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25 de ago. de 2013

Eles ou eu?



A gente vê tanta miséria que acaba cansando de pensar nela. Ou se acostuma a pensar que é um fato da vida e ponto final. O detalhe é que ao vivo é diferente.

Na televisão toda verdade fica com cara de filme. O mundo da fantasia entorpece a gente.  Para defender a saúde mental temos um dispositivo interno que arquiva as informações horrorosas na mesma prateleira dos filmes. Acho que funciona. Mas tudo cai por terra quando damos de encontro com a realidade.

Hoje a noite vi uma cena comum. Para mim, que vivo em uma bolha-classe-média não é comum. É uma coisa do outro mundo - mesmo!  Quando fui pegar meu carro para voltar para casa vi umas pessoas no meio de um monte de lixo catando algo para comer. Eles reviravam o lixo como se fossem cães! Uma coisa degradante. Me senti desconcertada com aquilo porque elas não tinham pêlos nem garras nem patas. Eram iguais a mim! Tudo fedia. Como não tinham nojo?

Quanto tempo levamos para perder o nojo das coisas? 

Na televisão não choca mas ao vivo e à cores é um soco no estômago. Dói o coração, alma e consciência.  

Como será que aquelas pessoas se sentem? Ou será que não se sentem?  Só sei que elas não perderam tempo me olhando. Eu estava pertinho mas minha presença era insignificante. Não chamei a mínima atenção. Não despertei o menor interesse. Para eles o lixo tinha mais a oferecer do que eu. Havia mais esperança no lixo do que na minha pessoa. 

Deve haver alguma coisa de muito errado comigo para um montão de lixo  parecer mais promissor do que eu.

E o que estou fazendo aqui? Escrever pode ajuda-los? Claro que não.

Seres humanos como eu, catando lixo como cães... E o que fiz por eles? Resposta: não fiz nada. Na verdade temi que me assaltassem ou agredissem. Sabe-se lá o que passa na cabeça daquelas pessoas estranhas!

Tendo em vista tudo o que foi dito, quem se desumanizou dentro desse contexto: eles ou eu?

5 comentários:

Unknown disse...

É Cristina, essas cenas estão cada vez mais corriqueiras, mas será que temos culpa mesmo disso? Ai... ai... Olha, podemos até ter, mas qual seria a melhor forma de ajudarmos? Seria dando comida, roupas e carinho? Acredito que não, pois o "buraco é mais embaixo", mas enfim, espero um dia que essas cenas sejam menos frequentes e que nós sejamos iluminados para pensarmos numa boa solução para esse problema.

BEIJÃO!

Priscilla Calandrini disse...

Pior que infelizmente, nosso senso de normalidade ´e tão grande que diariamente tratamos dessa realidade patente aos nossos olhos de uma forma absurdamente indiferente.No entanto,qnd paramos e refletimos um pouquinho... ficamos com os corações apertados, um nó na garganta, a vergonha de tantas vezes não valorizarmos quem somos, oq temos(como se Deus tivesse a obrigação de nos privilegiar!) e a sensação de que nada podemos fazer mas, será mesmo que nada podemos fazer???Sei não!
beijo grande pra vc!

tiestspi disse...

Sabe, Cristina, essa triste realidade nós a vemos por toda parte, querendo ou não!!! É claro que em nossa singularidade pouco ou quase nada podemos fazer. Mas é justamente para nos representar, que elegemos nossos governantes. O problema é que... a sociedade se esqueceu do sentido verdadeiro de "fazer política", não acha?! Liderados pelos nossos bons (! ond estão?!) políticos, poderemos fazer muito, em comunidade! Adorei sua reflexão. saudações. geraldo rdr.

Anônimo disse...

Bem Cris, eu tenho estudado muito sobre sociedade e tudo que a envolve, e é engraçado como todas entram no curso de Serviço Social com o profundo desejo de ajudar os outros, de fazer caridade...mas não é isso que deve ser feito. É dever do Estado lógico, mas podemos sim nos mobilizar e promover algum auxílio. Existem alguns projetos aqui em belém que trabalham com reabilitaçao de pessoas à sociedade, abigos para elas tomarem banho, comer e dormir. Promovem cursos, enfim, mas é impossível alcançar todos.
De fato é uma questão muito difícil. Mas creio que isso faz parte de uma crise política e do anúncio fim dos tempos.
(desculpe se falei bobagem, é o que penso)

Anônimo disse...

essa de fato é uma realidade q nos faz pensar...ás vezes eu, com o meu amor por animais, fico triste ao ver um cão abandonado na rua, dá vontade de levar pra casa (sei q vc n curti esta mesma paixão...ehehe), e qd vem um ser humano pedir um pouco de assistencia, a gente fica com raiva, diz "vai trabalhar!", e compaixão q é bom, nada!o fato é q a gente tá acostumado a pensar q n podemos fazer nada, q a vida segue assim...o fato é q todos dizem "se cada um fizer sua parte..." mas no fundo isso soa como um clichê manjado, e q na verdade n quer dizer muita coisa...a gente pensa "pq ele n se vira?eu n sou rico, to trabalhando...pq ele n faz o mesmo"..é verdade q tem muitos ali q tão nesta vida por pura "vadiagem", vícios, etc...mas outros por pura falta de oportunidades, por desgraça da vida, pq perderam tudo, pq ninguém se interessa por eles...aqui em casa sempre sobra comida, há fartura, e ainda assim já aconteceu deu negar um prato de comida simplesmente pq eu n quero "acostumar mal" o indivíduo...e se for parar pra pensar, há isso mesmo..é complicado demais..é difícil saber qd ajudar sem deixar a pessoa cômoda a essa vida, qd a pessoa tá naquela situação simplesmente pq é preguiçosa, escorona...ou qd realmente ela n teve outra escolha, e precisa de qq ajuda, sendo minha, sendo sua...na verdade, será q cabe a mim julgar qd a pessoa aparenta merecer minha compaixão, ou será q eu sempre tenho q fazer a minha parte, pelo menos por "descargo de consciência"...ah, sei lá...n sei...tô confusa...eu sei q enquanto eu me pergunto, tem gente morrendo, passando fome...a verdade é q isso é sim, uma realidade, e ás vezes a gente se acha bonzinho por ter pena, e n age...aaaaaaai, é uma droga..sei q no mundo sempre vai ocorrer isso, uns tem tudo, outros nada...n acho q a gente deva adotar o socialismo, onde todo mundo vai ter o básico, daí n falta pra ninguem...mas tb é triste ver gente ostentando, qtos outros estã miseráveis pela rua...gente, q coisa triste ir na praça da república e ver crianças nesta situação...parte o coração, mas tb nunca passei por lá pra deixar um pão, um prato...será q é de todo ser humano esse egoísmo, ou é só eu??acho q n faço nada mais por comodismo memso, por achar q isso é triste, mas eu n tenho nada a ver com isso...mas isso em si já é egoísmo, n???aaai, enfim...a verdade é q a gente sabe no fundo oq fazer, mas tá sempre deixando pro próximo essa responsabilidade..é um ciclo vicioso!!

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