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22 de set. de 2012

A verdade sobre a mentira



Pra variar, estive pensando. Dessa vez, sobre a mentira.


Você não acha que as verdades que fazemos questão de propalar geralmente são convenientes demais, ensaiadas demais, artificiais demais? Sim: sempre desconfiei de que elas eram de segunda mão. Já as mentiras não: elas são todas tão honestas!  Vou explicar:

Todas as nossas fragilidades estão escondidas debaixo do cobertor das nossas mentiras. Nada revela tão bem quem somos do que o tipo, textura, densidade, cor e qualidade das nossas mentiras. São elas, não "as verdades sociais", que revelam nossos medos, complexos, sentimento de inferioridade, inveja, impotência, desapontamentos e frustrações.

Para entender melhor o que quero dizer é necessário lembrar que mentiras não são apenas frases proferidas. Mentir vai além. Mentira pode ser uma postura auto confiante para impressionar os outros. Pode ser tentar ostentar um padrão de vida além das posses, pode ser tentar parecer bonzinho, caridoso, gentil ou jovem. Tentar parecer "chique". Mentir não é só falar: é também tentar parecer. Esse tentar é tão comovente!

Quem tenta ser, admite que não é. Admite que sofre por não ser. Admite que, para tentar imitar, necessariamente tem um modelo ao qual se sente inferior.


Descubra no quê uma pessoa mente e aí você descobrirá onde ela não se aceita, onde sofre, o quê ela inveja, quem ela queria ser, o quê doi.


Mentir é tentar esconder uma realidade que nos parece inaceitável aos olhos dos outros. Daí concluo que uma pessoa mente na mesma proporção em que é infeliz.


Cada mentira, uma dor. Não deveríamos ter tanta raiva dos mentirosos.




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