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8 de set. de 2020

O louco (em 15/06/14) *

Já faz anos e todo mundo está careca de saber que o falecido ator Heath Ledger recebeu indicação para o prêmio Globo de Ouro por sua atuação como Coringa em "Batman - The Dark Knight”. Sim, os loucos são enigmáticos, inquietantes e às vezes cativantes. Por isso mesmo o cinema jamais esquece deles.

Geralmente os personagens malucos existem para nos meter ódio. Ou nos deixar encurralados, sem saber o que fariamos nas situações por eles propostas.

Quando assistimos a história de um bom menino que se tornou mau porque não suportou o peso da vida ficamos comovidos.  Somos então forçados a refletir sobre nossa própria fragilidade. Nossa mente é sujeita a deformidades e isso é assustador.  O cérebro está lá, guardadinho em sua caixa de osso, mas mesmo assim pode ser afetado por coisas invisíveis! Algo não-físico atravessa a caixa craniana e causa mais estrago que uma paulada.

Heath, como Coringa, no fez rir com o cenho franzido. Ele conseguiu passar para nós um peso interior, um mal estar generalizado que era impossível ignorar. Em seus modos amalucados ele atraía para si todas as atenções.   Heath Ledger fez o papel do louco que sofre, sangra por dentro e por isso esmurra o mundo.

Todos nós, às vezes, invejamos os loucos. Eles, somente eles, tem liberdade para dizer o que quiserem e serem como decidirem ser.  Eles assustam e às vezes até se impõe por isso.  

Loucura é a liberdade sem freios. A liberdade ao quadrado. A liberdade tão livre mas tão livre que nem seu dono consegue agarrá-la. Ele é arrastado por esse cavalo assustado e indomável.  O louco não tem controle, não se controla mas em compensação faz o que quer, grita, diz o que quer, se impõe. É desse tipo de liberdade que estou falando: uma liberdade amarga. Eles podem tudo, menos se controlar. Por isso não cabem nesse mundo e vivem em um mundo paralelo.  Vivem lá e cá.

Há uma dose invejável de liberdade na loucura.  Só uma dose, e é cara. É bem verdade que ser "normal" também não é lá muito barato... 

A loucura é a liberdade e, contraditoriamente, a suprema prisão. E isso é estranho, como não poderia deixar de ser.

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