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8 de nov. de 2024

O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas

Hoje resolvi rever um filme antigo que, no passado, realmente tocou meu coração. 

Às vezes um bom filme do passado precisa ser deixado mesmo lá longe, como uma boa memória.  Revisitá-lo pode trazer grande desapontamento, afinal a gente muda. 

Dessa vez resolvi rever O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas. Ou St. Elmo's Fire, no título original.  Na época gostei demais desse filme e jamais o esqueci.  Foi uma delícia poder revê-lo e voltar a me emocionar como dantes.

Meio complicado falar sobre esse filme porque a sensação inicial, logo nas primeiras cenas, é de que se trata de mais um "Seção da Tarde".   No começo vemos jovens colegas alegres e festeiros namorando, rindo, indo a festas etc.   Mas não, não  se trata de um filme raso.  Pelo menos não pra mim.

O título poderia ser "Friends" pois é também sobre um grupo de amigos. Todos estudaram juntos e  aos poucos se veem forçados a tomar decisões e finalmente serem jogados na vida adulta. Nesse contexto cada personagem tem um desafio a vencer, uma infantilidade ou uma paixão a ser superada.  Não é mais possível empurrar tudo com a barriga e resolver os dramas com uma festa ou uma noite de sexo.  Eles são  confrontados pela vida, que exige decisões, e se veem obrigados a crescer e deixar de bobagens.  A maneira como isso acontece para cada um é dolorosa e comovente. Esse é o cerne da história. 

Coisas, atitudes velhas precisam ser deixadas para trás.  Uma paixão alimentada por muito tempo pode ser paralisante e roubar tempo de vida. Um choque de realidade pode realinhar tudo e libertar a pessoa, permitindo que ela siga em frente.  Nada é mais doloroso e libertador do que  o processo de acordar.

Achei tocante observar a vida de cada personagem tomar forma, se definir.  Cada um vai acordando no seu tempo e criando coragem de tomar as decisões necessárias que vão dar forma ao "resto de suas vidas".

É gostoso a gente se flagrar "perdoando" mesmo os personagens que fazem as maiores besteiras. A gente vai entendendo os seus furacões interiores e acaba achando que "é assim mesmo, faz parte do crescimento" e "nessa idade tudo tem perdão".   Interessante também é perceber que os personagens mais centrados e certinhos são tão complexos e atormentados quanto os malucos e isso nos faz refletir.    Nenhum deles é uma fortaleza.

O amor que julgamos ser eterno pode ser passageiro e o amor que torcemos para ser passageiro pode ser eterno.

O filme consegue nos contagiar com a mesma saudade melancólica que observamos nos personagens quando se despedem de sonhos bobos, amores equivocados e da ilusão de que "nada precisa ser tão sério".  Alguns erros definem todo o nosso futuro, sim.

Na última cena a gente se sente como um deles. Dá uma dorzinha de despedida.  Aquela emoçãozinha gostosa.   É quando percebemos que assim como os personagens crescem, aceitam as mudanças da vida e seguem em frente nós também precisamos crescer,  desligar a televisão e encarar a vida real.   De alguma forma nos sentimos como eles.

Tenho então a dizer que "re-gostei" muito do filme. Para mim não perdeu o encanto mesmo depois de uns 30 anos.

 


Vale uma menção especial para a beleza incrível de Rob Lowe, no auge da juventude, e de  Andrew McCarty,  com sua carinha apaixonada e olhões azuis lindos e  impressionantes. 

Quer ver o trailer? Tá aqui:   St. Elmo's Fire (1985) Trailer #1 | Movieclips Classic Trailers



7 de nov. de 2024

Sonho esquisito

 Essa madrugada tive um sonho esquisito. Posso classificar como "pesadelo". Foi rápido mas por algum motivo me sinto impelida a registrar a experiência. Alguns detalhes acabei esquecendo mas ... vamos lá.

No sonho, devido aos problemas da vida, eu estava decidida a buscar mais as Deus  me dedicando mais à oração. Então, no sonho, eu saía a procura de um lugar propício, onde eu poderia me ajoelhar e orar pelo tempo que minha alma desejasse. Meu marido estava comigo. Ele me seguia, vinha sempre atrás de mim embora eu não o visse. 

Eu me vi em um local que parecia ser uma espécie de "condomínio de capelas". Não havia casas, só capelas para oração, de diversas denominações cristãs.  O condomínio era um lugar calmo e limpo, um lugar agradável.  Passei por várias "igrejinhas"  dando uma olhadela em cada uma, escolhendo onde eu iria ficar. Todas eram pequenas, limpas, agradáveis e simples. Quando eu abria cada porta sempre havia algumas poucas pessoas reunidas orando em silêncio.  Depois de olhar algumas opções finalmente escolhi uma - que na verdade era bem semelhante às demais.  Só escolhi porque achei que no final das contas era tudo mesmo muito parecido, não haveria uma melhor do que a outra, além do mais eu já estava cansada de procurar e queria começar logo a orar.

Só quando entrei é que percebi que a capela que escolhi era católica. Não havia santos nem nada que indicasse isso, mas eu simplesmente sabia.   


Por fora a capela escolhida não se destacava de nenhuma outra. Era toda dentro do mesmo estilo:  Bem pintada de bege, simples ,  de aspecto bem cuidado, silenciosa e convidativa.  Mas por dentro era completamente diferente, o que me deixou surpresa e decepcionada. 

Por dentro era tudo muito velho. As paredes pareciam não terem sido pintadas há séculos.   Não era possível sequer definir a cor das paredes, do piso e dos bancos. Tudo parecia meio cinza, empoeirado, muito gasto e soturno.   O lado de dentro não se parecia em nada com o lado de fora. Por fora era uma construção de poucos anos mas por dentro parecia um compartimento esquecido e recém descoberto de alguma construção medieval.  Os pouco de bancos que havia eram antiquíssimos,  de tábua corrida e sem encosto. Gastos, desconfortáveis, mofentos, empoeirados, como se há séculos ninguém tivesse feito uso deles.  Não era possível ter certeza se eles eram mesmo de madeira ou de pedra.  O ambiente não era nada aconchegante, mas até mesmo um tanto hostil,  como se  tudo dissesse "fique se quiser, mas ninguém te chamou."  

Percebi que havia no local algumas poucas pessoas. Umas cinco ou seis, talvez.  Nenhuma delas estava ajoelhada. Nenhuma estava nos bancos da frente. Estavam todas sentadas mais atrás, próximas às paredes laterais. Todas de olhos fechados. Pareciam estar ali há muito, muito tempo. Suas roupas eram velhas como tudo ali. Pareciam camponeses antigos e cansados.    Todas dormiam. Pareciam defuntos, sentados e imóveis, indiferentes a tudo, de olhos fechados.   Eu sabia que aquelas pessoas não estavam mortas, estavam dormindo, mas o aspecto era mesmo de defuntos. Sabia que elas não me ofereciam perigo algum. Nem perigo nem companhia. Algumas tinham a cabeça pendendo para o lado como passageiros de ônibus sonolentos, cansados, voltando do trabalho.  Eu não tinha intenção de incomoda-las, sabia que elas não me incomodariam de forma alguma e que eu poderia permanecer ali pelo tempo que quisesse. 

Imagino que arqueólogos, ao entrarem pela primeira vez em uma tumba egípcia, sentiram o mesmo que eu senti ao entrar naquele lugar sombrio. 

Decidi ser prática. Deixei para lá o nojo, as más impressões e toda a contrariedade por ter caído no pior lugar mesmo depois de ter feito tanta seleção. Escolhi um lugar para ficar e ajoelhei para começar a orar. Foi quando comecei a sentir uma sensação muito ruim. O ambiente foi ficando mais pesado e eu sendo tomada por um medo crescente.  

Senti que havia ali uma "entidade", um espírito ruim no canto da parede, bem perto de mim. Eu não via, mas sentia claramente  sua presença. Fui me enchendo de pavor.   Então não aguentei ficar ali e levantei  para ir embora, Enquanto me virava para sair eu chamava baixinho pela minha mãe. Comecei baixinho mas fui aumentando o tom de voz  a medida que o medo aumentava: "Mãe! Mãe! Mããããe!"    Eu já estava completamente apavorada mas não conseguia sair rapidamente dali. Nenhuma das pessoas se importou comigo. Nenhuma acordou, nenhuma me olhou.    

Enquanto eu chamava desesperada pela minha mãe, acordei. Meu marido me sacodiu, pois eu estava gemendo na cama. Graças a Deus ele me acordou.

Credo.






 

CRISTIANISMO e a prática da CARIDADE

Você não pode se salvar através da simples prática de boas obras:

1) Usar o próximo para chegar a Deus não funciona. O ser humano não é meio de salvação. Se isso funcionasse Jesus não precisaria morrer na cruz, bastaria ter deixado um punhado de bons conselhos. Sua morte expiatória não faria sentido algum. Quer dizer: sua morte sequer seria expiatória.

2) Praticar caridade é fundamental e faz parte do evangelho. Pode ser um forte indício de que as luz entrou no seu coração. Mas isso não é tudo.
3) Achar que o evangelho se resume à convencer as pessoas a praticarem a caridade acaba fazendo do homem o caminho para Deus. Mas só Jesus é caminho para Deus. Quem precisaria de Jesus se pudesse resolver as coisas por aqui mesmo?
4) Ninguém precisa ser cristão para ser caridoso. Muitos ateus fazem isso de muita boa vontade enquanto ridicularizam a crença na divindade de Cristo. Ou seja: ser caridoso não faz de você um cristão, apenas faz de você um bom cidadão.
5) Se o evangelho se resume ajudar os pobres então Jesus é dispensável. E se você acredita que Jesus é dispensável você não conhece Jesus, jamais teve um encontro com ele, portanto não é nem nunca foi um cristão.
6) Muitas outras personalidades históricas nos inspiram a fazer o bem. Não precisaríamos de mais um personagem só para dizer de novo o que todo mundo já sabia: que fazer o bem faz bem. Jesus veio ao mundo para fazer muito mais do que isso.
7) Jesus não é "mais um".

28 de out. de 2024

O grito das pedras

 



O maior mistério da humanidade é a teimosia e a arrogância do ser humano em não querer aceitar a explicação mais plausível para certos "mistérios".
Por exemplo: milhares de povos de diversas culturas antigas deixaram registros sobre "a grande inundação" (que alguns chamam se dilúvio) ocorrida em época remota. Penso que devido a quantidade de registros antigos essa teoria deveria ser levada a sério para efeito de estudo, a fim de ser confirmada ou não. Ninguém precisa acreditar logo de cara, mas deveria pelo menos ouvir co m respeito os argumentos de quem acredita.

Nada é mais anticientífico do que fechar os ouvidos. Mas os "estudiosos" preferem acreditar que registros antigos de civilizações antigas, separadas umas das outras por milhares de quilômetros e idiomas diferentes apenas "coincidiram" entre si e que é impossível ali existir um pingo de verdade.
Quando a arqueologia esbarra no preconceito ela já não serve para os "estudiosos".
Claro que com o ocorrido (a grande inundação) o movimento das águas causou o deslocamento de imensa quantidade de terra, soterrando civilizações inteiras, como termos visto em diversos lugares. O que há de tão impossível nisso?
"Aaiinnn como será que civilizações "sumiram" do nada, sem deixar registro"?
Cara, não foi "do nada"!
Já foi dito como, mas não querem dar o braço a torcer. Há um orgulho intelectual que não os deixa aceitar o óbvio só porque o óbvio foi incorporado a algumas religiões.
É como Jesus disse certa vez: "se as pessoas se calarem as pedras vão gritar".
Dito e feito. A arqueologia é "o grito das pedras".


23 de set. de 2024

The Chosen e a Chatolândia que procura pêlo em ovo

Ô povo que gosta de criar problema onde não tem!  

The Chosen é uma série sobre Jesus e seus discípulos. Obviamente é baseada na Bíblia. Isso despertou a patrulha histérico-religiosa para procurar, na série, todo tipo de veneno, heresia e perigo oculto em cada frase, cada personagem, cada gesto.  

Estar alerta não é errado. Sabemos que o Inimigo é astuto e gosta de jogar sementes de sutilezas venenosas nas mentes. Ok, vamos analisar as coisas mas tudo tem limite! 

Percebo um exército de apavorados procurando coerência teológica em tudo que os atores dizem, como se cada um fosse obrigado a ser um cristão piedoso para poder trabalhar no filme.  Reclamam também de uma ou outra frase "que não está na Bíblia"  e implicam até com coisas que estão na Bíblia mas se tornam "perigosas" porque também estão no Livro dos Mórmons.  Vi gente reclamando que Jesus está "humano demais" e "legal demais".   Mas ele era legal e humano também! 

Há medo também de que as pessoas se satisfaçam com a série e abandonem a Bíblia,  passando a "se doutrinar" única e exclusivamente com a película suspeita. É tanto medo histérico que cansa.

Como foi dito, trata-se de um filme baseado na Bíblia.  Só isso.  Nunca houve pretensão de VIRAR BÍBLIA ou substituir a Bíblia!    Se é para colocar só o que está escrito então leia a Bíblia e abandone a série! Quem assiste quer a dramatização e sabe (ou deveria saber) que há uma licença poética e criativa para tudo aquilo. Se não, a série ia virar uma mera recitação do texto sagrado.   Mas o que temos é uma DRAMATIZAÇÃO linda que inspira as pessoas a conferirem o conteúdo e, no final das contas,  ler a Bíblia.  A série é bem cativante e tem abençoado milhões!   

"Ahh Jesus nunca disse essa frase: eu sou a lei de Moises"!   O que importa? O conceito, a ideia,  estão na Bíblia.  Então qual o problema?   Os que escreveram os Evangelhos não andavam com gravadores atrás de Jesus para depois transcrever até os seus suspiros.   Como cobrar cada frase ao pé da letra  se estamos falando de um filme?   E um filme honesto desde o início no sentido de que   NÃO SE PROPÔS  EM MOMENTO ALGUM A SER LITERAL.

Jesus  também nunca disse "ai que calor". Se o diretor põe essa frase no personagem Jesus, então ele estaria extrapolando o texto sagrado? 

 SE no filme Jesus Disse  "EU SOU A LEI DE MOISES" qual o problema? 
"Ah, tá na Bíblia dos Mormons!"  Então a afirmativa deixou de ser verdade por causa disso?  O diabo também disse que Jesus é o Filho de Deus.  E agora? Passou a ser mentira porque o diabo falou?

Ao comentar sobre a série, vi em um vídeo um pessoal que chegou ao cúmulo de discutir  os perigos das doutrinas mórmons!  O que isso tem a ver com a história?!   "Ah, mas é que os mórmons ajudaram o diretor!"  Deus usou até uma mula para atingir os seus propósitos!   Deixem os mórmons em paz!

Ateus  trabalharam na série, viciados,  católicos,  evangélicos,  budistas, gente boa, gente maluca, gente adúltera...  Tem de tudo!  A pergunta é: e daí?

O evangelho está sendo pregado. Não vi heresia na série. Isso é o que importa.  Pessoas estão voltando para Cristo.  Se o Jesus da série não se parece com o Jesus que cada um tem na própria cabeça,  paciência!  Não há como consertar isso e satisfazer todo mundo. 

Será que o Jesus da cabeça de um pastor da Assembleia de Deus é idêntico ao Jesus real? E o Jesus dos batistas? Será que confere? E o da igreja  Deus é amor? E o Jesus dos católicos?  Quem já viu Jesus, já conversou ao vivo e a cores com ele para dizer com exatidão como era o jeito dele?

Precisamos entender que Deus coloca seus tesouros em "vasos de barro".    Em todos os púlpitos, aqui ou acolá, alguma bobagem  frequentemente é dita. Somos humanos. Será que  devemos  então  jogar toda a mensagem fora porque o pregador não era perfeito?  Se falhas de interpretação, se falhas do mensageiro tem o poder de invalidar toda a obra de Deus, então Deus está realmente em apuros!

Se for assim, QUEM É APTO A PREGAR O EVANGELHO?

Acho mesmo que, as vezes, o fundamentalismo religioso atrapalha mais do que um erro doutrinário bem intencionado.  

Foi dito também que os atores pregam o sincretismo. Se isso é verdade, problema deles! O importante é que O FILME NAO PREGA SINCRETISMO.   Seria muita infantilidade  confundir os atores com os personagens e procurar neles a santidade dos apóstolos e do próprio Cristo.

Bora parar de ser tolos. Vamos examinar tudo e reter o que é bom. Essa é a orientação do Apóstolo Paulo. E eu a reitero.

10 de set. de 2024

HOMOAFETIVO X HOMOSSEXUAL

Homoafetivo é quem sente afeto por pessoas do seu mesmo sexo.  Ou seja: todos nós somos homoafetivos! Ora bolas!

Já homossexualidade tem a ver com FAZER SEXO com pessoas do mesmo gênero. 

Estamos falando em AFETO ou em SEXO?  Decida. 

O movimento gay luta pela normalização e aceitação dedeterminada conduta sexual ou está lutando pelo "direito de ter carinho e amizade por pessoas do mesmo sexo? Isso alguma vez já foi proibido ou questionado?????

Por que algumas pessoas querem maquiar seus atos debaixo da palavra "afeto" quando na verdade estamos falando de outra coisa ? 

Por que não assumir que a questão é sexual? Isso constrange? Já se perguntou por que constrange?  

Você tem preconceito contra a prática homossexual e por isso se sente mais a vontade fazendo de conta que tudo só se trata de "afeto"?  

Falam tanto em "orgulho gay" mas agora o povo vem com esse eufemismo desnecessário!

7 de set. de 2024

ROSA

A musica ROSA é uma obra de arte tão perfeita quanto a rosa  mesmo.  Uma das cancões mais lindas que conheço. Talvez a mais bela porque quando a ouço não consigo me lembrar de nenhuma que pelo menos lhe faça par.
E como me  emociono!  Sempre.

"  ... Depois de remir meus desejos em nuvens de beijos hei de envolter-te até meu padecer, de todo fenescer!"

Existe forma mais delicada, pura e elegante de descrever o momento sublime de um gozo apaixonado?


https://open.spotify.com/track/55aD0VWIjv9iMDWzIxHTnl?si=3xSUUGzvThWxe1sN17MFWg




18 de mai. de 2024

Confusão emocional

BEBÊ RENA:

Finalmente terminei de assistir a minissérie Bebê Rena.  Trata-se de um tremendo DRAMA PSICOLÓGICO que acabou me levando a uma série de reflexões. 

1-  As coisas mais estranhas ou condenáveis que uma pessoa faz nem sempre são frutos de uma livre escolha.   Algumas pessoas estão tão doentes por dentro que vão agindo de forma estranha a si mesmas.   Depois  passam o resto da vida tentando entender "afinal de contas que merda foi aquela" ou "como me vi envolvido em algo que não desejei nem por um minuto? Que tipo de idiota sou eu?'  

2- "Aconteceu porque você quis"  não se aplica a tudo.  

3- Nós não temos a menor ideia do que as pessoas passaram para chegar ao ponto em que chegaram.

4- Esse filme é assim:  depois de odiarmos o personagem por vários episódios, aos poucos ele (e nós) vamos entendendo todo o seu imenso drama interior e isso munda toda a nossa visão.

5- Um boa terapia pode te livrar de fazer muita "caca' nessa vida. 

6-  Por causa de uma carência profunda você pode destruir a sua própria vida.

7- Isso é MUITO COMUM em casos de estupros, assédios  e abusos sexuais continuados.  A pessoa perde referências e não sabe mais como a situação chegou onde chegou.   

8- Desabafar? Impossível. Para desabafar é necessário explicar o que está acontecendo. Só que A PESSOA NÃO ENTENDE DIREITO O SENTIDO DE TUDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO. 

9-  Confusão emocional é uma coisa muito dolorosa e fragilizante.  E é bem fácil manipular uma pessoa que se encontre nesse estado. 

10- Quem mata sabe por que mata. Quem rouba sabe por que rouba. Mas o sujeito manipulado não consegue entender  qual foi a  sua motivação.  Tudo parece um emaranhado aleatório no qual foi se enredando sem sentir e depois não conseguiu mais sair. 

11-  Qualquer pessoa que olhasse aquele personagem iria dizer que ele era apenas muito burro ou que no fundo gostava daquela maluca. Só que não era nada disso. Nós somos seres extremamente complexos. Não há respostas simples para situações confusas.

Essa série é um tratado de psicologia.  

No fim você acaba sentindo pena do cara e da absurda fragilidade dele.  

Depois de tudo espero ter me tornado uma pessoa mais compreensiva com o próximo.

12 de mai. de 2024

Dia das mães

Meu Deus, meu Pai,

Obrigada pela experiência maravilhosa de ser mãe.
Obrigada pelo corpo fértil, pelos meses de gestação, pelas transformações no corpo e na alma. 
Obrigada pelos filhos que me destes e porque eles tem sido até hoje preservados de tanta coisa ruim!   
Obrigada pelas vezes em que suas vidas foram salvas e seus corpos foram curados. 
 Obrigada  pelos risos, pelas brincadeiras e até pelas choradeiras. 
Obrigada pelo parto normal e pela euforia no final. 
Obrigada pelos seios cheios de leite. Obrigada  pelo alimento que nunca lhes faltou.  
Obrigada porque eles ficavam tão lindos de uniforme escolar! Tão lindos que meus olhos brilhavam! 
Obrigada pela minha mãe,  minha avó,  minha bisavó, minha madrinha... por todas as mães que me serviram de exemplo.   
Obrigada por todos que me ajudaram e todos que oraram por mim. 
Obrigada pelos meus erros maternos relevados e perdoados.  Foram vários mas o Senhor ajeitou as coisas. Valeu! 🙏

Obrigada por eu ter sido mãe tão jovem,  tão "zerada"  e tola mas mesmo assim ter dado tudo certo. Ufa!

Me ensina a continuar sendo mãe mesmo nessa fase em que eles não precisam mais de mim. O que mais eu ainda posso fazer?  

E me ensine a ser mãe para quem passar pelo meu caminho precisando de uma mãe, porque o senhor tem tantos filhos!!!

Grata para sempre. 
Amém.

28 de jan. de 2024

Regras do mundo moderno

O título dessa postagem também poderia ser "regras para afastar os seres humanos uns dos outros".

Regras do que nunca dizer durante uma paquera:  Não fale em dinheiro. Não conte grandeza nem conte pobreza. Não fale em política. Não fale em religião. Não fale em sexo. Não fale demais sobre você mesmo mas também não pergunte demais  sobre a pessoa.

Regras do que nunca se deve dizer a uma grávida:   Não pergunte quantos meses. Ela já está enjoada de responder isso. Não pergunte se é menino ou menina. Ela já está enjoada de responder isso.  Nao pergunte nada que outros ja possam ter perguntado. Não comente sobre a barriga. Pode ser que seja só gordura. Também não finja que não viu  a barriga. Pode parecer que você está achando que a gravidez foi acidental e a criança não tem pai.

Regras do que nunca se deve dizer a um deprimido:  Não tente anima-lo. Ele está de saco cheio desses conselhos. Nem desanima-lo. A situação pode piorar.  Não diga que é bobagem o que ele sente (não minimize a dor dela) mas também não diga que ele tem razão em se sentir daquele jeito (não reforce o mal estar dele).   Não sugira programas pra distrair , não diga que a vida é bela  nem que a vida é mesmo uma bosta. Não pareça feliz nem triste perto dele.  Resumo: não pergunte nada , não afirme nada, não sugira nada, não fique muito junto nem abandone. Frases motivacionais nem sonhar! Não funcionam e ele odeia.   Frases pessimistas também não - Deus o livre.  Pensando bem, melhor você sumir pra não piorar as coisas.

Regras do que nunca se deve fazer ao visitar um bebê:  só apareça por lá depois de uns seis meses. Sua simples presença pode desintegrar um recém-nascido.   Não tente ajudar a mãe com nenhuma sugestão, mesmo que tenha funcionado para você e tenha salvado a sua vida. As mulheres de hoje odeiam todo tipo de conselho - a não ser que venha através de algum influencer que nunca cuidou de uma criança. Sua experiência de vida é ofensiva, reles, dispensável, ridicula. Não sugira nada ainda que o moleque esteja se engasgando. Não comente nada sobre a aparência na criança. Não tente ajudar, não tente atrapalhar ,  não pergunte se ela quer ter outro filho, não toque na criança pelo amor de Deus!!!! E lembre: beijo é tentativa de homicídio. Um médico da moda disse isso, então é lei.  Não fale muito alto mas também não fale muito baixo como se a mãe estivesse doente.  Não  ria, não chore, não se coce, não vá ao banheiro, não peça água - não peça nada.  Vá embora logo. (Não devia nem ter ido).  Desapareça.

Regras do que nunca se deve dizer a uma  mulher solteira (lembre sempre que ela é empoderada então se ofende até com sua respiração machista). Não pergunte a idade. Não pergunte se tem filho. Não conte vantagem nem chore pobreza. Não tente beijar mas também não demonstre falta de vontade de fazê-lo. Elogie tudo, até o feijão grudado no dente. Não insinue que vocês devem rachar a conta. Ela vai te achar miserável. Mas também não insinue que vi pagar a conta: ela vai te achar machista. Não fale mal da sua ex mulher, pois ela vai considerar isso um ato machista e montruoso. Não fale bem também, se não ela vai se sentir comparada e agredida. Também não evite falar dela, se não vai parecer que você ainda está apaixonado ou está escondendo algo.

1000 regras do que nunca se deve dizer...  blablabla

Tá complicado demais. Fica mais fácil não se aproximar de ninguém,  não visitar ninguém, não puxar papo, não paquerar, fugir dos seres humanos  e ignorar todas as crianças do mundo  porque se você  encostar numa delas  você poderá estar  quebrando alguma das 1000 regras relacionadas às crianças.

Afffmaria! Antigamente o mundo era melhor.

4 de jan. de 2024

CADEIRA DE BALANÇO (Depois daquela foto) *

Lá pelos quarenta anos a gente se olha no espelho, confere tudo e se promete: nunca vou envelhecer. Eu fazia essa brincadeira comigo mesma, de fazer-me esse juramento. Parecia divertido porque eu, de fato, me sentia ótima. Ótima com quarenta anos, ótima com quarenta e cinco, ótima com cinquenta.  Meu Deus, eu me senti ótima por tanto tempo!

Só fui começar a notar  a passagem do tempo lá pelos 55 anos.  Só a partir daí admiti que as coisas estavam mudando. 

Eu sempre disse que não me incomodava com o passar do tempo. Não era mentira. Como eu poderia me incomodar com algo que não percebia? Fiquei assim, nessa doce dormência, por vários anos. 

Mas... os 50 foram passando. Sem alarde, mas passando. Então vieram os 56, 57, 58...     Foi quando comecei a notar umas "pequenas imperfeições estéticas" aqui e acolá. Não me importei, afinal de contas até adolescentes têm imperfeições.  Mas lentamente fui admitindo que tudo aquilo que eu chamava de "imperfeições" eram na verdade indiscutíveis sinais de envelhecimento.   Aceitei com certa tranquilidade até porque a minha disposição não mudara e minha saúde continuava intacta.  Nada daquilo era suficiente para que eu me sentisse velha. Apenas eu deixara de ser jovem. Isso não me parecia tão grave.

Até que um dia uma simples foto derrubou toda a minha auto imagem.   

Eis que eu estava em um evento com pessoas tirando fotos aleatórias.  Lá pelo final do dia desejei ver tais fotos.  Foi quando me deparei com uma senhora. Não uma mulher, mas uma senhora.  Claro, era eu no esplendor da minha decadência. Vi e conferi, de uma vez e sem anestesia, tudo o que deixei de ser e que agora sou. Vi tudo o que o tempo me fizera e que eu, até então, alegremente ignorara.

Agora seria necessário alinhar as coisas: o físico com a alma. Não era possível ignorar tal revelação.

Sem fazer força alguma o meu espírito se vestiu de senhora.  Eu nem tive tempo de pensar a respeito. Simplesmente aconteceu.    Aquela camisolinha de cambraia desceu do céu lentamente, veio flutuante e com muito jeitinho encontrou o rumo da minha cabeça e desmoronou sobre mim se amoldando ao meu corpo muito gentilmente. Achei gostoso e me vi então sem os espartilhos. Houve um realinhamento interior. Era algo como uma despedida destrambelhada mas que  se tornou confortável com a descida da camisolinha branca. 

Nunca mais consegui me sentir da mesma forma.  Agora abraço sem muita relutância algumas novas tentações; a tentação de pensar que posso descansar o quanto quiser, que a magreza não é mais uma dívida que tudo passou, não vou melhorar mais, não preciso mais me sentir culpada por não ir para a academia. Toda gordura será perdoada, toda flacidez está justificada, "você fez o que pôde, a gente entende, agora relaxe vovó".  Não preciso mais sentir incômodo nem culpa nem obrigação de coisa alguma.  Posso deixar tudo escoar nessa ampulheta fatal.

Já não terei mais aquela angústia, tão comum aos jovens, do medo de estar jogando a vida fora. Isso não cabe mais. O que vivi, vivi e se não quero mais "aproveitar", ok.  Não estou jogando nada fora. Já bebi o cálice.  Não há mais nada diante de mim que seja tão incrível que não possa vir a ser desperdiçado.

Certamente a juventude pesa. Pesa de várias formas e começo a me sentir aliviada dos seus fardos. Não "tenho que" mais nada e não aceito certas cobranças.  Essa é uma boa compensação para a beleza que perdi.    E aquela bobagem de evitar certas roupas, certos sapatos e certos costumes por ser "coisa de velha"?  Essas bobagens colavam em mim  e eu nem notava o quanto eram incômodas.  

Pois então abracei com alegria todas as generosas desculpas que a vida jogou no meu colo. Preguiça é permitido. Tenho o direito, pessoas idosas cansam mais mesmo. Engordei?   Sim, e você queria o quê? Faz parte. E na suas idade eu estava melhor do que você. Não quero ir hoje para a academia. Não vou. E mesmo que eu vá não vou virar Garota Verão então dane-se. 

E tem mais!  Sinto nos mais jovens uma certa disposição em relevar certas coisas, meu jeito ou algo que eu diga, assim como eu relevava as manias e falas da minha avó. Isso também traz conforto. É mais uma almofada que a vida coloca gentilmente nas nossas costas.

Essa é a parte boa mas é bom lembrar que é de desculpa em desculpa que uma pessoa desmorona. É isso que eu quero? Não. Ainda me sobrou uma dose de vaidade.  Então entre o conforto das desculpas e o medo do desmoronamento vou me cuidando, me equilibrando entre a rebeldia e o auto cuidado. Ainda frequento academia.

Nem sempre sou minha amiga. Vez por outra ainda me lanço o "fogo amigo" da auto crítica inclemente:

"- Pare!   Pra quê esse batom ridículo? Vermelho não vai mais ficar bem em você. E pra quê outro par de brincos? Eles não vão te melhorar em nada. Vista qualquer coisa, ninguém se importa.  Sim, esse anel é lindo mas em sua mão só irá reforçar o fato de que a pele envelheceu. Que alegria pode haver em coloca-lo em suas mãos enrugadas?   Não vai ter o mesmo efeito da juventude, querida. E convenhamos: você realmente não precisa de mais outro vestido. Qualquer coisa que você vista não farás mais diferença. Acabou."   Em várias ocasiões, mesmo com dinheiro na bolsa, já deixei de comprar anéis e vestidos por causa disso.

O consolo é que essas flechadas ácidas continuarão tendo influência sobre mim só por mais um pouco de tempo. Estou caminhando para aquela fase do "tudo posso".  

Minha realidade agora é essa cadeira de balanço mental, que oscila entre o conforto da condescendência e a auto crítica cruel, entre a rebeldia e o auto cuidado.  Vou para a varanda da vida mais ou menos resignada, sem saber direito se esse vai-e-vem é ou não é para deixar no automático, se é ou não é para ser assim. 

Cadeiras de balanço não servem como símbolo de indecisão mas de descanso. Acho melhor eu abraçar essa compreensão.




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