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3 de jul. de 2013

Janelas

Não preciso estar melancólica para afirmar que há algo de terrivelmente triste nas luzinhas amarelas que recheiam as janelas. E você há de concordar comigo, mesmo se estiver feliz.

Quando o hálito das casas escapa num início de noite e o cheiro da sopa ganha as calçadas à altura do nosso nariz, parece que nesse momento muita gente fica órfã.

Luzes amarelas são alegres por dentro mas tristes por fora.

Não é lamentável quando você caminha rapidamente fingindo ter pressa só para pensarem que você tem um mundo cálido lhe esperando em casa?  Talvez seja uma sorte quando pensam que  você "é uma daquelas pessoas egoístas que não precisam de família" .  Melhor o equívoco do que a pena.

Para muitos não há jantar pronto em  casa, a torneira da cozinha pinga, a porta range, há uma infiltração.

São tristes as janelinhas amarelas quando, do lado de fora, nossas botas estão molhadas, os pés estão frios, falta um botão no sobretudo e alguma coisa dói não sei onde. Logo-logo o homem apressado deixará a avenida principal e baterá o olhar nas pedras frias daquela casa da esquina.

Olhando de dentro para fora, a frieza do mundo é decorativa. Como nos cartões de Natal. Por mais que os personagens estejam no frio, todos se dirigem a um pequeno paraíso morno. É assim. Quando temos nosso cantinho é como se todos os outros fossem como nós. Essa ventura imaginário nos embala e o mundo parece um lugar aconchegante e justo. É nessa hora que nos concentramos na nossa felicidade e esquecemos os outros.

Como são distraídas as pessoas felizes!

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