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12 de ago. de 2016

Administrando-me

Estou um pouquinho melancólica aqui na minha sacada. Normal, pois hoje é sexta e sexta sempre foi um dia difícil para mim. Tenho uma longa história de vazios e desapontamentos em vésperas de sábados. A coisa tem sido tão marcante ao longo da vida que ainda que tudo esteja bem o perigo ronda. Preciso ficar alerta na torre de vigia. Ou alerta ou muito, muito, mas muito ocupada com outras coisas.

 Ainda que não tenha de que me queixar, ainda assim uma tristeza persistente e estranha sempre chega perto e funga no meu pescoco. Parece sair de debaixo dos móveis. Preciso passar um pano debaixo do sofá. Ali parece ter um viveiro de angústias.  

As angústias não são como gatos. São talvez emanações, vapores saídos de coisas velhas que a gente guarda. Não dá pra se desfazer de tudo, você entende. Então acontece. Vem vindo, vem vindo...  Parece que ela vigia meus momentos vagos, minhas horas de folga. Talvez vigie o pôr do sol esperando o momento mais melancólico. Talvez. Não sei. Às vezes parece que a melancolia espera a grande bola solar viajar para a outra parte do mundo para então tomar conta do pedaço.

Pois aqui estou eu, sobrevivente, na quietude.  Estou escrevendo, estou ouvindo música, tomando um licorzinho e pegando um vento na minha varanda.  E pra rebater toda essa coisa distraio-me fazendo mil planos de ser mais feliz. Tomo decisões valentes e passo a admirar a mim mesma pelas sábias atitudes que tomarei a partir de segunda feira. Sou independente, livre e antenada. 

Parece que está funcionando. Estou me sentindo quase poderosa e disposta a desprezar qualquer proposta de diversão. No momento isso me basta. Preciso não precisar: esse é o segredo da felicidade.   

Tenho dificuldade em abandonar a ideia estapafúrdia de que todo o mundo está do outro lado do navio, do lado oposto ao meu, fazendo coisas divertidíssimas. Esse pensamento não tem sentido algum. 

Tive outra idéia: preciso estudar. Vou estudar e adentrar em um portal novo e instigante. 

Está decidido. 

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