.

.

12 de jan. de 2014

Segurança


Bom seria que os pássaros, em suas gaiolas, fossem brindados com a mesma sensação de segurança que nós humanos sentimos quando estamos enjaulados. 

Tomara que sim. Torço pelos pássaros. O futuro deles é promissor. Hoje vemos mais humanos presos do que passarinhos em gaiolas. Uma zero pra eles.

Dia desses vi uma mulher no pátio de casa, a noite.  Momentos de relaxamentos depois  de um dia atarefado, eu acho.  Sopa no fogão, meninos banhados, "dever cumprido". Momentos de liberdade e displicência. Na jaula.

Ao lado havia outras casas igualmente gradeadas, só que a dela chamava mais atenção. Era  muito estreita, o que lhe dava um aspecto de "ombro encolhido" perto das outras casas maiores. E por estar um pouco acima do nível da calçada, a semelhança com gaiola era inevitável. E a mulher lá dentro, muda e de olhar perdido, comia seu sanduiche de "nada fazer" recheado com "sensação de segurança". Acho que ela estava se sentindo bem.

Talvez não percebesse que o quadradinho onde morava era mais um ponto triste na cidade. Algo a ser fotografado para ilustrar textos-denúncia.  Uma imagem da nossa desgraça social agravada pelo aspecto conformado da mulher.

Não sei se um passarinho na gaiola retrata o mesmo nível de falência social daquela senhora. Não sei se os pássaros são consolados com a mesma ilusão de segurança que nós. Não sei. Só sei que quando saio de um ambiente fechado e me dirijo até meu carro, olho várias vezes para os lados. Quando me certifico de que não há ninguém suspeito por perto vou correndo e me tranco no veículo. Aí respiro fundo e me sinto novamente entre grades. É tão bom estar segura!

Nenhum comentário:

Páginas