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16 de dez. de 2015

A Danuza Leão é assim

Me dou super bem com a Danuza. Você sabe, a jornalista.

A Danuza é assim:  uma mulher muito prática, elegante. Não é lá muito falante mas aprecia uma boa conversa. Não impõe assuntos mas quando é provocada desfia lentamente aquele novelo azul de lembranças deliciosas, falando de acontecimentos e épocas que a gente adoraria ter degustado mas acabou antes que a gente chegasse. Ficamos de fora. Aí a gente ouve, ouve... entre um biscoitinho e outro. Sabe, ela vai contado e sentindo se a gente quer ouvir mais. Geralmente quer. E geralmente ela não conta tudo.

A Danuza gosta de chá, sapatos confortáveis e pessoas discretas. Possui umas economias que garantem esse sossego chique que a gente conhece. Ela as vezes até que fala de seus amores mas guarda consigo uns dois ou três nomes secretos que não confidencia nem pra Deus.

Se não a conhece é possível que numa primeira impressão você a considere fria, desinteressada por sua amizade. Esnobe talvez. Mas vou logo avisando: ela fica cha-te-a-da quando lhe dizem isso. Mas cá entre nós, sem maldade: às vezes ela se põe meio distante mesmo e acaba conseguindo fazer com que uma pessoa se sinta invisível ao seu lado. Mas isso não acontece sempre! E nunca com os conhecidos. 

Ela é gentil embora use às vezes de uma gentileza meio distante. Acho que ela não acredita muito que a vida vá lhe brindar com amigos mais satisfatórios do que os que já possui. É um certo apego ao passado que a faz ser tudo para os que já ama e pouco para os que vem depois. Você vem depois.

Seus amigos a tratam com mimo (ainda se usa essa gíria?). Suas amigas são irmãs. Os segredos de todo mundo ela guarda junto com cartas, fotos e outros objetos cheios de significado. Pois é, quando Danuza ama, ama mesmo.

Quando a conheci foi a muito tempo atrás, muito por acaso, em um fim de tarde no Bloomingdales. Eu estava empolgadíssima com as vitrines enquanto ela parecia distraída e um tanto blasé, acompanhando uma amiga. Foi nessa ocasião, em uma conversinha fortuita, que ela me ensinou como usar uma pashmina que cismei de comprar.

Mentira. Tudo mentira. Nunca vi Danuza Leão nem pelas costas. É mais fácil um raio me decompor em cores do que ela se dar conta da minha existência ou ler um dos meus textos. 

Não tem problema. Não me importo se ela não lembra das tardes em que não estivemos juntas tomando chá e falando de namorados. Ela ainda não sabe, mas a gente é amiga pra caramba.

4 comentários:

Regina Farias disse...

Cris,

É por essa (crônica) e outras que estou sempre por aqui...

Gosto do teu estilo literário.

Abs,

Rê.

Danusa disse...

Cris,
Li sua crônica e gostei muito.
Parabéns.

Cristina disse...

Obrigada pelo incentivo em forma de atenção carinhosa.

Laíse Tróccoli Faraon disse...

Parabéeeeens..a própria Danusa postando um comentário aqui....nossa!suuuuuuuucesso!

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