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15 de abr. de 2013

DIA NACIONAL DO CHORO MOLHADO.

Custei a assistir a mini-série Maysa porque não aguento ver, na tv,  picotarem uma historia para eu engolir os comerciais.  Comprei o box. E chorei.

Sabe, existe um chorar gostoso.

Se pensarmos bem passamos nossa vida domando as emoções. Chega uma hora que não dá mais. Tudo bem que a raiva tem que ser contida mas o choro pode ser liberado vez por outra sem grandes prejuízos principalmente quando se trata de uma comoção consciente, permitida e saudável.

Todo mundo tem que chorar vez por outra nem que seja só para hidratar a alma. No dia-a-dia precisamos posar de durões mas tem que existir no mundo um cantinho liberado para os "fracos".

Tinham que inventar o Dia do Choro: um dia no ano quando até as lágrimas mais descaradas estariam liberadas. E não só isso: as lágrimas seriam incentivadas e provocadas. Porque tem muita lágrima encroada por aí. Valeria tudo: músicas tristes, filmes comoventes, fotos profundas, poesias sensíveis... tudo arquitetado para o sujeito desabar. Gente, que saudável!  Os cardiologistas apoiariam com certeza.

Sim, eu sei que no dia 23 de abril se comemora o Dia Nacional do Choro, mas aí é choro-música. Portanto a data que proponho seria algo como DIA NACIONAL DO CHORO MOLHADO.

Nesses dias ralos que antecedem  o fim do mundo (é isso mesmo que eu disse)  estamos vivendo a ditadura do riso. No desespero do nosso presente decidimos que rir é imperioso e sofrer é uma chatice que se não puder ser evitada, pelo menos tem que ser encoberta. Sofrer hoje em dia é quase uma indelicadeza.

Só que todos temos dentro do peito um acúmulo de lágrimas. Assim como não se pode tomar cerveja sem urinar, não se pode viver nesse mundo sem chorar. Você tem que escoar suas lágrimas encalhadas ou vai se sentir mal, ficar inquieto, sufocado, com uma necessidade incessante de "fazer alguma coisa legal". Chore que passa.

Hoje as pessoas dramáticas ou sensíveis são sempre consideradas dramáticas demais e sensíveis demais. Antigamente diziam que elas tinham "alma de artista" ou "alma de poeta".  Hoje em dia são chamados de "malas."   Por isso estamos todos ficando muito gaiatos. Gaiatos mas sem graça.

Sobre a minissérie Maysa, ali é drama mesmo. Não foi a melhor que já assisti. Maysa não foi uma heroína. Ela estava mais para ovelha negra. Mas tudo bem porque a história nos ajuda a dar fim ao nosso encalhe de lágrimas. Além do mais é edificante quando conseguimos sentir a dor dos desajustados, dos que não se emendam. Sinal de que ainda resta compreensão e compaixão dentro de nós. Pelo menos uma centelha de Deus - ufa!

Pois chorei no escuro sentindo-me  tão humana, tão viva! Fez bem achar que entendo a dor dos que não conseguem ser melhores do que são, a dor dos que põe tudo a perder, dos que não tem a receita para serem alguém melhor. Minha alminha ficou leve.

Você precisa chorar. Depois me conte o resultado. Eu não conto pra ninguém.

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