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7 de fev. de 2012

Soneto póstumo [Mário Quintana]





— Boa tarde… — Boa tarde! - E a doce amiga
E eu, de novo, lado a lado, vamos.
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos…

E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia… nem sei como a diga…
Que fomos outros que nos encontramos!

Não há remédio: é separar-nos, pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
— Até breve! — Até breve! - E, com espanto

Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que há tanto já morreram…
E que, um dia, se quiseram tanto!





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