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26 de dez. de 2015

Bondadezinhas e bondadezonas


Bondadezona todo mundo quer fazer.

Enquanto acharmos que "fazer o bem" se refere apenas às grandes coisas estaremos escolhendo o mal mesmo sem querer. As "grandes coisas"  nem sempre estão no nosso caminho.

Nem todo mundo nasceu pra Joana D'Arc. Nem todo mundo funda creche ou asilo. Nem todo mundo vai ser missionário em lugares miseráveis. Nem todo mundo morre pelos outros. As "bondadezonas" entram pra história e cobrem de glória a memória dos seus praticantes. Por isso que a gente gosta tanto delas. Mas esses são os destinos de bem poucos.

O lado ruim das "bondadezonas" é que alguns pensam que se aderirem a esses grandes projetos estarão dispensados das minucias do dia a dia.  "Já distribuí sopa e lençóis para os moradores de rua; não tenho que aturar a tia chata." 

Acho que esse "sentir-se dispensado das coisas pequenas" equivale a escolher o mal frequentemente. Porque as grandes coisas atingem pessoas no atacado. Nessas situações não tenho que conviver no varejo com ninguém. As grandes coisas nem sempre demonstram que existe bondade em mim. E nem sempre demonstram que quero fazer o bem. As vezes apenas quero ME SENTIR BEM.

Fazer o bem na "vida real" tem  a ver com todas as paciências e pequenas gentilezas do dia-a-dia.  Tem a ver com dar atenção a gente chata, emprestar pra quem possivelmente não nos pagará, ajudar mesmo sabendo que fulano  teve todas as oportunidades na vida para ficar bem mas jogou tudo fora... Tem a ver com não ajudar a detonar a imagem do mala do escritório.

É... é dificil. Concordo.

Mais fácil é esperar um "grande momento" para aparecer à frente de um ato de caridade cinematográfico. Mais fácil passar a lista de uma "ação entre amigos" na qual todos saibam que eu fui a idealizadora e ainda subir no pedestal da bondade para constranger quem não quer ou não pode ajudar.

Como são difícieis as "pequenas bondades" ocultas...

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