"Somos todos farinha do mesmo saco."
Será? Digamos que sim. Mas...
Observe que mesmo nas farinhas do mesmo saco, os grãos que a integram não são idênticos. Se peneirarmos essa farinha será possível separá-las e rotulá-las em dois sacos distintos: o da farinha fina e o da grossa. E comparados um com o outro eles nos parecerão tão diferentes como se tivessem sido produzidos em locais distintos.
Mas por que estou dizendo isso? Para embasar minha mais nova teoria: a de que, mesmo sendo "do mesmo saco", se coarmos direitinho a humanidade saltará aos nossos olhos os seres amarelos.
Não, Mané! Não estou me referindo à raça amarela! Vou explicar.
As pessoas amarelas não se aceitam, logo, não são autênticas. Algo lá no fundo de suas mentes atormentadas lhes adverte de que, se disserem o que pensam realmente e se comportarem de forma transparente, serão rejeitadas. É claro que o receio procede mas só os amarelos se imobilizam com isso e acabam tomando a forma mais aceita na sociedade.
Para os amarelos não há nada mais aflitivo do que quem não se importa com a aceitação alheia. Alguém assim tão livre é uma afronta aos amarelos. Não porque eles sejam maus, mas porque esse coquetel de liberdade alheia + inveja (principalmente a inveja) faz com que se sintam muito humilhados.
Não, eles não são maus. A não ser consigo mesmos.
Os amarelos vivem de fazer média. E se dão bem - dependendo do que você entenda por "se dar bem". São aceitos pelos outros amarelos e com eles se consolam, formando uma sociedade patética. São aceitos também pelos "normais", que a princípio pensam que eles são autênticos. Quando os normais descobrem, botam a boca no trombone. Já um amarelo é eternamente fiel ao outro amarelo. Ponto pra eles.
Os amarelos sorriem e são politicamente corretos. São "amigos" de todos e incapazes de dizer algo que possa ferir aguém - pela frente. Por trás também não. Interessante, né? Então como fazem para "fritar" uma pessoa? Eles não se comunicam entre si? Claro que sim!
Atenção a esse detalhe: no mundo dos amarelos a comunicação é toda efetuada por sinais sutilíssimos, olhares, metades de meias palavras, grunhidos e gestos quase imperceptíveis. Se você não for "macaco velho" vai ficar boiando porque os amarelos não confiam em ninguém - nem no espelho. São pessoas atormentadas.
Os amarelos não são de muita refrexão. Odeiam pensar porque pensar dói muito. Fazem qualquer coisa para não precisar pensar: lavam latrina, criam associações, enxugam gelo, limpaz carvão, organizam enciclopédias de regras imprestáveis, códigos de comunicação... Qualquer coisa e qualquer assunto vale, desde que não precisem pensar na própria vida.
Eles costumam manter distância de quem questiona e procura a verdade das coisas. A proximidade com essas pessoas os adoecem. Por que? Porque quando conseguem parar pra pensar, tem crise de identidade:
"Eu sou eu ou eu sou esse personagem? E se eu deixar de ser o que os outros querem, vou morrer? Broxar? Minha pele vai enrugar, os cabelos vão cair e o mundo se acaba em barranco? Ah como eu queria chutar o pau da barraca! Meter o pé na jaca ... chutar o balde... comer melado e me lambuzar... soltar a franga... Oh vida! Oh céus! Oh azar!"
Realmente eles não se gostam. Pensando bem, devem ter lá os seus motivos.
Quem se gosta, se assume. E quanto mais se assume mais se curte. E quanto mais se curte, mais autêntico se torna e quanto mais autêntico, mais querido por uns e detestado por outros. Não dá pra ficar neutro frente a uma pessoa autêntica.
Mas quem são os amarelos? Hmmm...
Não vou ficar aqui separando o joio do trigo mas deixo umas dicas: parecem ser amigos de todo mundo. Não questionam ninguém (porque questionar é pensar e pensar dói) mas ficam sinceramente inquietos com os que lhes parecem ser "fora do padrão". Sorriem para todo mundo por dever de ofício. Têm dificuldade em ser criativos. 80 % do que dizem é composto de frases feitas e chavões. São tristes mas morrem de medo que notem que eles são tristes. Aí está o motivo de sorrirem (amarelo) para todo mundo.
Sei lá... Tô sentindo um certo carinho pelos amarelinhos.
Hoje vou acender uma vela pra eles.
Cristina Faraon
Será? Digamos que sim. Mas...
Observe que mesmo nas farinhas do mesmo saco, os grãos que a integram não são idênticos. Se peneirarmos essa farinha será possível separá-las e rotulá-las em dois sacos distintos: o da farinha fina e o da grossa. E comparados um com o outro eles nos parecerão tão diferentes como se tivessem sido produzidos em locais distintos.
Mas por que estou dizendo isso? Para embasar minha mais nova teoria: a de que, mesmo sendo "do mesmo saco", se coarmos direitinho a humanidade saltará aos nossos olhos os seres amarelos.
Não, Mané! Não estou me referindo à raça amarela! Vou explicar.
As pessoas amarelas não se aceitam, logo, não são autênticas. Algo lá no fundo de suas mentes atormentadas lhes adverte de que, se disserem o que pensam realmente e se comportarem de forma transparente, serão rejeitadas. É claro que o receio procede mas só os amarelos se imobilizam com isso e acabam tomando a forma mais aceita na sociedade.
Para os amarelos não há nada mais aflitivo do que quem não se importa com a aceitação alheia. Alguém assim tão livre é uma afronta aos amarelos. Não porque eles sejam maus, mas porque esse coquetel de liberdade alheia + inveja (principalmente a inveja) faz com que se sintam muito humilhados.
Não, eles não são maus. A não ser consigo mesmos.
Os amarelos vivem de fazer média. E se dão bem - dependendo do que você entenda por "se dar bem". São aceitos pelos outros amarelos e com eles se consolam, formando uma sociedade patética. São aceitos também pelos "normais", que a princípio pensam que eles são autênticos. Quando os normais descobrem, botam a boca no trombone. Já um amarelo é eternamente fiel ao outro amarelo. Ponto pra eles.
Os amarelos sorriem e são politicamente corretos. São "amigos" de todos e incapazes de dizer algo que possa ferir aguém - pela frente. Por trás também não. Interessante, né? Então como fazem para "fritar" uma pessoa? Eles não se comunicam entre si? Claro que sim!
Atenção a esse detalhe: no mundo dos amarelos a comunicação é toda efetuada por sinais sutilíssimos, olhares, metades de meias palavras, grunhidos e gestos quase imperceptíveis. Se você não for "macaco velho" vai ficar boiando porque os amarelos não confiam em ninguém - nem no espelho. São pessoas atormentadas.
Os amarelos não são de muita refrexão. Odeiam pensar porque pensar dói muito. Fazem qualquer coisa para não precisar pensar: lavam latrina, criam associações, enxugam gelo, limpaz carvão, organizam enciclopédias de regras imprestáveis, códigos de comunicação... Qualquer coisa e qualquer assunto vale, desde que não precisem pensar na própria vida.
Eles costumam manter distância de quem questiona e procura a verdade das coisas. A proximidade com essas pessoas os adoecem. Por que? Porque quando conseguem parar pra pensar, tem crise de identidade:
"Eu sou eu ou eu sou esse personagem? E se eu deixar de ser o que os outros querem, vou morrer? Broxar? Minha pele vai enrugar, os cabelos vão cair e o mundo se acaba em barranco? Ah como eu queria chutar o pau da barraca! Meter o pé na jaca ... chutar o balde... comer melado e me lambuzar... soltar a franga... Oh vida! Oh céus! Oh azar!"
Realmente eles não se gostam. Pensando bem, devem ter lá os seus motivos.
Quem se gosta, se assume. E quanto mais se assume mais se curte. E quanto mais se curte, mais autêntico se torna e quanto mais autêntico, mais querido por uns e detestado por outros. Não dá pra ficar neutro frente a uma pessoa autêntica.
Mas quem são os amarelos? Hmmm...
Não vou ficar aqui separando o joio do trigo mas deixo umas dicas: parecem ser amigos de todo mundo. Não questionam ninguém (porque questionar é pensar e pensar dói) mas ficam sinceramente inquietos com os que lhes parecem ser "fora do padrão". Sorriem para todo mundo por dever de ofício. Têm dificuldade em ser criativos. 80 % do que dizem é composto de frases feitas e chavões. São tristes mas morrem de medo que notem que eles são tristes. Aí está o motivo de sorrirem (amarelo) para todo mundo.
Sei lá... Tô sentindo um certo carinho pelos amarelinhos.
Hoje vou acender uma vela pra eles.
Cristina Faraon
3 comentários:
Pode acender a vela que eu jogo a gasolina!!! UHAUHAUHUAUAH
Brincadeira, haja oração...
Fantástico este texto. Queria ser mais autêntico, às vezes acho que não sou, e é difícil confessar isso, mas pelo menos deixo os autênticos viverem em paz!
Lembrei de uma música dos Paralamas, não muito conhecida, e que não tem muito a ver tb... ahahahah. Sinta o drama:
"Vai sempre ter alguém
Com mais dinheiro, mas respeito
Mais ou menos tudo o que se pode ter
Vai sempre sobrar, faltar
Alguma coisa, somos imperfeitos
E o que falta cega p'ro que já se tem
Eu não te completo
Você não me basta
Mas é lindo o gesto de se oferecer
O que eu quero nem sempre eu preciso
Mas dê um sorriso quando me entender
Seja você
Seja só você"
É GOSTEI DESSE TEXTO, ELE É BEM INTERESSANTE,NOS ENSINA A SER O QUE SOMOS...
JoYcE.
É difícil deixar de ser amarelo por mais que se queira. Infelizmente é um trabalho longo e duro que fica mais difícil dependendo da situação, se há ou não amigos por perto ou se houveram traumas que bloquearam as boas lembranças. A forma de lidar com a vida e a própria força fisico-emocional podem também influenciar na amarelisse. Eu sou 60% amarela, apesar de não me orgulhar disso. Grande texto a propósito.
Na verdade eu procurava saber o que são pessoas amarelas pois já ouvi esse termo em outros lugares, em especial 2 músicas muito famosas. Nesses textos há uma sublinharidade curiosa e que nos remete a significados diferentes, opostos quase. Um deles possui um significado parecido com o da sua definição(se é que tentou mesmo definir algo nessa dimensão de pensamento que estou abordando), é crazy do Seal. A outra música é a propria Yellow do Coldplay. Bom de restante, ..., xurumelas, ou churumelas se preferir, rsrs.
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