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30 de jan. de 2013

O que vai e o que fica


Os filhos vão; as estriam ficam.
A juventude vai; as mancadas ficam.
O casamento vai; os bens também vão.
O dinheiro vai; as tranqueiras inúteis ficam.
A gordura vai; mas depois volta.
A ilusão vai; a disposição em se iludir fica.
O mau negócio vai; a experiência fica.
A ofensa vai; a dorzinha fica.
Os políticos vão; os impostos ficam.
Os ideais revolucionários vão; o espaço conquistado fica.
Vão-se os anéis; ficam com dedos fazendo cotoco.
Vai-se a paixão; o feijao-com-arroz fica.
Vai-se a mãe; O Dia das Mães fica, só pra doer.
Vão os amigos; ficam as lembranças
Os "achismos" vão; a primeira impressão fica.
Nós vamos. Não sei o que fica.







22 de jan. de 2013

Ana Paula Arósio - coitada!


Houve uma postagem na qual eu me perguntava, em crise,  "Por quê Deus não me fez Liv Tyler?"  Agora, pensando bem, pergunto-me:  "Por quê Deus não me fez Ana Paula Arósio?" Eu juro que iria me comportar!
Esses dias comprei o box da minissérie Os Maias, da Globo, e revi a mulher mais bonita que eu posso imaginar. Nem Liv Tyler nem Ana Hickman conseguem ser mais lindas.Tá certo, existe a incrível Giani Albertoni... mas ela não "chega lá".

O mundo está cheio de mulheres lindíssimas, mas de uma forma ou de outra todas elas caem dentro da "Caixa de Mulheres Lindas". Poucas mulheres têm uma caixa só pra elas. Pois a Ana Paula tem, e é de cristal.

Pensando bem... coitada! Não é possível que carregar tanta beleza não seja um fardo. É como carregar um mochilão pelo resto da vida.

Pense o que é nunca passar despercebida em lugar algum e viver chamuscada por centenas de olhares arregalados em sua direção. Onde você vai , o povo "OH!"  Vai à farmácia, "OH!"  Na igreja, "OH!"  No supermercado, "OH!"  Vai transar e o cara fica meia hora só no "OH!"    Acho que ela deve adorar os bebês porque só eles não fazem "OHhhh!"   Até bicha faz  "OH!"    Deve ser irritante. Você fala e ninguém escuta direito.  Você chora ou fica com raiva e até assim, ao invés de puxar solidariedade, tudo o que ganha é um irritante "OHhhh"    E o pior é que essa situação deve perdurar pelos próximos quarenta e nove anos e meio.

Não acredito que um homem possa conviver com ela sem se apaixonar. Claro que se eu perguntar nenhum marmanjo admite porque eles todos são muito safos. Vão dizer que ela é lindíssima, que adoraria transar com ela mas se apaixonar? "Também não é assim". Ha ha ha. Tudo mentira. Eu, que nunca fui uma Brastemp, lembro bem o que era desfilar pelo mundo com apenas 21 primaveras.

Impossível não virar súdito daqueles olhos hipnotizantes, daquele sorriso protegido por colunas de cachos negros. E pele alva. E voz profunda. E dentes de lajota vitrificada.


Existem belezas e belezas. A Ana Paula não faz o tipo sensual. Ela está mais para o divino. Sabe aquelas mulheres que o cara tem vergonha de falar palavrão quando está junto? Que fica preocupado com o estado da cueca e com as unhas? Pois é.

Melhor ser amiga dela. Se ela não for com a sua cara, rouba seu homem só pra sacanear.

Aproveito para professar aqui minha fiel amizade à Paulinha.

Embora Ana Paula não seja o tipo "mulher fatal", também está longe de ser assexuada como a Xuxa.   Difícil de explicar, difícil de entender.    Tá certo que eu a percebo apenas como mulher que sou, mas não consigo imaginar a Ana Paula na Play Boy. Ela está mais para Louvre. 

Essa postagem é assim mesmo: despropositada e sem um fecho. Quer dizer, tem um fecho sim:

Deus aloprou.

19 de jan. de 2013

Os medos humanos



Os seres humanos são medrosos. Têm medo da morte, do tédio, da solidão, do ostracismo.   Por isso acabam tendo medo da velhice, que supostamente traz tédio, solidão, ostracismo e morte.

Os humanos têm medo da pobreza, medo de se arrepender, medo de amar. Medo de serem ridicularizados. Medo de sonharem inutilmente.

Os coelhinhos, os veados, os esquilos só tem medo do predador, então apenas fogem, sem odiar ou perder o sono.

O pior medo é o medo dos nossos semelhantes.  Ao olharmos na rua o rapaz que vem em nossa direção deveríamos nos sentir confortavelmente acompanhados por uma criatura jovem, cheia de sonhos e boa vontade, mas não: temos mais medo dos rapazes das calçadas do que dos fantasmas dos casarões.

"Os outros" poderiam ser nossa companhia, nosso afago, nossa família e apoio, mas "os outros" são seres ameaçadores, são um verdadeiro pesadelo!   Os bichos da mesma espécie se protegem. Nós humanos, ao contrário, nos oprimimos mutuamente. Os humanos que se unem acabam formando grupos ameaçadores para os outros grupos. O Governo forma outro grupo que domina os demais dominadores e aí a injustiça impera porque cada pequeno imperador quer a sua parcela do sangue dos dominados.

É a Idade das Trevas.

16 de jan. de 2013

A história do requeijão em minha vida




Meu espírito refestelou-se hoje com o filé da literatura. Reli poesias, sonetos, textos brilhantes... Ah! minha pasta de recortes! Ela é mesmo um viveiro de emoções:

“Creio na superação dos erros e angústias do presente... O amor tem vozes misteriosas no coração implume... Fazei-me um instrumento de vossa paz...Mas o espaço que ocupa as minhas poesias me leva de novo junto a você... Não te direi o nome, pátria minha. Teu nome é pátria amada, é patriazinha... Folhas murchas de rôjo à tua porta... Quando eu for uma pobre coisa morta... Ouve estes versos que te dou, eu os fiz hoje que sinto o coração contente... REQUEIJÃO..."
Requeijão?!

Foi quase um tapa. Eu lendo... Eu sonhando... Eu flutuando... Eu me emocionando... Eu escorregando no requeijão. Mas que raios essa receita estaria fazendo em minha pasta de poesias? É o tipo da coisa que quebra o clima.

Entendo que tudo na vida é clima, é lance, é uma coisa levando a outra  mas tudo conectado, coisa com coisa. "O clima" nasce então de uma espécie de rosário muito bem bolado. Não se deve puxar o pé de uma alma sensível a flutuar.

Por falar em flutuar... campinas... flutuar... cerca e café quente... flutuar... pão fresquinho com requeijão. Hmmm... Quem flutuaria assim com essa fome? Impossível. Minha mente a essas alturas estava completamente tomada por imagens bucólicas e cremosas que se esparramavam em minha língua imaginária. Não sei você, mas eu tenho língua imaginária - entre outras coisas. Sorri... Então vieram as imagens de crianças lanchando, felizes e rosadas, suadas correndo pelas campinas da fazenda do vovô. Pingou requeijão na roupa? Não há problema, não mancha!

O leite leite fresco... a Vaquinha Mococa... as santas mãos da fazedora de biscoitos de nata... Gente! requeijão é poesia!
E foi assim que a Receita de Requeijão (agora com letras maiúsculas) passou a integrar, com louvor, a minha Academia Particular dos Imortais - e em uma cadeira entre Cora Coralina e John Donne. E de frente para o Veríssimo. E eles que não caiam na bobeira de olhar atravessado se não eles é que vão dançar.
Ora se faz sorrir, dá prazer, traz de volta a fazenda, a mãe de avental, o bule de café cheiroso, o pão fofinho, a infância sapeca, então decididamente há poesia no requeijão.

Ele fica!

Paraíso da Hienas

Às vezes a gente se comove com cada música! Há canções cujas letras não fazem muito sentido ou parecem mudar de assunto de uma frase para outra.

Quantas vezes eu ouço, não entendo tudo mas me comovo mesmo assim. É que sei, lá dentro do coração, que estão cantando uma coisa sentida e sensível, partilhando uma dor tão comum a todos nós! ou  que sabe uma cena do passado para a qual somos capturados e mergulhados. Aí me abraço espiritualmente com o artista (as vezes nem entendo seu idioma!) e comungo dessa ânsia, dessa coisa sem nome que afeta as pessoas sensíveis.

Uma melodia, uma voz emocionada, um arranjo inspirado, aquele sax, aquela viola ou piano com seu modo muito próprio de falar de mistérios sem deixá-los menos misteriosos.

Há uma linguagem no mundo, uma linguagem sublime e cifrada que a gente entende. Entende nas entrelinhas da partitura, no jeito, gestos, no tremor da boca.

Uma dessas músicas é Paraíso das Hienas, cantadas pelo saudoso Jessé. Sinceramente, que hienas são essas? Mulheres sofridas? Por que "hienas'? Não importa. Sempre me emociono quando ouço. Outra é Chão de Giz, cuja letra já questionei nesse blog e uma gentil leitora fez o favor de me explicar tudinho. Mas até aí eu só sentia "o ar" da música e ficava muito tocada.

É possível intuir profundidades de amor ou de dor e tudo o mais que não pôde ser explicado. Músicas traduzidas por intuição tornam-se mais que lindas. Somos co-autores, quase donos delas. Há canções tão tolas e tão lindas! Tão herméticas mas tão tocantes!

Deveríamos, a partir disso, desistir da idéia de que cremos no que nos parece razoável. Os seres humanos não funcionam assim. A gente crê, ama e adere àquilo que, sem palavras, nos cativou e convenceu. Porque o verdadeiro convencimento é anterior ao verbo. O argumento do coração dribla nossa mente. A mente só acompanha,  como se fosse um cachorrinho atrasado..

Somos profundamente instintivos e complexos. Nem percebemos no que fomos fisgados. Isso é perigoso e sublime. A raça humana me fascina.



Paraiso Das Hienas

Jessé

Abençoai as hienas
Principalmente as morenas
Tricampeãs mundiais
Pois desse lado do muro
O jogo é tão duro, meu pai
Que só ter piedade de nós não vale a pena (3x)
Oração não voga quando não há vaga
Coração não roga quando só há raiva
E a roupa do corpo três vezes ao dia
Novena não paga ao homem da venda
Não adianta nada, não enche barriga
Subir de joelhos as escadarias
Abençoai as hienas
Principalmente as "da Silva"
Campeãs de carnavais
Pois desse lado do beco
O olhar é tão seco, meu pai
Que só ter piedade de nós não vale a pena (3x)
Oração não voga quando não há vaga
Coração não roga quando só há raiva
E a roupa do corpo três vezes ao dia
Novena não paga ao homem da venda
Não adianta nada, não enche barriga
Subir de joelhos as escadarias
Abençoai as hienas
Principalmente as morenas
Tricampeãs mundiais
Pois desse lado do muro
O jogo é tão duro, meu pai
Que só ter piedade de nós não vale a pena (3x)

12 de jan. de 2013

Teias



Uma amiga perguntou esses dias se "alguém poderia sentir saudades do que não viveu?"
Respondi que sim, poderia, pode, acontece sempre. 

Na minha opinião, embora o nome desse sentimento não devesse ser "saudade", saudade é a palavra que mais se aproxima do fenômeno até porque parece não existir outra para definir a sensação. 

Já senti inúmeras dores de saudade por coisas que jamais vivi. E dói. A saudade vem, provavelmente, porque estamos ao mesmo tempo desejando e nos despedindo de algo que tanto queremos.  A dor é de partida porque intuímos que jamais teremos aquilo. É uma lembrança-despedida. 

Penso que essa sensação é também um estado de melancolia causado pela carência de coisas que não existem nesse mundo.  Desejamos o que não existe aqui porque nossa procedência não é daqui.  

Há também as coisas que existem, mas que pela própria natureza só podem "nos acometer"  muito raramente e por pouco tempo. Ainda que não saibamos seu nome, a safada da nossa alma se lembra de tudo e passa a vida nos incomodando com lembranças sem rosto. 

Somos cheios de sentimentos indefinidos. Há coisas lindas que nos acontecem mas não se sustentam ao longo da vida. Há felicidades que não resistem ao martelar do dia-a-dia, então passamos o resto da nossa existência com saudades. O que queremos é mais ou menos como teias de aranhas: elas surgem,  mas simplesmente não podem ser reutilizadas.


Não deveríamos passar a vida com saudades das teias de aranha - mas é o que acontece.





7 de jan. de 2013

Graduação

Há, no mundo, graduação para tudo: para a feiúra, para a beleza, para a inteligência, para a mediocridade. O mais baixo patamar da mediocridade é quando a pessoa nem percebe a genialidade dos outros; passa batido e acha ridículo louvarem tanto os gênios. Mas há um degrau acima: é quando a pessoa tem inteligência para perceber a genialidade mas olha para si mesma, compara e conclui que com um pouco de esforço conseguiria fazer igualzinho. O medíocre menos rasteiro é aquele consciente do seu estado, mas com capacidade de perceber, reconhecer, admirar e curtir a genialidade alheia. Acho que estou nessa. 
Não é o fundo do poço não, né?

6 de jan. de 2013

Da Servidão Moderna

Interessante ler "Da Servidão Moderna".  Não sei se do documentário (dirigido por Jean-François Brient[1]
Victor León Fuentes[1)  nasceu  livro ou se foi o contrário. Mas do conteúdo tenho algo a observar: :

O autor afirma que o poder "não é para ser conquistado, mas para ser destruído".  É o tipo de frase que num primeiro momento até puxa palmas mas depois, quando a gente reflete, a percepção muda.   Acho que o autor argumentou no sentido de derrubar ilusões mas para isso se amparou em outra ilusão. Algo parecido com quem troca o seis pelo meia dúzia.

Sempre achei interessante a incapacidade que certos pensadores têm de encarar com realismo a natureza humana tal qual ela é. Brigam com um "sistema", xingam, execram, propõe sua queda... tudo como se o "sistema" fosse um ser autônomo independente da sociedade. Nós somos legais, o sistema é que não presta.

Acho que Marx pisou no mesmo grude. Admito que não li Marx mas até onde sei ele analisou nossa sociedade atribuindo a vaidade, o egoísmo, a falta de compaixão e todos os demais pecados do inferno apenas  a uma determinada classe social. Seu segundo passo foi repensar o mundo sem a classe dominante e concluir que seria o paraíso da igualdade. Deixou pra lá o fato de que a "classe oprimida" é composta de pessoas cujas almas foram esburacadas pelos mesmos roedores que atingiram a "classe opressora".

Presumir que todos querem a igualdade e a fraternidade entre os homens chega a ser meigo de tão ingênuo. Acreditar que as pessoas vão dar tudo de si no trabalho apenas pelo bem do país, sem expectativa alguma de adquirir mais e mais riqueza e conforto foi o que colocou o regime comunista em maus lençóis na hora de produzir alimento. As pessoas produziam no máximo dentro da quota imposta pelo Governo e olha lá. Geralmente enrolavam para menos. Todo o explorado só quer igualdade enquanto é explorado. Quando consegue escapar dessa sina o que mais ele passa a querer é os privilégios de seus antigos senhores. Ele quer ficar rico, ainda que para isso seja necessário explorar os outros. As pessoas não querem igualdade; elas querem a chance de se destacar dos demais. Nenhuma proposta deveria ser feita, em termos de rearrumar a sociedade, se não levasse em conta as características humanas. Nossas ânsias egoísticas devem ser controladas, podadas, amenizadas. Mas nada fará com que desapareçam.

Sobre "Da Servidão Moderna" percebo que o autor fez a mesma coisa: criticou (com muita coerência) o sistema escravizador e alienante no qual vivemos. Depois lascou a tacada final: "O poder não é para ser conquistado, mas para ser destruído".  Aí pergunto: qual a utilidade de eu me conscientizar e sair de uma "Matrix" se for para entrar em outra?  Sim, porque ilusão por ilusão prefiro a que eu já conheço e sei lidar.

O autor se esqueceu de que na queda de um poder, outro rapidamente se levanta. Isso é tão certo quanto o dia seguir-se à noite. É da nossa natureza, estamos impregnados geneticamente desse troço. É como envelhecer: para parar o processo, só matando. O mais apto, o mais forte, o mais esperto ou o mais violento: sempre haverá um "efedepê" para tentar montar nos outros.

Quando eliminamos as classes econômicas do sistema capitalista acabamos criando outra elite cruel e escravizadora: a elite política. Não tem jeito, só explodindo o mundo.

Toda a historia da civilização se baseia não em eliminar o inevitável, mas em domar essa lei natural, humanizá-la, diminuir seu poder nefasto. Consiste em lixarmos as unhas da fera para que ela fira menos. Só isso. Toda proposta nesse sentido é séria porque leva em consideração a realidade de quem somos. O resto é sonho. E sonho por sonho, prefiro sonhar no cinema. É mais divertido.

4 de jan. de 2013

Caímos como patinhos

Tive um pensamento tenebroso: de que o Facebook e outros "microfones gratuitos" da internet, ao contrário do que podemos pensar, são muito úteis ao poder!  Considere que eles são liberados e incentivados com um propósito engenhoso. Através deles podemos falar, reclamar, gritar e desabafar. E o que acontece quando uma pessoa desabafa? ELA SE ACALMA. Isso é tudo o que eles querem!
Assim que aliviamos nossa ira e indignação, tornamo-nos mais tranquilos e menos empolgados. Ficamos dóceis e cansados como cãezinhos que voltaram do passeio na praça, incapazes de fazer algo realmente concreto contra o mal que nos oprime. Aqui podemos xingar quem quisermos, podemos gritar, chorar e propalarmos nossas bravatas que ninguém será afetado. Toda a ira santa que seria nosso combustível de luta, acaba se esvaindo por um ralo virtual. 
Bem bolado, né? Caímos que nem patinhos.

3 de jan. de 2013

Parô

Alguns caminhos não precisamos percorrer. Algumas coisas não precisamos passar. É bom ter isso em mente enquanto a gente vai fazendo novos planos para o ano novo.

A gente vê cada coisa interessante no Face! Esses dias uma amiga postou que  "Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim nem que eu faça a falta que elas me fazem."  Vou logo avisando: eu tenho sim a pretensão de que as pessoas de quem eu gosto, gostem de mim; e que as pessoas de quem sinto falta, sintam minha falta também. E quando isso não acontece fico bem desapontada. Não sei não ligar, não sei não perceber certas coisas. Ainda não cheguei naquele patamar pós-humano no qual nada importa e a gente fica pairando acima da humanidade. Justamente por isso estou decidida a mudar algumas coisas para evitar espinhos desnecessários.

Foi muito legal a minha festinha familiar de passagem de ano. Várias pessoas queridíssimas compareceram e fiquei muito feliz com elas. Mas mesmo assim decidi que não vou fazer mais nada semelhante nos próximos anos. Motivos?

Não preciso passar por isso - 1:
Convidei uma amiga para minha festa de Ano Novo. Convidei por Facebook e nada de resposta. Repeti o convite e nada. Detalhe: ela está sempre no Face. Então eu, burra, resolvi telefonar e ela disse que "nossa! Eu já ia te ligar!" Tá. Então ela confirmou que iria sim e que até daria carona a outros três convidados. Resultado: não foi nem avisou que não ia. Outro dia mandou uma mensagem pedindo desculpa e dizendo que "aconteceu um imprevisto e fiquei sem carro..."  Estranhei porque as pessoas a quem ela iria dar carona nem sabiam que ela ia! Se ela nem os havia procurado nos dias anteriores, como "foi um imprevisto"?  No dia seguinte vi um monte de fotos dela no Face, numa festa.

Não preciso passar por isso - 2:
Convidei também um amigo com a família. Ele disse que iria sim, claro! Que maravilha! Também não apareceu nem teve a delicadeza de dizer que não iria. Dois dias depois telefonou "explicando"  que "não deu porque tava todo mundo cansado." E por quê estavam cansados? Porque foram à outra festa no mesmo dia e na mesma hora que disseram que estariam comigo. Voltaram depois da meia noite, então estavam exaustos. Essa foi a explicação por que "não deu".  Valeu.

Não preciso passar por isso - 3:
Convidei uma amiga. Ela disse que "ia ver se dava". Estou esperando até agora a resposta.

Não preciso passar por isso - 4:
Alguns convidados disseram que iriam sim, mas na base de "vou dar uma passadinha aí depois da meia noite."  Tá.

Não preciso passar por isso - 5:
Uma das convidadas agradeceu o convite mas disse que não podia confirmar a presença naquela hora porque iria consultar os noutros dois familiares, que também foram convidados: "vou falar com o Fulano para ver se ele concorda em ir."  Depois ela ligou dizendo que aceitaram ir. Obrigada pelo favor!

Esse ano quero me poupar de coisas assim. Já deu, né?  Sei que conquistar as pessoas é uma arte mas se não sou artista, paciência. O lance é aceitar e seguir em frente.

Fui.

2 de jan. de 2013

Castelo


Hoje uma amiga postou essa foto no Facebook. Comentei em seguida, dizendo que isso simplesmente não existe. Só podia ser montagem. 

Não, não tenho comprovação alguma de que não exista, mas a imagem me parece... sem cabimento no mundo real.   (Mas afinal o que sabemos de "mundo real"?)

A verdade é que em nosso universo particular, no recôndito de nossas mentes, temos milhares de imagens como essa e algumas até mais incríveis. Passamos todos os dias por elas sem estranhar nada. Elas estão lá, naturalmente, altaneiras, sem levantar suspeitas. São sonhos, planos, medos, lembranças... coisas que fazem todo o sentido lá dentro, só para nós. Elas integram nosso misterioso mundo interior. 

É impressionante como certas coisas só fazem sentido na nossa cabeça. Quando expostas, mostram-se completamente malucas. 

Se outros vissem como construímos nosso universo, diriam secamente que "isso simplesmente não existe!". Por essas e por outras não devemos dar a conhecer aos outros as imagens do nosso país particular. As pessoas teriam imenso prazer em nos explicar a sua inconsistência. Danem-se as pessoas! Vão dizer que meu castelo não se mantém de pé jamais e que aquilo só existe na minha cabeça. Ora, se existe na minha cabeça, então existe!

Tenho numerosas paisagens como essa e cada uma mais maluca que a outra. Algumas já ruíram, mas e daí? Por muito tempo povoaram meu mundo e só depois de muito tempo é que reparar que aquilo não tinha como existir fora de mim.

Então não exiba "seus lugares".  Pode ser que assim eles continuem pairando serenas e incontestáveis por muito mais tempo.

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