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15 de dez. de 2008
Mais frio!
Precisava que a tarde morna
Transmudasse em tarde fria
Pra então justificar
Essa irmã melancolia.
Como eu, está chovendo
Só falta o dia esfriar
Mais um pouco e você chega
Saberei o que falar?
Artrose nas velhas janelas
Estéreis riachos sem peixes
E prédios com mil sentinelas
Cuidando que não me deixes
Poucas cores nas sombrinhas
Pouco tempo pra almoçar
Meu vestido sem florinhas
E um rádio a cochichar
A tarde parece gripada
Encharcada e reticente
Chove grosso, chove fino
E chovem sentenças na gente
Deveria esfriar mais
E nevar a não poder
E sumirem os transeuntes
Até tudo esmaecer
Meu rosto agora sombrio
Riria então pra neblina
Irmanado com o frio
Um véu de camada fina.
Meu corpo seria de inverno
Petulante e transparente
Riacho gelado no ermo
Frio, nu e displicente.
Mas falta chover bem pesado
Com mais frio, até doer
Até que o mundo em meus braços
Eu sentisse esmaecer.
Cristina Faraon
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