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8 de mai. de 2018

Dia das Mães

Gosto do Dia das Mães. É que na ocasião me sinto no direito de me sentir especial.

Claro que no meio das alegrias aparecem uns espinhos de melancolia também. Fico lembrando dos meninos quando eram pequenos e de como era bom eu ser o centro da vida deles e como eu podia colocá-los no meu colo e ficar com eles o tempo que eu quisesse. E de como minha palavra era confiável porque eles não sabiam nada do mundo. Para eles eu era um poço de cultura. Hoje é mais fácil que eles me ensinem algumas coisas. As coisas mudam, nossa posição muda. Não sei o quanto e não sei se quero saber.  Bem, essa saudade deles pequenos traz sim certa melancolia. Quer dizer: trazia. Hoje não é mais assim. Registre-se que os netos nos curam dessas saudades. Eu não contava com isso. Essa vida é uma beleza!

Lembro de apertá-los, colocá-los em meu colo, de explicar coisas, de ficar olhando eles dormirem, de trocar fraldinhas, de amamentar. Lembro de mim mesma ocupada em mil afazeres com os quais não me ocupo mais hoje.  Era cansativo e muitas vezes eu queria folga. Muitas vezes quis. Mas eram tempos bons, muito bons.  Eu me sentia incumbida de uma grande missão. Agora não sei bem pra que lado vou.  Isso me leva necessariamente a novas descobertas, novas possibilidades, o que é positivo.

Lembro dos meus biscoitinhos caseiros. Nunca mais tive paciência de fazê-los.  Isso prova que eu era melhor antes?  Tomara que não.  Lembro dos shortes que eu fazia, dos passeios na praça, das historinhas.  Dá uma incrível sensação de riqueza saber que tive tudo isso em minha vida.

Lembro de como eu imaginava o futuro e reflito que agora estou no futuro. Oh, aconteceu! E deu tudo certo. Não fui a melhor mãe do mundo mas acho que posso crer que fui uma boa mãe. Ou pelo menos uma mãe bem razoável.  E lembrando de como eu imaginava os dia por vir, vejo que me enganei bastante. Ótimo.  Eu pensava que com a idade que estou hoje eu seria uma velha caquética e sem vida. Nada disso. Estou me sentindo super bem. Grata surpresa.

Todos temos falhas e dessas falhas vem um medo: o medo de descobrir que os erros foram piores do que se supunha.  O maior medo de toda mãe é de que ela tenha cometido um estrago sem conserto, alguma catástrofe confundida com "errinho". Bem, acho que isso não aconteceu. Se aconteceu não me digam. rsrsrs  Brincadeira, digam sim. Eu aguento.

Presentes são bons. Abraços são maravilhosos. Palavras de carinho são o céu. Mas o melhor presente é poder olhar pra trás e pensar: "deu certo."

Mas o que é "dar certo"? É ver os filhos felizes, com a felicidade possível dentro do que chamamos de "vida real".

De repente me ocorre que muitos criminosos tem direito a "saidinha" do presídio no Dia das Mães. Não seria maravilhoso se Deus permitisse que as mães mortas também tivessem direito a "saidinha" só para visitar os filhos nesse dia?

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