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31 de ago. de 2008

Lago


Saí pra te procurar
E te encontrar
Mas por mais essa vez
Foi inútil.

Juntei cabeça e pernas imaginárias
E beiços e dentes,
Costas e cheiros,
Olhos diversos
Bondosos, perversos...
Mas tua imagem não me veio
Nada coerente se formou

És fugidio como um peixe raro
Como um fantasma recente

Tua imagem não esmaece
Pelo contrário:
Impõe sua existência
Mas treme nas águas...
Treme pouco abaixo
Da superfície do meu lago
E não te fito

Angústia
Minha alma não te olha nos olhos
Por que és assim?

Saí pra te procurar
Saí para interpretar
A imagem trêmula do meu lago morno
Cujo olhar me queima de longe

Tu ainda estás
Num canto obscuro da minha mente
Como um fantasma indeciso
Em tudo o que pulsa
E em todas as chagas
Estás

És tudo o que se anuncia sem se dar
És as horas que não passam
E a mão de névoa
Estendida e intocável.


Cristina Faraon

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