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3 de jan. de 2021

Floresta âmbar *



 Essa imagem me fez lembrar de um sonho que tive há muitos anos. Muitos anos. Nem lembro quantos. 

Eu estava em uma floresta maravilhosa. Sozinha. Era noite completa, escura e estranha mas eu conseguia ver claramente tudo ao redor: as árvores, o riacho, as folhas, o chão.  Não lembro se sentia medo. Só lembro do meu deslumbramento com aquele lugar. Era como se tivesse finalmente entrado em um mundo mágico. Eu estava ali e aquilo era a prova de que tudo o que li era verdade. Nunca estive ali antes mas o lugar me parecia de de certa forma familiar. 

"Eu sei do que se trata, mas não lembro...preciso de mais tempo aqui."  

Eu não sabia se havia mais alguém ao longe ou se eu estava ali com algum propósito.  A impressão era de ter caído aleatoriamente naquele outro mundo. 

Não sei se os elementos ao redor era fluorescentes... Não, não eram.   Eu não via foco de luz algum mas era possível enxergava tudo, como se um holofote cor de âmbar iluminasse ao redor de onde eu estava, de baixo para cima. Era tudo muito escuro mas para onde eu olhava havia uma misteriosa iluminação.  Era tão comovente! Era como se as árvores percebessem a minha presença. Havia ali uma possibilidade real de aventura.  Eu realmente precisava de mais tempo ali.  

Agora, ao lembrar, parece-me que aquela floresta estava dentro de mim como um subproduto de todos os meus sonhos, leituras e sentimentos. Ela foi criada inadvertidamente ao longo dos livros que li. Então, numa noite, com a alma vagando distraída,  entrei acidentalmente por um portal que me levou àquele lugar de onde bem poderiam surgir  de repente princesas e bruxas.  

Ah, eu daria tudo para voltar lá e finalmente descobrir. Descobrir o quê? Descobrir o que houvesse para ser descoberto. Porque havia aquelas árvores enormes cheias de saberes, com um silêncio típico de quem quer nos cantar alguma coisa proibida. Havia pedrinhas e riachos, olhos e negritude profunda. E tudo sabia de "algo'.

A saudade daquele lugar era como a saudade de uma pessoa. E agora, enquanto escrevo, sinto tudo de novo. 

Talvez fosse mesmo algum lugar da minha alma.



 

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