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28 de nov. de 2012

Reflexões sobre o samba *

Depois de longa observação, pesquisa e meditação cheguei ao veredicto:  samba é coisa de Deus.  Foi ele quem bolou todo o lance.   Bolou pra nos dar uma colher de chá nessa nossa vidinha você-sabe-como. Sacando nossas saudades, tristezas, sonhos interrompidos, dívidas e carências ele jogou lá do alto o batuque, acordes, cadência e molejo. "- Pega aí, moçada!"

Pois é, pra chorar ou rir, para comemorar ou enquanto esperamos que a vida se resolva, o samba é uma lindeza ritmada.  Ele pinta de bonito qualquer dor que a gente sinta.

O samba irmana os desiguais. O samba entende a gente. debaixo de um batuque o impulso é cantar, rir, suar, todo mundo junto. Todo mundo fica amigo. Quem já se arrepiou entende do que estou falando.

Você está em casa desmotivado e chocho, mas quando o samba chega ... aquela coisa boa vai tomando conta e tudo vira uma bolha de beleza compartilhada, de animação quase infantil. Sambando a gente diz coisas, sofre sorrindo e pede a ajuda de Deus. Talvez por esse motivo que Vinícius de Moraes tenha dito que  "o bom samba é uma forma de oração". É verdade.  Ele disse também que "o samba é a tristeza que balança". Não tenho melhor definição.

Sambar é falar de amor e de dor com graça, como se não doesse. É tornar-se humano e ao mesmo tempo elevar-se acima de tudo o que é simplesmente humano. É tecer numa canção todos os fatos da vida, fazer uma passarela e sapatear em cima.  Viver o samba é falar de desencontro como se fosse encontro, despedida como se fosse abraço, lágrima como se fosse felicidade. O samba é o consolo de quem sofre, a união dos que não se conhecem, o beabá da paixão e do desejo. É ainda a prova incontestável de que somos feitos para algo maior, seja lá o que isso signifique pra você.

O samba é a mão que levanta nosso queixo e se não nos tira a dor, pelo menos nos ensina a sofrer com galhardia. Cair no samba é dar de cara com uma felicidade inesperada, injustificável e gostosa.

Arrepie-se:  PELA PORTA ABERTA ,  FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA ,  VAI PASSAR , É HOJE ou O QUE? É O QUE É?  Samba que não arrepia é transa sem orgasmo: ruim não é, mas fica faltando alguma coisa.


É "iluminante" poder cantar bem alto "DIGA ESPELHO MEU SE HÁ NA AVENIDA ALGUÉM MAIS FELIZ QUE EU!"


24 de nov. de 2012

Férias na Alsácia (re-publicando uma postagem antiga)



Esses dias, sem mais nem menos dei um clique aleatório e conheci um blog de uma garota desconhecida. Ela mostrava, em dezenas de fotos, suas férias na Alsácia: "Vacances 2007 en Alsace."
Moça branca de rosto bonito, um pouquinho acima do peso e com espinhas. Quando comecei a ver as fotos, estranhamente, fui tomada de uma dorzinha que depois identifiquei como sendo melancolia. Sabe quando a gente começa a "lembrar e sentir saudade de coisas que não aconteceram"?  
Estava friozinho na Ausácia e a moça parecia estar só. Não dolorosamente sozinha, mas no contexto de uma solidão gostosa de quem viaja mas não pode levar ninguém junto. Ou talvez a solidão de quem viaja entre o fim de um namoro e o começo de outro. Seu rosto tinha a expressão discretamente alegre de quem está feliz mas não tem com quem gritar "uau!" Ruas cinzentas.
Tudo parecia arrumado, silencioso e cinzento nas fotos. Ônibus, casacos, prédios antigos, idosos, frio. Fazia frio nas ruas limpas, muito limpas e tão distantes daqui. Senti vontade de sentir frio. Senti vontade de ir para a Ausácia sozinha e sentir frio, e ouvir meus próprios passos nas ruas, decididos e sem pressa. Tive vontade de tirar fotos de mim mesma no automático da máquina e sentar na praça, pegar chuva fina, ficar debaixo da marquise com olhar distante, tomar chocolate quente ao lado de outro forasteiro. Senti vontade de sentir saudade e sentir distância, tudo isso no frio. Senti saudade de me sentir em outro contexto, solta, cara a cara com uma vida alternativa.
Melancolia, melancolia com a quelas fotos de igrejas graves, de transportes de primeiro mundo passando por prédios antigos. Saudade do que não vi em um lugar que não conheço. Fiquei com frio na alma, procurei um agasalho dentro de mim e não encontrei. Nem marquise, nem chocolate.
Quero ver a vidraça chorar no inverno e sentir o frio de final da tarde afugentando os transeuntes. Senti saudade, dor e saudade e frio e vontade de reencontrar a parte de mim que sai de férias de mochila e vai para a Ausácia. 

23 de nov. de 2012

O mico do Black Friday

Talvez por um novo rim ou coração para transplante eu entrasse numa fila dessa. Talvez por comida,  se meu país estivesse em guerra e criancinhas morressem de fome ao meu redor. Fora essas necessidades, não consigo imaginar nada tão desesperadamente útil que me fizesse pagar mico numa fila como essa da foto. E a noite, no frio!

Computador? Celular? Televisão? Barbeador? Dane-se, eu posso viver sem.  O eletrodoméstico mais útil que conheço é a máquina de lavar. O preço de uma, dividido em 10 prestações, a maioria dos assalariados pode pagar. - inclusive eu.

Sério, não dá para entender as pessoas se submeterem a isso só para dizerem que economizaram 30, 50%.  Sinceramente, o meu conforto vale mais do que o desconto que eles oferecem.

21 de nov. de 2012

Diferenças sutis


Agora está na moda afirmar que "não preciso ser magra para ser bonita." Como se minha decisão tivesse o poder de mudar o gosto alheio.

Ultimamente estou me detendo em refletir sobre as coisas que confessamos sem querer. Os famosos "atos-falhos". Acho que esse é mais um deles.

Fazer de conta que minha decisão pode mudar o gosto alheio é uma bobagem. É também uma "auto trairagem", uma humilde confissão. Dizendo isso estarei admitindo que a partir de agora vou viver da fantasia de que todos me acham bonita sendo gorda. Em outras palavras: "para mim é relevante que me achem bonita; não posso ser feliz sem a aprovação - fictícia ou não. Então decidi me convencer de que essa aprovação existe."

Não estou dizendo que não existe. Não estou dizendo que os gordos não são bonitos. O que estou explicando é que quando uma pessoa diz algo assim, está na verdade confessando que acha o contrário.

Entenda: dizer que "decidi que não preciso ser magra para ser bonita" é muito diferente de dizer que "Decidi que não preciso ser magra para me sentir bonita".

A primeira frase é uma confissão de que me sinto infeliz porque acho que os outros me acham feia então daqui por diante vou me convencer de que todos me acham bonita mesmo sendo gorda.  A segunda frase diz que "para eu ser feliz basta que eu me sinta bonita e para isso eu decidi que não preciso ser magra." 

A segunda frase mostra um estado emocional melhor do que o primeiro, mas ainda não é o ideal. Bom mesmo é não precisar se sentir bonita para ser feliz até porque a maioria das pessoas não são visualmente bonitas.   Para mim a frase ideal seria: "Finalmente entendi que não preciso ser bonita para ser feliz." Isso sim é estar livre da aprovação dos outros. É estar se lixando para padrões.

Enquanto precisarmos de que os outros nos achem bonitas, não estamos bem. Mas também não estarei 100% bem comigo mesma se para eu me aceitar for preciso convencer-me a mim mesma de que sou bonita. Por quê a beleza é o parâmetro supremo da felicidade?  Não dá para eu me olhar no espelho, perceber que não sou bela mas não me magoar com isso e levar a vida na boa?

Não estou dizendo que alcancei esse estado de graça. Estou aqui refletindo com você e percebendo o quanto somos frágeis, o quanto o olhar alheio nos afeta e o quanto somos tolos com nossas bravatas de Facebook.

20 de nov. de 2012

Fera Ferida

(Do fundo do báu!)



Fera Ferida
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos

Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída...

Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes
No peito atingido...

Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você...

Eu sei!
Quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei!
O coração perdôa
Mas não esquece à tôa
E eu não me esqueci...

Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração...(2x)

Eu andei demais
Não olhei prá trás
Era solto em meus passos
Bicho livre, sem rumo
Sem laços!...

Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar
Um amigo...

Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz
De esquecer...

Eu sei!
Que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei!
Que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci...

Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração...(2x)

Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração...(2x)

17 de nov. de 2012

Oração da Maçaneta

Lindo poema de Gióia Júnior, recitado por mim. Tudo a ver com mãe, com filho, com a angústia da espera quando eles saem a noite. Tudo a ver, ainda, com o Dia das Mães, mas como dizem que todo dia é dia da mãe...


8 de nov. de 2012

Voltamos à questão dos escravos



Não dá pra continuar calada.

Se existe uma coisa que me tira do sério é quando, na discução sobre a violência, vem um "iluminado" dizer que a culpa é minha.

Tem sempre um bonachão rondando pra dizer que "somos todos culpados". Se "somos todos" quer dizer que estou incluída. Isso é um desaforo! Ouvir esse tipo de afirmativa é como levar um tapa.

Sempre trabalhei, criei meus filhos, não uso nem vendo drogas, não coloco armas nem celulares nas mãos dos bandidos, não assalto ninguém, não bolino crianças, coopero com obras sociais, procuro ajudar meu próximo e pago impostos que tem como finalidade solucionar os problemas sociais que não causo, mas dos quais sou vítima.

Não estou escrevendo isso para me candidatar em algum processo de canonização. Quero apenas proclamar que não sou a vilã da história, mas uma de suas inúmeras VÍTIMAS.  Não sou a Madre Tereza de Calcutá, mas vir me jogar na cara que "a culpa é nossa" dá ódio. Não, não estou a fim de posar de "intelectual-consciente-engajada".

Os "engajados-chiques" (entre aspas, porque geralmente nem engajados são) anunciam que "somos todos culpados". Só que essa frase patética não nos leva a nada. Quando a discussão chega nesse ponto ninguém mais sai do lugar. E desconfio de que seja essa a intenção.

Inocentar o culpado é GROTESCO.  E quando se diz que a culpa é de todos, acaba que ninguém deve ser detido ou punido. Fica tudo no genérico, no mundo das idéias estéreis.

Pense nesse exemplo:

Uma mulher sem instrução se "deu" para um marginal (desculpaê!) e pariu 6 filhos sem ter condições financeiras mínimas para sustentá-los. Como consequência não alimentou corretamente nenhum deles nem os educou.  Isso é lamentável então quero poder ajuda-la de alguma forma, quero que ela e seus filhos tenham chance de levar uma vida melhor. Você também quer isso! Ótimo!  Mas que fique muito clara uma coisa: eu não contribui para a triste história dessa mulher nem dessas crianças. Se quero ajudar é porque quero ajudar, NÃO POR SENTIMENTO DE CULPA. Não tenho ingerência alguma sobre os hormônios dela nem do companheiro de cópula.

E esse casal hipotético precisa entender não apenas que foram vítimas de uma realidade cruel mas que também fizeram merda na vida.

E por mais pateta que essa mulher seja, um pingo de culpa ela tem sim. E por mais sacaneado que o adolescente seja, há um momento no qual ele tem clara noção da escolha entre o bem e o mal.

Sobre o bandido violento, o negócio é o seguinte: se ele não sabe o que faz nem tem responsabilidade alguma pelo mal das suas ações, então ENJAULE. Como se enjaula uma cobra, um jacaré, uma onça.  Não para castigar, porque ele não tem culpa, ele é produto do meio, bla bla bla, mas enjaule para a proteção da sociedade.   Mas se a tese não é essa e você acha que ele é um ser humano dotado de consciência, então vamos responsabilizá-lo, pô!!!! Decidam o que vocês querem. Voltamos à questão dos escravos: tem alma ou não tem alma?  O que não dá para aceitar é essa ideia de deixar uma onça faminta solta pelas ruas da cidade só porque ela não tem culpa de ter nascido onça.

Sentimentalismo vazio cega a gente para a realidade. Será que TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS os bandidos fazem o que fazem porque não tem outro horizonte? Não há maldade nessas pessoas? Será que todo mundo que rouba o faz apenas pra comprar comida? AI QUE ROMÂNTICO!!!! Ninguém rouba pra comprar drogas não?  E quem usa drogas não sabia que estava desobedecendo a lei e nem tinha noção de que faz mal e que vicia? Ai que bebezinho lindo!

Esse pessoal que culpa todo mundo tem a seguinte visão: enquanto a gente não conserta o mundo, enquanto a gente não neutraliza todas as sementes do mal, enquanto esse dia dourado não chega, deixemos o menor enfiar a faca na barriga da grávida. Deixemos que pessoas sejam sequestradas, baleadas, roubadas porque "a culpa é da sociedade."

Vou te dizer uma coisa: se prender não resolve, fazer nada resolve menos ainda. 

Maria Photoshop

Acabei de checar o texto do blog do Carpinejar - Nenhuma mulher se acha bonita. Gostei do texto e quando gosto, comento. Quando não gosto, comento. E quando "muito pelo contrário" também.

O bom de ler textos alheios é que nossos comentários, quando confeitados, viram postagem do nosso próprio blog - veja você que engenhoso!

Pois o amigo escritor dizia que nenhuma mulher se acha bonita e que quando não notam os mil defeitos que ela jura ter, ela entende que isso é descaso do "olhador".  Tipo "seria eu tão insignificante a ponto de não terem notado que meu pé é grande, meus cílios são pequenos, minha cintura é alta e meu joelho é quadrado?"  

Nada disso. Pra mim, mulher bonita se acha bonita sim. Só que quando não enxergam seus defeitos ela fica angustiada pensando que "Só me acham bonita porque não notaram nisso. E quando repararem, será que ainda serei bonita para essas pessoas????"    Essa dúvida é pior do que moratória americana.  A mulher então resolve se detonar de leve. Só para ver se os fãs aguentam o tranco.

Mas não é só para testar os fãs. Ela se põe debaixo da lupa também por outro tipo de medo.

A mulher bonita tem medo de que um dia descubram que ela não passava de uma fraude.  Ela, que nunca se impôs ao mundo como beldade, pode daquiprali ser cruelmente "desmascarada" e pensa: "Melhor eu me denunciar aqui e agora do que quando estiver emocionalmente desprotegida. Melhor agora do que debaixo de algum maldito holofote. Melhor eu me adiantar do que ser apontada como Maria-Photoshop".

Ela tem razão. As pessoas sempre dizem das bonitas:  "Bonita? Imagine! Já notou que ela tem os ombros caídos?"  Eu sou uma. Sempre digo que a Angelina Jolie é composta apenas de beiços e peitos. Não tem cintura, não tem bunda, não tem coxas. Tô mentindo? Fecha parêntesis.

Essa coisa toda funciona mais ou menos como no mundo do crime: quando a pessoa se adianta à polícia e confessa, acaba sendo julgada com mais benignidade.

7 de nov. de 2012

Casamento gay

Sabe o que ainda não entendi? Por que a simples e clara união societária não satisfaz o homossexual que deseja viver junto com a pessoa que ama? Esse contrato, essa sociedade civil, resguarda seus direitos perfeitamente. Essa coisa de "casamento" tem a ver com religião, com espiritualidade, com Deus, com dar satisfação à sociedade... Tem a ver justamente com coisas de uma religião que diz que eles estão errados. Porque só nessas horas desejam aderir aos moldes da religião? Por que não levam o pacote completo então? Se eles não estão nem aí para os textos bíblicos que condenam o homossexuaismo porque querem aderir aos costumes das pessoas que crêem na santidade desses textos? 

Pergunto: pra quê casar? Se a ideia for resguardar direitos - o que é muito justo - a união societária civi, cumpre isso totalmente. A respeito de "dar uma satisfação à sociedade" , convenhamos: o motivo não é esse. Eles já deram uma banana para os padrões formais da sociedade a muito tempo. Agora se a ideia for celebrar o amor, certamente uma bela festa chamando amigos e familiares resolveria esse desejo plenamente. Por que essa tesão de casar igual a homenzinho + mulhezinha?

Gente, isso não é uma crítica, é uma curiosidade sincera. Uma pergunta apenas!!!! Eu só queria entender o raciocínio. Por favor não me prendam, não me apedrejem, não me surrem, não me persigam, não me arrastem pelas ruas pelos cabelos.

4 de nov. de 2012

Realismo


Confesso que sou tendente a uns repentes. Já escrevi sobre minhas "pirações de beleza e poesia generalizadas". O lance é assim: do nada, mas do nada mesmo, reparo que a vida é bela, o mundo é lindo! as cores são extremas! há sons! está tudo em 3D, meu Deus!  Os meus olhos acendem e tudo me parece extremamente belo, cheio de sentimentos tocantes. Uma flor, um chinelo velho no meio da rua, o portão do hospital, o menino tirando meleca, o cachorro pulguento, a adolescente magricela, a velhinha trôpega  - tudo de repente me parece tão lindo e colorido que fico realmente emocionada. Ainda não descobri se esses "tilts" são tocantes ou ridículos. Sou uma alma sensível ou uma alma doente?

Pois é. Hoje aconteceu uma coisa semelhante a isso, mas às avessas.

Não sei se acontece com você, mas há dias em que sou flexada por uma dolorosa frieza realista. Não gosto da palavra "desilusão" porque cheia a romance estragado. É meio brega ficar "desiludida".

O que sinto respinga em todo mundo: amigos, vizinhos, relações de emprego, política, religião e até os cães do bairro. Um dia acordo, junto todas as minhas experiências e considerações e pumba! - o mundo não presta.

Olho em redor e vejo tudo seco. Não chove na humanidade faz séculos. O chão rachou. Ninguém é  amigo de ninguém, o mundo está se acabando, os sentimentos mais refinados evaporaram, a capacidade para produzir arte sumiu. O que temos são gorilas pintando quadros, gralhas compondo, grosseirões em toda esquina, mulheres em prateleiras. Viramos brucutus. Tudo de bom é ilusório, a vida dos outros não passa de propaganda enganosa, ninguém é bonito como na foto e para cada falso sorriso corresponde um balde de lágrimas.  Tenho muito menos amigos do que supunha, minha bunda caiu e vou morrer daqui a pouco cheirando a mofo.

E não pense que com você é diferente. Tente marcar um encontro entre amigos! Ninguém pode. Pense em qualquer coisa entre amigos. Está todo mundo super ocupado ou super cansado de ter estado super ocupado. As redes sociais são como chupetas na boca de criança: só serve para disfarçar por um tempo, mas não enche a barriga de ninguém. Só adia o choro. Organize uma festa e você vai ver que os amigos só vão poder "dar uma passadinha". Todos estão correndo atrás de alguma coisa, e essa coisa não tem o seu nome.

Hoje está tudo em preto-e-branco. Mal posso esperar até a próxima piração. Tomara que seja de felicidade.

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