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30 de jun. de 2015

O Robocop

Como sempre, em tudo vejo material para reflexão. Nem o Robocop escapa.

Pois eu queria ser o Robocop. Pode rir.  Tenho inveja da destreza, da falta de medo, do jeitão focado, da ausência de dúvidas.  É amado pelas pessoas certas e temido pelas pessoas certas.  Não tem medo de errar. Não erra. Não precisa de dinheiro. Não sente as tentações gastronômicas que sentimos. Nunca fica cansado. O Robocop é tudo o que eu queria ser.

Mas... o que há de errado com a minha humanidade?  Porque notei que tudo de que eu queria me livrar são justamente as minhas características humanas. O que será que sobraria se eu jogasse todas essas "bagagens" fora? Um monte de lata? O que eu seria se não sentisse medo nem dor, se eu não errasse nem sofresse de indecisão?

Tudo bem, fiquemos como estamos. Mas vale perguntar: o que há de tão bom em ser humano a ponto de valer a pena conservar ainda que a dor venha junto? 

É possível não sentir dor nem medo nem fraqueza nem insegurança nem esquecimento e ainda assim amarmos, nos emocionarmos, experimentarmos deslumbramentos?  Não seria possível ficarmos só com a parte boa da nossa humanidade? Ou as duas partes são inseparáveis como dois lados de uma mesma moeda?

Será que devo as minhas mais caras emoções justamente às minhas dores e fraquezas? Que trama mais complicada!



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