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30 de mai. de 2012

Adereço de gente fina *


Esses dias alguém postou no Facebok uma reportagem sobre as roupas de Kate Middleton .  Como não podia deixar de ser, não faltou quem aparecesse para criticar a irrelevância da reportagem. E como também não poderia deixar de ser, não faltou pobre despeitado pra dizer que a roupa da realeza britânica e merda são a mesma coisa.

Como não sou despeitada vou logo dizendo que gosto de ver a beleza, a elegância e os lindíssimos vestidos de Kate. Não podemos viver só com favela na cabeça. Tem que haver um contraponto pelo amor de Deus!

Mas o que eu queria dizer é que a dita reportagem mostrava ao mundo que Kate Middleton repetiu o vestido (oh!)  com um espaço de apenas onze dias (oh! oh!).

Não foi  assim uma notícia tão fútil como querem alguns.  Teve lá a sua importância, mas nada relacionada com o guarda-roupa em si, mas com a atitude de Kate.  Atitudes passam mensagens e isso tem um certo valor no caso. Uma pessoa com visibilidade mundial acaba influenciando tanto quando prega futilidades quanto quando demonstra atitudes despojadas e mais aceitáveis.

Lembro quando Xuxa resolveu "fazer uma filha sozinha". Muita gente protestou não exatamente contra a gravidez de uma solteira, mas contra a atitude da Xuxa que, querendo ou não, passava uma mensagem à milhares de menininhas que a admiravam; e a mensagem, segundo ouvi, não era boa.

Pois é. E a mensagem de Kate parece ser: "Meninas, qual o problema de repetir roupa? Cadê a personalidade de vocês? Gente, vamos ser menos fúteis e menos ávidos por mostrar o que temos! Repetir o vestido não me diminuiu em nada. O fruto do seu trabalho não é para ostentar, mas para trazer conforto e segurança para você e sua família. Vamos parar de nos apegar a coisas pequenas! Há coisas mais importantes para ocupar nossa mente do que o figurino da próxima festa."   


Claro que o figurino da próxima festa é importante, mas a mensagem, subliminar que fica é essa. Querendo ou não coisas como essas vão moldando a sociedade a médio e longo prazo.

Uma coisa que já entrou definitivamente em minha cabeça é que esfregar riqueza na cara dos outros é uma forma de dizer "sim, eu vim de uma favela mas dei a volta por cima".   Brega, brega, brega.

Quem tem classe sempre dá umas mostras de "humildade entre aspas" - digamos assim. Pouco importa se a humildade dos aristocratas é real ou não. Aliás, claro que não é. Aqui estou falando de pose, não de princípios morais. O fato é que humildade, agora, é adereço de gente muito fina. 

Quem tirou o pé da lama um dia desses não pode repetir roupa ou casar humildemente porque toda a parentada vai dizer que o dinheiro acabou e eles estão falidos. Coisa triste...

Portanto, repetir roupa como Kate se tornou chiquérrimo. E ela não só repete: ainda empresta para a mãe!

Outro que deu uma de rico (porque rico é)  foi Mark Zuckerberg. Casamento simplesinho com noiva desenxabida.  E daí? A diversão agora é dizer "essas coisas que vocês dão valor e pelas quais tanto se endividam, para mim não representam nada! Ha ha ha! Nós ricos estamos em outra!"   Ou  "Não preciso provar nada pra ninguém porque todo mundo sabe que sou riiicooo!"

Parecia que a noiva - Priscilla - tinha acabado de colocar o bebê para dormir. Ou que estava só experimentando o vestido de noiva e foi flagrada pelos fotógrafos. Não consigo imaginar uma noiva mais apagada... Talvez isso explique as lampadazinhas acesas aí atrás, no quintalzinho do casal. Se fosse uma piriguete mulher de jogador ia ter brilho até no sininho da garganta.  Mas você acha que a doce japonguinha estava querendo se parecer com alguma mulher-fruta que aplicou para cima de algum ricaço? Claro que não.

Gente fina é outra coisa.

E aí, vai imitar?



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