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7 de abr. de 2012

Degelo


Tira essa roupa-solidão, sai do mosteiro
Da cela escura amargurada e tão cruel
Porque não cabe à juventude esse papel
De acalentar no peito a dor do mundo inteiro

Desce a montanha como fosses um degelo
Irreprimível em feliz velocidade
Que é menos mal – há nessa fuga lealdade
A esse pulsar de coração – dorido apelo.

Acalentar a dor é pura necedade
É velar morto que há muito apodreceu
É condenar a alma a tal deformidade

Que faz entrar a natureza em convulsão
E atrairá do céu talvez calamidade
Ao ver tal luz trancafiada num porão.

Cristina Faraon

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