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20 de fev. de 2020

Análise

Estive pensando sobre a minha vida.  Olhei para trás porque olhar para trás é inevitável em algum momento.  

Tive uma vida  boa sim,  muito boa.  Tive problemas,  sofri. Claro.   Não há quem não sofra nesse mundo. Tudo bem.  Mas pensando bem... o que me trouxe mais dor? Qual foi a pedra,  o espinho?

O que me trouxe mais dor foi,  sem sombra de dúvidas,  a intensidade quase insana de todos os meus desejos.  Todos os meus desejos,  sonhos,  fantasias,  projeções,  tudo foi absolutamente excessivo,  exagerado, diente.  Entenda: eu não conseguia evitar.  Se eu queria,  queria demais,  com as entranhas. Foi isso que estragou tudo porque a vida jamais conseguiu corresponder a isso. Nem a vida nem as pessoas.  Colecionei angústias e frustrações indizíveis.  Culpa de ninguém.  Talvez nem culpa minha.  Como eu poderia ser menos,  sentir menos,  ser outra? Como eu poderia domar meu coração? Domei por fora tudo o que pude domar mas por dentro é terra de ninguém e algum estrago foi inevitável.  Eu posso dizer ao meu corpo "fique aqui" mas não pude colocar rédeas na alma.  Ruim, muito ruim.  Olho pra trás e quase tudo dói.  Quase tudo o que lembro vem malecado com tantas angústias e ventos e tornados que é  melhor deixar pra lá. Chega. Já  deu. Passou, passou,  viu? Passou.     

Abraço o meu hoje. E peço a Deus que minha alma envelheça bem rápido e em paz . Eu mereço.


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