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27 de mai. de 2016

O inferno são os outros


No socialismo petista ninguém é diretamente responsável por nada. Eles sempre jogam para o genérico. Pode reparar. O culpado pelo estupro não foi o estuprador: foi "a cultura do estupro." 
O responsável pelo roubo não é o ladrão: é o "capitalismo opressor".  O responsável pelo vício não é o sujeito que livremente decidiu se drogar. A culpa também não é de quem vende a droga. A culpa é do "Estado, que proíbe as drogas". Se os terroristas do MST invadem, quebram, matam, barbarizam, a culpa também não é deles. A culpa é "da propriedade privada".

E por aí vai. O raciocínio torto petista não tem limite pra ser ridículo.  Tudo de errado que a Dilma fez não é culpa dela. É culpa dos outros, do sistema; é culpa "de quem inventou a corrupção."

O fracasso econômico socialista também não se deve ao equívoco dessa doutrina.  A culpa do desabastecimento, fome, filas quilométricas, desemprego , carência geral - tudo é sempre culpa do "boicote capitalista".

Uma ideologia na qual ninguém se sente responsável pelos seus próprios atos, o que acontece? Aumento da criminalidade , delinquência, desordem. Sentimento de culpa zero. Uma sociedade de psicopatas.

Vítimas não podem fazer nada,  pois são apenas os sujeitos passivos da ação. Só quem pode mudar alguma coisa é quem sabe que tem culpa. E se ninguém é culpado de nada,  segue-se que ninguém pode fazer nada. 

25 de mai. de 2016

Ovos

Não tenho mais aquela infinidade de postagens pre programadas. Não que me falte assunto mas escrever é como se locomover em um campo minado. Há uma infinidade de assuntos proibidos. Aliás os melhores temas ou são proibidos ou devem antes ser esterilizados.

Há opiniões ofensivas, categorias de pessoas que não devem ser tocadas... E quanto mais a gente evita pisar nos ovos, parece que mais ovos aparecem.

Esses dias fui criticada porque falei em "calcinhas". Outro dia me flagraram usando uma ironia que poderia não ser compreendida pelos negros. Fui lá e tirei. Foi o único momento em minha vida em que me senti caucasiana.

Os bons escritores, os verdadeiros, que nasceram cheios de palavras e tem tudo transbordando, essas pessoas querem mais é que tudo vá às favas. Eles falam, pintam, mencionam, expõe a si  mesmos como se estivesse mexendo nos outros. E mexem como os outros com a liberdade de quem tira a própria roupa.  Confessam, resmungam, apontam o dedo, cutucam, espetam, jogam carapuça, pintam os canecos!

Acho que em termos de relações políticas são uns desastrados e se não fossem não teria graça nenhuma o que escrevem.  Ou quem sabe são apenas ingênuos?  Acho que eles todos vivem em outro mundo onde a arte é mais importante do que as relações humanas.

Pense comigo: será que o Vinicius não tinha amiga feia quando disse que "a beleza é fundamental"? E como Florlbela Espanca não mantinha nenhum orgulho ao mostrar sua fragilidade diante de um amor não correspondido?  E será que Garcia Marques não tinha nenhuma amiga idosa para ter a coragem de dizer que velho tem cheiro de velho e esse cheiro não é nada agradável? Quando ele escreveu isso não pensou nas tias? Nas amigas? Mãe? Não, não pensou. Nem por um minuto. Por isso ganhou o Nobel de literatura. E Graciliano Ramos, em Vidas Secas? Lembram daquela parte em que fica claro que o velho doente estava atrapalhando a tudo e a todos? Pois é. E Machado de Assis ridicularizou a virtude humana, fazendo-nos rir da sua falsidade. 

É disso que estou falando: ovos.   Havia ovos no meio do caminho. No meio do caminho havia ovos. Não consigo passar por cima de tudo como um trator. Não passei no teste. Desclassificada. 

Se eu pudesse faria como Brás Cubas: jogava tudo no ventilador depois de morta. Mas não há garantias de que terei um computador no além.

Pois é, há coisas que não podemos dizer para não sermos julgados. Mas afinal de contas quem foi que nos ensinou que a vida se resume a promoveremos a nossa própria imagem? Quem nos convenceu de que dedicar tanta energia (ou represar tanta energia) nessa intenção adiantaria alguma coisa? 

Já disse certa vez: a liberdade é imposta pela natureza. Quem é realmente livre tem dificuldade em se livrar dessa sina; faz tudo o que quer, paga caro mas não consegue parar. Não tente ser assim se você não nasceu assim.

Pensamentos dispersos


1- Pena de morte?  Eu teria coragem de executá-la? Não. Então acho que seria meio cínico ser a favor para os outros sujarem as mãos.

2- Crime: não existe remédio doce pra essa doença.

3-  Drogas: vítima das drogas são os pais do viciado e todos os que são assaltados todos os dias para sustentar seu vício. O viciado não é vítima, mas réu.

4- Ajudar países em crise? Por que não construir mais colégios e hospitais aqui? Quem não tem pena nem do seu povo não tem pena de mais ninguém. Há algo de podre nesse tipo de caridade.

5- Gravidez na adolescência? Não é falta de informação, é falta de responsabilidade.

6- Homossexualidade:  minha opinião é tão livre quanto a sua genitália.

7- Ser rico: só empolga no primeiro momento. Tudo depois é só medo de perder.

8- Empregada doméstica: profissão mais light do que ser professora ou caixa de supermercado.

9- Falsidade: o falso é alguém que se reconhece péssimo. Ele sabe que é uma pessoa tão sem virtude que para ser aceito tenta parecer ser outra pessoa bem diferente de si.

10- Beleza: é relativa... mas todo mundo sabe descrevê-la muito bem.

11- Pobreza: é herdada, assim como a riqueza. A culpa? Remonta os primórdios.

12- Crime: só existe enquanto compensa.

13- Imposto de Renda: se o Governo consegue controlar a vida de todo mundo para tirar dinheiro, por quê não consegue controlar todo mundo para dar segurança?

14- INSS:  você consegue entrar no site da Receita Federal para alterar seus dados e assim conseguir ganhar todo ano uma bolada de devolução de Imposto? Não? Por quê? Porque eles não deixam. O sistema é seguro. Então porque qualquer mané consegue fraldar o INSS? Porque o melhor da informática só funciona para nos tirar dinheiro mas não funciona para proteger o nosso dinheiro.

15 - Socialismo/comunismo: está para a política assim como o câncer está para a saúde.

16 - Ateísmo: um tipo de daltonismo espiritual. A pessoa simplesmente não percebe.

21 de mai. de 2016

A Rede Social - Mark e VOCÊ

Já comentei esse filme em meu blog de cinema, mas acho que você não leu então repetir é preciso.

Além da história, que é interessante, uma coisa que me deixou pensativa foi o personagem principal. Não exatamente ele, mas NOSSA reação a ele.

A maneira como NÓS reagimos ao personagem parece ser um desconfortável indício de pequenez da NOSSA parte. Mark Zuckerberg - personagem principal - é esquisitão e inteligentíssimo. Normal. Todo inteligentíssimo é esquisitão e todo o esquisitão a gente torce para ele ser pelo menos inteligente. Bem, e Mark não é muito simpático. O estranho é que a gente acaba gostando dele. Como? Aí é que está.

Mark é brilhante, inventivo, jovem, fala o que dá na cabeça, é ambicioso, convencido e não resiste a uma oportunidade de crescer, mesmo que isso lhe custe as mais caras amizades. Ele simplesmente não consegue parar. Essa é a grande tentação da sua vida. É como se uma força superior o puxasse para cima e ele tivesse que cumprir seu "doloroso" carma. Deveríamos odiar Mark. Porque isso não acontece? Porque mesmo assim ele é tudo o que VOCÊ quer ser.

(Isso não é acusação, mas retórica. Combinado?)

Uma pessoa de bom coração morreria de raiva dele. Ei, pessoas de bom coração tem raiva de alguém? Ah, deixa pra lá. O fato é: como ter  raiva se ele é tão inteligente e ainda por cima está ficando milionário? Amigo, se foi desse jeito que você sentiu o personagem, bem-vindo ao clube: você não é uma pessoa tão boazinha assim e é igualzinho à sociedade que costuma criticar. Acho que o filme quis inquietar.

Em alguns momentos a história parece estar mais para drama psicológico. Para mim foi um drama psicológico. Dá pra entender um pouco da dor de todo mundo. Ser um gênio que enriquece pode levar a pessoa a um deplorável estado de solidão. Mark nos dá inveja, raiva e pena, tudo junto. É uma mistura improvável de sentimentos, mas isso existe. Experimente.

Sabe outra coisa dolorosa do filme? É eles jogarem na nossa cara, impiedosamente, que não há remédio para a mediocridade. Gênios já nascem prontos e se você não nasceu assim, paciência. Sorry, periferia!

Li uma critica que dizia, brilhantemente, que "No fim das contas, embora o Facebook trate de conectividade, David Fincher está fazendo um filme sobre a dissonância. É como o ruído que persiste na trilha de Reznor, literal e metaforicamente." É isso aí.

Mas não somos tão ruins assim. Fora a pena/inveja que sentimos do sócio de Mark, ainda conseguimos sentir um dó descomunal dos gêmeos belíssimos, educadíssimos, finos, sarados, bons e inteligentes que sofrem horrores ao serem humilhados o tempo todo pelo QI e pela fraqueza moral de Mark.

Essa dor acaba sendo a nossa redenção.

17 de mai. de 2016

As rebeliões nos presídios e as onças

Rebelião? Fácil fácil de resolver...

Tempos atrás assisti, boquiaberta, a mais uma evidência de que muitos dos habitantes dos presídios do Brasíl já deixaram ser ser humanos há algum tempo. Bandidos indignados decaptavam companheiros, exibiam cabeças, arrancavam olhos e clamavam por maconha e celulares - o que nos leva a concluir que prisão é bobagem; castigo mesmo é privá-los dessas duas coisas. 

Sim, essas pessoas não são mais humanas. Em algum momento de suas trajetórias elas perderam a alma.  São uma estranha mutação, uma degenerescência. Ou quem sabe sejam até mais evoluídos do que nós. Sério. Se considerarmos que eles estão muito mais aptos a sobreviver em ambientes inóspitos do que a gente, e que eles povoam o mundo com muito mais liberalidade... Se considerarmos esses dois fatores, eles são mais evoluídos sim.

Claro que não estou aqui para defender essa tese, mas nesse gancho a minha mente acabou esbarrando em considerações a respeito das rebeliões nos presídios.  Pra começar a lidar com o assunto da forma correta temos, em primeiro lugar, que nos programar para tratar os não-humanos como não-humanos. Que tal como onça? Explico: 

O que as autoridades fazem quando uma onça foge do zoológico? Matam? Não. Simplesmente miram e dão um tiro certeiro com um poderoso calmante. Pronto, acabou a valentia!  Absolutamente eficaz. Agora eu pergunto: o quê impede as autoridades de fazerem o mesmo com os bandidos revoltadinhos? É só criar armas que metralhem milhares de bolinhas de sonífero. Nem o pior atirador do mundo erraria uma rajada de calmantes na distância de 4 metros em alvos enjaulados.  É só disparar e esperar os valentões caírem um por um como moscas. Aí pode entrar, desarmar, recolher e isolar. Acabou-se a revolta.

POR QUÊ, AO INVÉS DE FICAREM ATÔNITOS TENTANDO NEGOCIAR COM BANDIDOS, ESSES BABACAS NÃO FAZEM ISSO?  Seria a glória para os Direitos Humanos! Ninguém mataria, ninguém morreria.

Outra solução seria liberar gás sonífero pela tubulação anti-incêndio. Ou os policiais entrariam com trajes próprios direcionariam mangueiras (ou algo que o valha) contra a bandidagem com nuvens e nuvens de gás. O trabalho seria só de desarmar e recolher "as vítimas da sociedade" para um sono calmante e prolongado.

Não consigo ver contraindicação.  Concordam?



16 de mai. de 2016

Presente pra vizinha

As pessoas me conhecem? Refiro-me aos amigos.  Presumo que não. Claro que não. 
Nenhum momento é tão revelador do quão desconhecida eu sou do que quando recebo presentes.
Geralmente as pessoas que compram coisas que são "a minha cara" acertam na vizinha, não em mim. Mas aí que a coisa começa a ficar intrigante:   Em um segundo momento percebo que adoro receber presentes pra vizinha.  Justamente aquilo que não tinha nada a ver comigo passa a adquirir uma nova coloração, então me pego perguntando a mim mesma "bacana! Como não pensei em comprar isso antes?!"   

Afinal de contas o que as pessoas veem quando me olham?  Eu passo uma imagem diferente do que sou ou passo a imagem exata?  Nesse caso a falta de percepcao não é dos outros, mas minha. Caio então em reflexão. Não é intrigante que eu sempre acabe adorando esses presentes que  "não tem nada a ver comigo"?  E quem é "migo" , afinal? 

Se gostei , isso quer dizer que o que não tem nada a ver comigo tem muito mais a ver comigo do que a imagem que tenho de mim mesma. Desconcertante. Nesse caso... A vizinha sou eu!  E essa que vos fala, sinceramente não sei quem é.


13 de mai. de 2016

O nosso Al Capone

O NOSSO AL CAPONE:

Lembram do famoso mafioso Al Capone?  Ele cometeu muitos e muitos crimes.  Era algo sabido e notório, o que o tornava um homem poderoso e temido . Seus crimes, entanto ,  eram de difícil comprovação. 

Bem, Al Capone tinha que ser detido de qualquer forma. A mafia estava contaminando tudo, estava matando muita gente e desafiando as leis. Cada dia Al Capone se tornava mais violento, temido e poderoso. O único jeito encontrado para dete-lo foi processa-lo por sonegação de imposto.

De fato "sonegacao" parecia ser um crime de pequena gravidade se comparado aos demais. Mas foi esse crime que o tirou de circulação.

Exatamente assim ocorreu com a Dilma. Estava destruindo a economia nacional inclusive através de doações ("empréstimos amigaveis") a outros países. Sustentava a milícia armada terrorista chamada MST  , "importou" falsos médicos para exercer ilegalmente a medicina no país ...  Utilizou ilegalmente dinheiro do fundo de pensao dos correios,  prejudicando terrivelmente centenas de funcionarios....  etc. Mas até tudo isso ser completamente esclarecido ela já teria terminado o mandato e arrasado mais ainda nossa economia. O jeito de parar sua assombrosa incompetência foi acusando-a de  cometidento de crime de responsabilidade.

Ela de fato o cometeu mas para muitos tal crime é brando demais e deveria ser deixado de lado. Só que foi justamente esse ilícito que nos garantiu seu afastamento. Foi o mais documentado e rápido  de provar. 

A Dilma é o nosso Al Capone, preso pela "besteirinha " de sonegar imposto.

11 de mai. de 2016

Regra do tempo

A época em que eu mais escrevi foi justamente na que menos tive tempo. Tantos afazeres, tanto o que escrever. Então eu lamentava que a vida não se deixasse observar, que fosse tão apressada e cheia de exigências. Eu sonhava com o dia em que poderia dispor do tempo que fosse necessário para fazer tudo aquilo que eu achasse necessário. Como se se tratasse de uma prateleira, eu sonhava em pegar mais algumas latinhas de tempo, encher meu carrinho e sair toda faceira para dar um jeito no meu meu universo.

Houve uma época em que eu me levantava antes do sol , para correr. E corria. Cheguei a conhecer cada buraco das calçadas, cada cachorro das redondezas. As casas bonitas, as casas descascadas, as casas abafadas.  Algumas casas bocejavam em mim. Eu sentia o bafo quando passava rente nos meus trotezinhos de pseudo atleta.  Portas entreabertas. cheiro de café, roupa amarfanhada, xixi de gato. Algumas casas acordavam cedo, outras abriam os olhos só no meu retorno. Nenhuma me saudava, mas me olhavam, me reconheciam. Sabiam quem eu era.

Acho que as casas mais felizes tinham vovós ou eram de recém casados. As casas mais tristes não tinham crianças, só adultos enjoados, metidos em subempregos.

Houve um tempo em que fiz o contrário: chutava as atividades físicas para a noite, depois do trabalho.  Largava a seriedade da vida e incorporava shortinho e top. Aí se resumia toda a minha rebeldia.   Ah: e eu não me apressava em voltar pra casa. Foi uma época triste. Não era pra ser porque eu gostava da academia a noite.  Nunca mais estive tão em forma. Magra, sem celulite, toda durinha. Saudade.  A alma estava um caos  mas ninguém nem notava.

 Na hora do almoço eu ia ao shopping, as vezes ao supermercado,  ao cartório, à oficina,  médico , salão, laboratório. Eu era eficiente e não sabia.  Devia me sentir orgulhosa mas ao invés disso preferi apontar meu olhar para um futuro glorioso no qual eu faria tudo isso e muito mais, e com as unhas impecáveis.

Bobagem.

Há algum tipo de feitiço no tempo. Só conseguimos fazer tudo quando não temos tempo. O universo ajuda os ocupados.  Mas quando temos tempo, ele nunca é suficiente.  O universo se ressente contra as pessoas mais livres. Isso não tem lógica mas é assim que as coisas são.

Deve haver alguma lição cósmica nesse assunto, alguma coisa que... não consegui agarrar.   Intuo um ensinamento flutuante a rondar por aí como uma pena ao vento. Por que não tenho tempo agora, que o tenho? E por que eu o tinha quando mal conseguia tocá-lo?

Estou há semanas sem ir à academia. Nunca mais escrevi aqui no blog. Inclusive nesse momento não estou escrevendo, como você pode notar. Não visitei minhas amigas, não aderi a um trabalho voluntário. Estou cansada, os dias estão mais curtos. Perdi as rédeas.

Minha vida mudou radicalmente de uns poucos anos para cá. Cheguei dessa viagem de mudança e ainda não consegui organizar as roupas das malas. Isso me incomoda. E como tudo está bagunçado, receio um dia acordar e descobrir que os dias resolveram passar de três em três...  e quanto a gente se distrai demais ele se irrita e resolve dar uns saltos de uma semana.

É ruim andar de olhos fechados no corredor imaginando que tenha grande extensão e, de repente, dar de cara com a porta de saída.

9 de mai. de 2016

O que é ser "Emo"



Hoje estou emotiva e com vontade de abrir o coração. Sente aí e me ouça.

Sempre pensei assim: que temos que viver plenamente todas as fases da nossa vida. Se uma delas nos for surrupiada nosso espírito nunca descansará em paz - e não me refiro a nada pós morte. 

Você não tem nenhum amigo meio velhote mas que não se convence disso? Está enrugado mas jura que é garotão, os programas são de garotão, conversa como garotão, raciocina como garotão... Na verdade você nem aguenta o cara. Por que ele é assim? Porque provavelmente não teve adolescência. Isso acontece também com mulheres que supostamente teriam o "espírito jovem".

Espírito jovem nada mais é do que mentalidade que não evoluiu, não passou para a próxima fase do vídeo game e fica repetindo o jogo para sempre. Acho meio patético. Não quero ficar assim. 

Isto posto, continuo: sabe, praticamente não tive adolescência. Claro que você não quer ouvir o lero-lero que me leva a dizer isso. Vamos pular essa. O fato é que minha infância foi beleza mas  por muito tempo da minha vida adulta eu quis viver mais um pouco da minha adolescência, pelo menos por uns meses. Eu achava que só assim eu entraria com a cabeça erguida (sem micos) da maturidade. 

Uma das coisas mais adolescentonas que conheço é ter uma turma, uma galera, uma tribo. Cara, uma tribo, era isso o que me faltava! Quem sabe se eu me adequasse a um grupo poderia viver uns lances maneiros, não é?  Pensei muito tempo sobre isso. Como sou "um pouquinho" indecisa, estou pensando até agora. Não posso precipitar uma decisão assim tão importante. É da minha adolescência que estamos tratando!!!! Pesquisas seriam necessárias.

Um dia...  Li no blog de uma adolescente (Cristiane Reis) a explicação de o que seria ser um Emo (ou, no meu caso, uma Ema????).

Sempre me identifiquei muito com os hippies... mas eu era jovem demais na época do auge do movimento. Lamentável...  É como dizia o Veríssimo: "Nasci na época errada. Eu era jovem demais para ser hippie, agora sou velho demais para ser punk..."   Ele escreveu isso a pelo menos uns 15 anos e tem a ver comigo.

Lendo o texto que colarei abaixo adianto mais uma desilusão: eu bem que gostava dos punks mas... minha alma sempre foi mais leve do que aquilo. Algo me dizia que haveria de surgir uma "tribinho" mais amena para mim. Surgiu mas... será que também tô fora?  Veja e analise o texto de Cristiane Reis. Os comentários entre parêntesis e em negrito são meus.

"O que é ser Emo?Emo é o jovem  (ihhh! Dancei!) que alia som pesado à sexualidade flexível.  Faz parte de uma nova tribo que está surgindo em substituição às patricinhas (que os homens não admitem mas adoram), aos góticos (eu gosto) e neo-hippies. O que distingue o emo não é só a música, e sim as atitudes. O nome vem de emotional hardcore (???), vertente do punk que mistura som pesado com letras românticas (ah tá). Ele têm entre 11 e 18 anos e, nas roupas, é capaz de misturar as botas do punk, o colar de Wilma, a mulher de Fred Flintstone, e uma camiseta com a gatinha Hello Kitty (ih!). Não esconde os sentimentos, expressa abertamente suas emoções  (tô dentro), preconiza e pratica a tolerância sexual (não "na minha"). Gosta de música emocore (cumé?). O estilo mescla a batida hardcore com letras românticas e poesias adolescentes. Vive na internet e no Orkut  (...ou Face). É emotivo. Chora ouvindo músicas que falam de amores perdidos e rejeição dos pais (essa parte é fácil também). Dá demonstração explícito de carinho (sou fraca nesse quesito). Se beija e se abraça em público (hhmm), seja com pessoas do sexo oposto, seja com as do mesmo sexo. Aceita a opção sexual do outro sem preconceitos. Escreve diários, poesias e músicas. Seja ele menino ou menina. Usa roupas que mescam a rebeldia punk com os ícones infantis. Menino ou menina usa rosa . Usa cabelos lisos com enormes franjas no rosto. Usadas somente de um lado, denotam certa ambigüidade sexual. Não curte drogas (será?). Luta por um mundo sem violência, em que um dia todos se abracem sem parar (que meigo!)

É, não deu pra mim. Vou esperar a próxima moda.



1 de mai. de 2016

Madrugada

Madrugada. Pedi a noção da hora.  Nem sono nem disposição. Apenas existo em um estado de alerta meditativo. Existo como uma antena pronta para todo tipo de recepção. Quero perceber coisas da noite.

Talvez o único grande mistério da noite seja a sua capacidade de subjugar todas as pessoas. A noite impõe sossego como um pai mandando as crianças para a cama. É simplesmente mágico que todos obedeçam.  

Por algum motivo a madrugada me remete à ideia de eternidade. Acho que eternidade é quando o tempo não se faz sentir. É quando ele, consciente da sua inutilidade, retira-se de cena na ponta dos pés e ninguém sente a sua falta. Então o tempo passa a ser apenas um fantasma no qual ninguém mais acredita.

Tédio pressupõe passagem do tempo. Não há tédio onde não há tempo.

Madrugada. Gosto de me sentir senhora de mim. Ninguém me observa ou impõe comportamentos. Dessa liberdade imagino coisas.

Madrugada. Penso nesses milhões de pessoas dormindo como se fossem bebês barulhentos que, finalmente, entregaram os pontos. Bebês difíceis, trabalhosos. Agora estão calmos, dormindo consolados das agonias do dia. Talvez seja essa a melhor parte do dia: quando grande parte do mundo se torna um imenso berçário.

Todas as pessoas são boas enquanto dormem. Seus piores pesadelos não afetam o mundo exterior. São inofensivas e desprotegidas, o que me desperta uma quase ternura. Quando os vejo assim, rendidos, perdoo-os todos.  Todos tem salvação. Tem sim. Se Deus quer salvar a humanidade deve colher nossas almas durante a noite,  enquanto dormimos.

Por um instante me comprazo em imaginar que seria viável acreditar que todas  as pessoas são reprogramáveis para o bem.  Ou que pelo menos todas são suscetíveis de serem contaminadas por um tipo raro de bactéria que as levasse a um comportamento diferente.

Numa manhã qualquer, assim do nada, as pessoas acordariam esquecidas das coisas de gente grande. A inocência do sono se expandiria, invadindo também as horas de vigília.  Então todos acordariam com um outro coração, uma outra disposição para com o próximo. Esqueceriam das porfias, dos rancores, vaidades e inquietações. Acordariam leves e descansadas como se tivessem hibernado meses.  E iam querer tão somente aproveitar o sol , ir pra rua de chinelos, espreitar borboletas e fazer amizades. Todos se deslumbrariam com os pequenos insetos, com os pássaros assustados das metrópoles e folhas empoeiradas que se desprendem das árvores.  Puxariam conversa com o mendigo, com o vizinho e o moleque da esquina e dariam toda a atenção do mundo ao que eles respondessem. Esqueceriam de cobrar as dívidas e também de pagá-las.

Com tantas doenças surgindo, de repente me parece razoável que algo novo e muito contagioso esteja sendo gestado em algum lugar. E essa coisa contaminaria as pessoas para o bem. Por que não? Isso aconteceria obviamente durante a noite, no rastro da madrugada, quando ninguém se defende de nada.

Quem sabe ... quando a gente menos imaginar pode acontecer uma contaminação de grandes proporções , que  leve as pessoas de volta à humanidade inicial. Voltaríamos a ser o que nunca deveríamos ter deixado de ser. Perderíamos totalmente o apetite para o poder ou ostentação.  Todos acordaríamos cheios de perdão e simplicidade. Talvez não um perdão consciente, nascido de um esforço bem intencionado. Falo do perdão verdadeiro, aquele que acontece sem a gente se dar conta;
aquele que brota sem ser chamado só porque o terreno do coração é bom. Refiro-se ao perdão das crianças: o perdão do esquecimento.

Um dia... quem sabe... todos acordaremos irreconhecíveis e nos sentiremos muito bem com isso. Esqueceremos o que já passou e flores rebentarão do asfalto.



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