no fundo todo viciado em drogas tem a esperança de não ficar normal nunca mais.


Todos respeitam os loucos. Todos se vêem forçados a entender e respeitar suas limitações. Você não suporta Fulano e Beltrano? Mas você TEM que entender que eles são limitados! Você que é "normal" TEM que dar o desconto, não pode se trocar com aquela pessoa, débil mental."


Limitados? Limitada sou eu. Os loucos são livres. Sei lá... No fundo acho que todo louco é um espertalão.


Se eles secam o pneu do seu carro tudo bem. Se armam um barraco por nada, temos que entender. Se falam merda, damos o desconto. Agora vá você fazer tudo isso sem a devida habilitação!


No dia que inventarem uma Carteira de Identidade de Louco, você vai ver o capilé que vai rolar por debaixo do pano para os "normais" conseguirem uma. Todo mundo vai querer! Serão meses e meses na fila de espera! E quem tem um amigo no alto escalão vai conseguir para os amigos.


O negócio é sério. O filme do Batman é um exemplo.: os loucos sempre são o ponto alto. E o Batman só tem essa moral toda porque é todo traumatizado, gótico, esquisitão.

Nas bandas de Rock é a mesma coisa: quanto mais aloprado o cara for, mais admirado ele é. O Ozzie Ourbourne não diz coisa com coisa. 80% da mente dele virou geléia e ainda assim tem um monte de fãs.


Roupinhas comuns são sinônimo de chatisse, falta de imaginação e de personalidade. Agora pinte o cabelo de azul e se encha de piercing e veja se alguém tem coragem de furar a fila na sua frente. Sério, pode fazer o teste. Claro que você terá uma certa dificuldade em conseguir emprego porque quem emprega quer alguém previsível como uma máquina.


Já sei: quando eu tiver que resolver algum problema com cartão de crédio, banco, órgãos públicos, companhia telefônica ou outros lugares especializados em atrasar nossa vida, irei com um sapato diferente em cada pé, boca pintada de preto e uma cruz enorme no peito - além de unhas verdes. Vou entrar falando alto e e com os olhos arregalados. E vou furar fila. Tenho certeza de que ninguém vai reclamar e em em menos dez minutos todos os meus problemas se resolverão. É o método Tabajara de viver bem.


Cristina Faraon



29 de jul. de 2008

Férias na Alsácia

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Esses dias, sem mais nem menos dei um clique aleatório e conheci um blog de uma garota desconhecida. Ela mostrava, em dezenas de fotos, suas férias na Alsácia: "Vacances 2007 en Alsace."

Quando comecei a ver as fotos, estranhamente, fui tomada de uma dorzinha que depois identifiquei como sendo melancolia. Sabe quando a gente começa a "lembrar e sentir saudade de coisas que não aconteceram"? (Leia o texto completo)

Silêncio

As vezes é bom simplesmente fazer calar as vozes da alma.
É bom nos deleitarmos num mundo simples, num dia-a-dia sem complicação, sem grandes explicações nem justificativas.
Basta calar a alma e suas múltiplas vozes dentro desse castelo assombrado. Elas falam tanto, argumentam tanto entre si que chega a ser enlouquecedor!

Hoje quero o silêncio dos inocentes, dos descuidados, o silêncio dos tolos talvez. A mudez de quem não pergunta, de quem não quer mais do que um cômodo presente. O futuro é apenas um incômodo, tanto quanto o passado. Não quero passado nem futuro. Hoje quero o luxo do presente que não explica, um presente sem adeus nem calendário.

Porque perguntar: “estou feliz?” “Cheguei ao destino?” Não está bom hoje? Não está bom agora?

As folhas se mexem no ritmo de sempre, o sol dá da sua cor, a água seu alívio, as nuvens continuam molinhas e fáceis de modelar.

Legado


Se te olho pensativa
E sorrio e nada falo
Nessa tarde cansativa
De temor e de regalo...

Se te escuto e não completo
As mil frases que inicias
Se meu mundo inquieto
Te sonega as fantasias...

Não te doa; que não faças
Do silêncio o teu pesar
As estradas que me traças
Não são simples de andar!

Minhas canções e palavras
Não pedem para vir à luz
Jazem tranqüilas em salas
Onde escondo o que compus

Palacete mobiliado
Com verdades incompletas
Um só cômodo fechado
E um jardim com borboletas!

Tudo legalmente teu
Ontem, hoje e para sempre
E meu sol abraça o céu
Num adeus incandescente...

Cristina Faraon


26 de jul. de 2008

Mulher de fases


Hoje fui suavemente (mal-disfarçadamente) advertida (acusada) de estar demasiadamente apegada (viciada) em Internet.

Não vou me defender. Prefiro sofrer heroicamente a acusação - inclusive porque esse lance de se defender dá muito trabalho e me rouba momentos preciosos na Internet.

Não posso parar! Meus dedos formigam quando paro. Em minha mente milhões de sites me desafiam, pedindo para serem penetrados - ou melhor: desvendados, conhecidos. Há um mundo virtual a minha espera. Lamentável ter que tomar banho, dormir e comer.

Brincadeira. Claro que não estou viciada, apenas redireciono minha atenção e energias de forma a não criar problemas. Houve épocas que meus anseios eram incômodos em todos os sentidos. Lembro-me de outrora, quando vivia amargurada querendo me divertir. Queria jogar queimada na rua, ir para a praia, cinema, casa de amigas, viagens emocionantes, boate, shows, eventos culturais diversos. Vivi assim durante anos e garanto a você que não foi nada divertido. Não digo que essa Cristina formigante tenha morrido, mas estou dando um tempo nela.

Minhas ânsias juvenis fora de época eram um incômodo não só para mim. É doloroso ter dentro de si um vulcão.

Hoje passei o dia como a mais pacata das mães: trancafiada em casa. Acho que agora sou a esposa ideal. Quer dizer: nem tanto. Não fiz biscoitinhos de tarde - mas cortei o cabelo da minha cunhada! Acho que isso conta pontos, né? Qual homem não sonha com uma mulher caseira, ao alcance de mão para o que ele precisar e que não o importune com desejos exacerbados de nenhuma ordem? Pois é, alcancei o nível. E olhando por esse ângulo vício em internet pode ser visto mais como uma cura do que como um problema. E ainda que seja um vício, certamente a pena deve ser mais branda.

À guisa de informação: hoje assisti em meu computador dois documentários em DVD. Isso não configura internet.

Se você fosse homem, onde preferia que sua mulher estivesse aos sábados: no barzinho com as amigas? No cinema com pipocas? Afinando o cartão de crédito no shopping? No salão fazendo experimentos químicos duvidosos? Fazendo hora extra com o chefe... ou placidamente na frente do computador, domada e encoleirada debaixo das suas vistas, contentando-se em ver o mundo através impulsos elétricos, hein? Claro que prefere a última opção! Você é como os outros!

Vício por vício pense nisso: liberdade é bem mais perigosa. Além de escravizar, traz efeitos colaterais incontroláveis.

Ah navegar... Até que horas? O que importa? Hoje é sábado e os ventos estão propícios.

"Navegar é preciso. Viver não é preciso..." Vixi! Quem foi o maluco que disse isso? No mínimo era algum viciado em internet...


Cristina Faraon


Sábado ensolarado

Sábado reluzente, quente, totalmente displicente.

A tarde está linda mas renunciei ao sol: estou usando ácido (no rosto, não na veia!) e por amor ao belo permanecerei em casa. Recorrer a quê? Internet, claro!

Gastei horas visitando páginas que me oferecessem templates legais para meu blog. Por que demorei tanto? Por causa da pergunta: "isso é de bom gosto?"

Ora ora... Depois que vi esse chapéu (foto) sendo usado por uma senhora "elegante" da Inglaterra, desisti de entender a humanidade.

É a tradição: o 'Ladies day', ou dia das mulheres, que antecede a corrida de cavalos de Royal Ascot, na Inglaterra, é dia de desfile de chapéus bizarros. Pelo jeito ninguém acha isso ridículo. Sendo assim, porque tanta indecisão com o "chapéu" do meu blog?

15 de jul. de 2008

O encapetado Diogo



Gosto de Diogo Mainardi. Por vários motivos. O primeiro é que tem um monte de gente que o odeia. O segundo é porque ele tem cara de aluno provocador e engraçadinho que costuma ser o pesadelo das professoras e a tesão das adolescentes.

Reconheço que não são bons motivos para gostar dele, mas tem o terceiro: acho delicioso o jeito como ele escreve. Se ele beija como escreve, está bem na foto...

(Clique aqui e leia o texto completo)

10 de jul. de 2008

Eu, pelada na Playboy?!


Natália Casassola, 23 anos, capa da "Playboy" de julho (2008) declarou: "Posar para a Playboy é o sonho de qualquer mulher brasileira. É muito bom ser chamada de gostosa."

Como assim? Eu sou gostosa sem precisar posar na Playboy e pra completar nunca desejei posar pelada em revista alguma. Que frase tola!

Não é por falta de atributos que eu não quero posar na Playboy. Nada a ver. Eu com 22 anos e uma boa produção não deixaria nada a desejar, garanto a vocês. Dizer que jamais sonhei em posar pelada não tem relação alguma com complexo de feiúra - tem a ver com orgulho.

Sou vaidosa como toda mulher. Acho mesmo que não sou de se jogar fora. Só que o lance de me expor a olhares, risos e comentários como se eu fosse um mico de circo não me parece nada lisonjeiro.

Não digo que eu jamais posaria nua. Nunca diga "dessa água não beberei". Sempre tive uma vida boa e por isso desconheço o poder que a necessidade exerce sobre os nossos orgulhos e convicções. É possível que diante de uma situação terrível eu preferisse entreter os homens expondo humildemente minha perereca em público para não precisar passar fome.

Não, não critico de forma alguma quem faz isso por necessidade. Só o que não consigo entender é alguém dizer que isso seja "um sonho de toda mulher". Sonho?

Para eu posar nua seria necessário uma dose imensa de humildade da minha parte - humildade essa que ainda não alcancei nem orando e lendo o Evangelho todos os dias.

Caraca, servir de entretenimento para um monte de machos que não conheço? Deixar que meçam meus peitos, minha bunda, a grossura das minhas coxas, o desenho da minha "deixa-pra-lá" numa mesa de bar, entre gargalhadas? Não, eu tinha que ser muito humilde ou muito carente para pagar um mico desse. Ou... estar com minha percepção de realidade totalmente desconfigurada.

Aqui não vai nenhum discurso moralista. Não se trata de moralismo, repito, mas de orgulho mesmo.

"É muito bom ser chamada de gostosa..." É muita carência de auto afirmação dizer uma coisa dessa. Quem é gostosa é chamada de gostosa sempre e em qualquer lugar, independentemente de aparecer nua em revista. Eu tenho idade de ser mãe da Natália e sou gostosa, e daí?

Pra completar: com um bom fotógrafo, maquiagem e produção impecáveis, até a Benedita da Silva (desculpa aí!) vira filé.

Se você consegue ver glamour em servir para a diversão alheia aparecendo pelada, de quatro, em público, desculpa a crítica. Espero que nossa amizade fique acima disso tudo.

Cristina Faraon







3 de jul. de 2008

Kyrie Eleisson. Christe Eleison!


Incentivada por uma reportagem que dizia que um blog serve para " oferecer espaço para angústias pessoais que só abandonam uma mente inquieta quando se transformam em letras...." aqui estou.

Sim, com esse incentivo vou abrir meu coração tão cheio de compartimentos, calabouços e entradas secretas. Claro que escolhi para visitação um compartimento não muito grotesco. Preciso preservar a minha imagem. Pensei: "Se eu liberar o compartimento "A" talvez aquela pessoinha me despreze e nunca mais queira papo comigo; por outro lado se eu escancarasse o compartimento "B" ela poderia pensar que sou um amor de pessoa, o retrato da candura e esse também não é o caso, convenhamos." Optei muito sabiamente pelo compartimento "D".

Quanto ao "C" por favor esqueça. Poupe-me de sua curiosidade constrangedora.

Vamos ao "D". "D" de demente, de débil mental, deletério, desdentado, demoníaco, desmistificado, deturpado. De que estou falando? De mim e do mendigo ao lado.

Mendigos me deprimem e inquietam. E fazem com que eu me sinta completamente fracassada em minhas tentativas de ser boa. Por quê? Porque geralmente não faço nadinha da silva por eles.

A verdade é que eu preferia que eles não existissem ou que fossem discretamente remanejados para a Mendigolândia: um lugar muito calmo, com comida de graça e cama macia para tooooodos eles. Músicas suaves e enfermeiras prestativas vestidas de branco e com voz de fada. Sim, a Mendigolândia que desejo para eles é um lugar paradisíaco e longe, mas muito longe daqui.

Nunca me fizeram mal. Geralmente estão muito ocupados com suas próprias esquisitices. O problema é que os mendigos de filme estão sempre a um passo de um homicídio! Impossível não me impressionar. Vai ver que a culpa é dos filmes. Isso mesmo! Tomara.

Acho que todos os mendigos são loucos ou estão a um passo disso. E são invariavelmente sujos. Alienados também. Estão a margem da sociedade mas não desgrudam da margem, não a largam por nada. Ficam lá atracados pelas raízes e não se deixam levar pelo rio. Eles permanecem apesar de não ter casa nem comida, água encanada ou roupa sem furo. Por bem menos que isso quase enlouqueci dia desses; fiquei claustrofobicamente pirada em uma viagem interestadual de ônibus (frescura).

Dois a zero para os mendigos. Ainda assim eles me incomodam porque sou cristã, entende? Nâo entende?! Hm...

Creio no Amor, na Bíblia. Creio em Jesus e no Evangelho. Sou até esforçada, mas não o suficiente para abraçar um mendigo e dizer "eu te amo, meu irmão. Venha para a minha casa". Entendeu agora? Isso é frustrante!

Procuro ser uma cidadã legal, ajudo uns e outros... Só que onde vou há mendigo. Eles se multiplicam como o inimigo do Neo em Matrix, só que com menos charme. Os pés deles são sempre inchados, rachados, ressecados e algumas vezes bichados. Os cabelos são um ninho de marfagarfos. Pôxa, sinto aversão! E à aversão segue-se a depressão, o sentimento de fracasso, o cruel questionamento: "bela cristãzinha de m... que você é, hein!"

Droga...

Ah como eu queria ser São Francisco de Assis, Madre Tereza ou um apóstolo qualquer de Cristo! Mas nada. Olho no espelho e lá está a cara manjada da Cristina, com a estante cheia de Bíblias em várias traduções.

Aquele cara esfarrapado e que aparentemente só fala consigo, na verdade me emite mensagens telepáticas. Ele ri sarcasticamente enquanto me pergunta: "Quem é você mesmo? Ah, mais uma seguidora de Cristo, né? Tá bom." Enquanto isso cata papel e lixo do chão... assim como Cristo escrevia na areia diante dos acusadores da mulher adúltera.

Porque eles não vão para a Mendigolândia? Por que não sentam com a gente e contam suas histórias tristes? Isso ajudaria um bocado.

Não sinto vontade de abraçar o mendigo. Nem de beijar ou de lhe lavar os pés, como Cristo faria. Geralmente o máximo que faço por eles é dar alguns trocados que não me fazem sentir nem um pouco melhor.

Pela janela vejo outro, e outro... e mais outro. Eu poderia me aproximar de um deles e puxar papo mas vejo que ele fala sozinho. Não adianta lavar, vestir ou oferecer um emprego. O cara fala sozinho!!! Como atingir alguém que fala sozinho?

Não sei se ele reflete mas a seu respeito tive a coragem de pensar: Como uma pessoa consegue cagalhar desse jeito com a própria vida?

Não, isso não é cristão. Não, isso está muito aquém do meu ideal.

Kyrie Eleisson! Christe Eleison!

Cristina Faraon

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