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18 de mai. de 2024

Confusão emocional

BEBÊ RENA:

Finalmente terminei de assistir a minissérie Bebê Rena.  Trata-se de um tremendo DRAMA PSICOLÓGICO que acabou me levando a uma série de reflexões. 

1-  As coisas mais estranhas ou condenáveis que uma pessoa faz nem sempre são frutos de uma livre escolha.   Algumas pessoas estão tão doentes por dentro que vão agindo de forma estranha a si mesmas.   Depois  passam o resto da vida tentando entender "afinal de contas que merda foi aquela" ou "como me vi envolvido em algo que não desejei nem por um minuto? Que tipo de idiota sou eu?'  

2- "Aconteceu porque você quis"  não se aplica a tudo.  

3- Nós não temos a menor ideia do que as pessoas passaram para chegar ao ponto em que chegaram.

4- Esse filme é assim:  depois de odiarmos o personagem por vários episódios, aos poucos ele (e nós) vamos entendendo todo o seu imenso drama interior e isso munda toda a nossa visão.

5- Um boa terapia pode te livrar de fazer muita "caca' nessa vida. 

6-  Por causa de uma carência profunda você pode destruir a sua própria vida.

7- Isso é MUITO COMUM em casos de estupros, assédios  e abusos sexuais continuados.  A pessoa perde referências e não sabe mais como a situação chegou onde chegou.   

8- Desabafar? Impossível. Para desabafar é necessário explicar o que está acontecendo. Só que A PESSOA NÃO ENTENDE DIREITO O SENTIDO DE TUDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO. 

9-  Confusão emocional é uma coisa muito dolorosa e fragilizante.  E é bem fácil manipular uma pessoa que se encontre nesse estado. 

10- Quem mata sabe por que mata. Quem rouba sabe por que rouba. Mas o sujeito manipulado não consegue entender  qual foi a  sua motivação.  Tudo parece um emaranhado aleatório no qual foi se enredando sem sentir e depois não conseguiu mais sair. 

11-  Qualquer pessoa que olhasse aquele personagem iria dizer que ele era apenas muito burro ou que no fundo gostava daquela maluca. Só que não era nada disso. Nós somos seres extremamente complexos. Não há respostas simples para situações confusas.

Essa série é um tratado de psicologia.  

No fim você acaba sentindo pena do cara e da absurda fragilidade dele.  

Depois de tudo espero ter me tornado uma pessoa mais compreensiva com o próximo.

12 de mai. de 2024

Dia das mães

Meu Deus, meu Pai,

Obrigada pela experiência maravilhosa de ser mãe.
Obrigada pelo corpo fértil, pelos meses de gestação, pelas transformações no corpo e na alma. 
Obrigada pelos filhos que me destes e porque eles tem sido até hoje preservados de tanta coisa ruim!   
Obrigada pelas vezes em que suas vidas foram salvas e seus corpos foram curados. 
 Obrigada  pelos risos, pelas brincadeiras e até pelas choradeiras. 
Obrigada pelo parto normal e pela euforia no final. 
Obrigada pelos seios cheios de leite. Obrigada  pelo alimento que nunca lhes faltou.  
Obrigada porque eles ficavam tão lindos de uniforme escolar! Tão lindos que meus olhos brilhavam! 
Obrigada pela minha mãe,  minha avó,  minha bisavó, minha madrinha... por todas as mães que me serviram de exemplo.   
Obrigada por todos que me ajudaram e todos que oraram por mim. 
Obrigada pelos meus erros maternos relevados e perdoados.  Foram vários mas o Senhor ajeitou as coisas. Valeu! 🙏

Obrigada por eu ter sido mãe tão jovem,  tão "zerada"  e tola mas mesmo assim ter dado tudo certo. Ufa!

Me ensina a continuar sendo mãe mesmo nessa fase em que eles não precisam mais de mim. O que mais eu ainda posso fazer?  

E me ensine a ser mãe para quem passar pelo meu caminho precisando de uma mãe, porque o senhor tem tantos filhos!!!

Grata para sempre. 
Amém.

28 de jan. de 2024

Regras do mundo moderno

O título dessa postagem também poderia ser "regras para afastar os seres humanos uns dos outros".

Regras do que nunca dizer durante uma paquera:  Não fale em dinheiro. Não conte grandeza nem conte pobreza. Não fale em política. Não fale em religião. Não fale em sexo. Não fale demais sobre você mesmo mas também não pergunte demais  sobre a pessoa.

Regras do que nunca se deve dizer a uma grávida:   Não pergunte quantos meses. Ela já está enjoada de responder isso. Não pergunte se é menino ou menina. Ela já está enjoada de responder isso.  Nao pergunte nada que outros ja possam ter perguntado. Não comente sobre a barriga. Pode ser que seja só gordura. Também não finja que não viu  a barriga. Pode parecer que você está achando que a gravidez foi acidental e a criança não tem pai.

Regras do que nunca se deve dizer a um deprimido:  Não tente anima-lo. Ele está de saco cheio desses conselhos. Nem desanima-lo. A situação pode piorar.  Não diga que é bobagem o que ele sente (não minimize a dor dela) mas também não diga que ele tem razão em se sentir daquele jeito (não reforce o mal estar dele).   Não sugira programas pra distrair , não diga que a vida é bela  nem que a vida é mesmo uma bosta. Não pareça feliz nem triste perto dele.  Resumo: não pergunte nada , não afirme nada, não sugira nada, não fique muito junto nem abandone. Frases motivacionais nem sonhar! Não funcionam e ele odeia.   Frases pessimistas também não - Deus o livre.  Pensando bem, melhor você sumir pra não piorar as coisas.

Regras do que nunca se deve fazer ao visitar um bebê:  só apareça por lá depois de uns seis meses. Sua simples presença pode desintegrar um recém-nascido.   Não tente ajudar a mãe com nenhuma sugestão, mesmo que tenha funcionado para você e tenha salvado a sua vida. As mulheres de hoje odeiam todo tipo de conselho - a não ser que venha através de algum influencer que nunca cuidou de uma criança. Sua experiência de vida é ofensiva, reles, dispensável, ridicula. Não sugira nada ainda que o moleque esteja se engasgando. Não comente nada sobre a aparência na criança. Não tente ajudar, não tente atrapalhar ,  não pergunte se ela quer ter outro filho, não toque na criança pelo amor de Deus!!!! E lembre: beijo é tentativa de homicídio. Um médico da moda disse isso, então é lei.  Não fale muito alto mas também não fale muito baixo como se a mãe estivesse doente.  Não  ria, não chore, não se coce, não vá ao banheiro, não peça água - não peça nada.  Vá embora logo. (Não devia nem ter ido).  Desapareça.

Regras do que nunca se deve dizer a uma  mulher solteira (lembre sempre que ela é empoderada então se ofende até com sua respiração machista). Não pergunte a idade. Não pergunte se tem filho. Não conte vantagem nem chore pobreza. Não tente beijar mas também não demonstre falta de vontade de fazê-lo. Elogie tudo, até o feijão grudado no dente. Não insinue que vocês devem rachar a conta. Ela vai te achar miserável. Mas também não insinue que vi pagar a conta: ela vai te achar machista. Não fale mal da sua ex mulher, pois ela vai considerar isso um ato machista e montruoso. Não fale bem também, se não ela vai se sentir comparada e agredida. Também não evite falar dela, se não vai parecer que você ainda está apaixonado ou está escondendo algo.

1000 regras do que nunca se deve dizer...  blablabla

Tá complicado demais. Fica mais fácil não se aproximar de ninguém,  não visitar ninguém, não puxar papo, não paquerar, fugir dos seres humanos  e ignorar todas as crianças do mundo  porque se você  encostar numa delas  você poderá estar  quebrando alguma das 1000 regras relacionadas às crianças.

Afffmaria! Antigamente o mundo era melhor.

4 de jan. de 2024

CADEIRA DE BALANÇO (Depois daquela foto) *

Lá pelos quarenta anos a gente se olha no espelho, confere tudo e se promete: nunca vou envelhecer. Eu fazia essa brincadeira comigo mesma, de fazer-me esse juramento. Parecia divertido porque eu, de fato, me sentia ótima. Ótima com quarenta anos, ótima com quarenta e cinco, ótima com cinquenta.  Meu Deus, eu me senti ótima por tanto tempo!

Só fui começar a notar  a passagem do tempo lá pelos 55 anos.  Só a partir daí admiti que as coisas estavam mudando. 

Eu sempre disse que não me incomodava com o passar do tempo. Não era mentira. Como eu poderia me incomodar com algo que não percebia? Fiquei assim, nessa doce dormência, por vários anos. 

Mas... os 50 foram passando. Sem alarde, mas passando. Então vieram os 56, 57, 58...     Foi quando comecei a notar umas "pequenas imperfeições estéticas" aqui e acolá. Não me importei, afinal de contas até adolescentes têm imperfeições.  Mas lentamente fui admitindo que tudo aquilo que eu chamava de "imperfeições" eram na verdade indiscutíveis sinais de envelhecimento.   Aceitei com certa tranquilidade até porque a minha disposição não mudara e minha saúde continuava intacta.  Nada daquilo era suficiente para que eu me sentisse velha. Apenas eu deixara de ser jovem. Isso não me parecia tão grave.

Até que um dia uma simples foto derrubou toda a minha auto imagem.   

Eis que eu estava em um evento com pessoas tirando fotos aleatórias.  Lá pelo final do dia desejei ver tais fotos.  Foi quando me deparei com uma senhora. Não uma mulher, mas uma senhora.  Claro, era eu no esplendor da minha decadência. Vi e conferi, de uma vez e sem anestesia, tudo o que deixei de ser e que agora sou. Vi tudo o que o tempo me fizera e que eu, até então, alegremente ignorara.

Agora seria necessário alinhar as coisas: o físico com a alma. Não era possível ignorar tal revelação.

Sem fazer força alguma o meu espírito se vestiu de senhora.  Eu nem tive tempo de pensar a respeito. Simplesmente aconteceu.    Aquela camisolinha de cambraia desceu do céu lentamente, veio flutuante e com muito jeitinho encontrou o rumo da minha cabeça e desmoronou sobre mim se amoldando ao meu corpo muito gentilmente. Achei gostoso e me vi então sem os espartilhos. Houve um realinhamento interior. Era algo como uma despedida destrambelhada mas que  se tornou confortável com a descida da camisolinha branca. 

Nunca mais consegui me sentir da mesma forma.  Agora abraço sem muita relutância algumas novas tentações; a tentação de pensar que posso descansar o quanto quiser, que a magreza não é mais uma dívida que tudo passou, não vou melhorar mais, não preciso mais me sentir culpada por não ir para a academia. Toda gordura será perdoada, toda flacidez está justificada, "você fez o que pôde, a gente entende, agora relaxe vovó".  Não preciso mais sentir incômodo nem culpa nem obrigação de coisa alguma.  Posso deixar tudo escoar nessa ampulheta fatal.

Já não terei mais aquela angústia, tão comum aos jovens, do medo de estar jogando a vida fora. Isso não cabe mais. O que vivi, vivi e se não quero mais "aproveitar", ok.  Não estou jogando nada fora. Já bebi o cálice.  Não há mais nada diante de mim que seja tão incrível que não possa vir a ser desperdiçado.

Certamente a juventude pesa. Pesa de várias formas e começo a me sentir aliviada dos seus fardos. Não "tenho que" mais nada e não aceito certas cobranças.  Essa é uma boa compensação para a beleza que perdi.    E aquela bobagem de evitar certas roupas, certos sapatos e certos costumes por ser "coisa de velha"?  Essas bobagens colavam em mim  e eu nem notava o quanto eram incômodas.  

Pois então abracei com alegria todas as generosas desculpas que a vida jogou no meu colo. Preguiça é permitido. Tenho o direito, pessoas idosas cansam mais mesmo. Engordei?   Sim, e você queria o quê? Faz parte. E na suas idade eu estava melhor do que você. Não quero ir hoje para a academia. Não vou. E mesmo que eu vá não vou virar Garota Verão então dane-se. 

E tem mais!  Sinto nos mais jovens uma certa disposição em relevar certas coisas, meu jeito ou algo que eu diga, assim como eu relevava as manias e falas da minha avó. Isso também traz conforto. É mais uma almofada que a vida coloca gentilmente nas nossas costas.

Essa é a parte boa mas é bom lembrar que é de desculpa em desculpa que uma pessoa desmorona. É isso que eu quero? Não. Ainda me sobrou uma dose de vaidade.  Então entre o conforto das desculpas e o medo do desmoronamento vou me cuidando, me equilibrando entre a rebeldia e o auto cuidado. Ainda frequento academia.

Nem sempre sou minha amiga. Vez por outra ainda me lanço o "fogo amigo" da auto crítica inclemente:

"- Pare!   Pra quê esse batom ridículo? Vermelho não vai mais ficar bem em você. E pra quê outro par de brincos? Eles não vão te melhorar em nada. Vista qualquer coisa, ninguém se importa.  Sim, esse anel é lindo mas em sua mão só irá reforçar o fato de que a pele envelheceu. Que alegria pode haver em coloca-lo em suas mãos enrugadas?   Não vai ter o mesmo efeito da juventude, querida. E convenhamos: você realmente não precisa de mais outro vestido. Qualquer coisa que você vista não farás mais diferença. Acabou."   Em várias ocasiões, mesmo com dinheiro na bolsa, já deixei de comprar anéis e vestidos por causa disso.

O consolo é que essas flechadas ácidas continuarão tendo influência sobre mim só por mais um pouco de tempo. Estou caminhando para aquela fase do "tudo posso".  

Minha realidade agora é essa cadeira de balanço mental, que oscila entre o conforto da condescendência e a auto crítica cruel, entre a rebeldia e o auto cuidado.  Vou para a varanda da vida mais ou menos resignada, sem saber direito se esse vai-e-vem é ou não é para deixar no automático, se é ou não é para ser assim. 

Cadeiras de balanço não servem como símbolo de indecisão mas de descanso. Acho melhor eu abraçar essa compreensão.




O VALOR DO PATRIOTISMO *

Um povo está pronto para ser invadido, explorado e dominado quando patriotismo passa a ser considerado uma estupidez.

Certa vez ouvi alguém dizer que concorda comigo, "desde que seja realmente patriotismo, pois já vi "patriotas", prestando reverência à bandeiras de Israel e EUA. Já vi "patriotas" defendendo posturas políticas onde somente o investimento estrangeiro é privilegiado. Já vi "patriota" destruindo empresas nacionais que produziam e geravam empregos para que empresas estrangeiras saíssem lucrando. Já vi "patriota" que apoia os políticos mais abjetos que se possa conhecer. Já vi "patriota", ladrão, corrupto, explorador, escravagista, corrupto. E todos juram que são PATRIOTAS, POR DEUS, E PELA FAMÍLIA.

Respondi que nada disso invalida a minha afirmativa anterior.  Talvez invalidar o valor do patriotismo por causa dos patriotas imperfeitos seja tão tolo quanto invalidar o valor do amor por causa dos amores imperfeitos.  Tudo nesse mundo é imperfeito, ora!   Até mesmo por causa disso nós precisamos de ALVOS PERFEITOS: para evoluirmos. Para olharmos além da mesquinharia.  Se nos espelharmos apenas no que é torto, que tipo de vida teremos? Para onde estaremos caminhando?

Seria razoável eu dizer que a família harmônica, amorosa e equilibrada não deve ser vista como algo bom nem deve ser adotada como um ideal  porque a maioria das famílias é imperfeita? 

Sim, o patriotismo tem GRANDE VALOR na formação e preservação de uma nação. Apesar dos patriotas imperfeitos.   É o patriotismo que gera os melhores seres humanos que conhecemos.  Porque o anti-patriotismo  cria o império do egoísmo - e daí vem tudo o que não presta.

A falta de patriotismo enfraquece um povo. Torna-o venal, covarde.  E inviabiliza a existência de atos de heroísmo e generosidade típicos de um verdadeiro patriota. O patriota ama algo além de si mesmo e isso o conduz ao altruísmo. Isso é tudo que os imperialistas não querem.  Isso é tudo o que os entreguistas não querem, porque é difícil dominar (ou vender) um país cujo povo ama a sua pátria, seus símbolos, sua cultura, bandeira e tudo o mais.    

É precisamente por este motivo a esquerda tanto ridiculariza o patriotismo.   Quem não luta pela pátria mas luta apenas por si,  FACILMENTE SE VENDE.  E um país de vendidos é um pais de escravos. Porque alguém sempre vai querer comprar o que está a venda.


19 de nov. de 2023

O BELO *

Em todas as sociedades existem padrões de beleza comumente aceitos.  Eles variam um pouco mas claramente existem e  não são impostos. Eles nascem naturalmente apesar de poderem ser "contagiosos":  Sim, você pode absorver preferências de outras culturas se estiver exposto a elas.  Qual o problema? É assim no mundo todo. 

Detalhe: para tudo que é bonito existe o seu oposto. 

Você pode espernear a vontade mas é impossível abolir isso.  Você pode fazer campanha e explicar que há outros valores preciosos além da beleza. Hei de concordar com você.   Você pode dizer que beleza não é tudo e o sujeito "não bonito" é também um ser preciso .  Ok, é verdade mesmo!!!!  Mas você não pode obrigar ninguém a achar bonito aquilo que ele NATURALMENTE  acha feio. Paciência!   

Não perca seu tempo tentando subverter conceitos não fundamentais que vão ser fatalmente  alterados no decorrer dos anos. 

Quando eu era menina a beleza suprema feminina era olhos grandes e boca pequena e delicada.  Hoje inverteu: bocão está em alta. Peitão era feio. Pernas finas era feio demais. Mulher musculosa era feio.   Os pelos masculinos eram algo muito sexy, símbolo do vigor masculino. 

Ninguém precisou encher o saco de ninguém para mudar isso!  Simplesmente aconteceu e vai continuar acontecendo.  

Confie na naturalidade dos processos. Respeite!

Sempre existirá o conceito de feio e o conceito de bonito. Qual o problema? 

Quem é feio não tem que ser convencido de que é bonito através de elogios hipócritas.  O feio só precisa entender que não precisa ser bonito para ser feliz.  Ele,  como ser humano,  transcende a isso!  Felicidade e sucesso não dependem da aparência física.   É isso que precisa ser ensinado,  não o besteirol de que "não existe feio nem bonito". Mentira. Existe sim!  

A beleza não é o "bem supremo" pelo qual devamos lutar com todas as forças.  A beleza é apenas um momento biológico. Vem e vai como o vento.

17 de out. de 2023

"MATOU PARA LIMPAR A HONRA"

A um tempo atrás  era assim. 

Quando a mulher traía o marido ela corria o risco de ser assassinada por ele. Não era sempre que acontecia, mas o risco era grande.  O homem seria preso, claro. A sociedade desaprovaria o crime mas ... Sempre haveria um "mas".  Seria um homicídio causado por grave abalo emocional, portanto um crime de menor gravidade.

Hoje as pessoas, ao analisar o passado, dizem que aquilo acontecia porque a mulher era vista como propriedade do marido.  Discordo do motivo.

Não é que a mulher fosse vista como uma propriedade.  O problema é que a figura do traído era profundamente vexatória para o homem, a ponto de lhe degradar a imagem.  Era o peso de um  ridículo tão grande que se tornava insuportável  para alguns. Uma terapia ajudaria, mas um machão jamais recorreria a ela. 

Para o homem antigo era como se da noite para o dia ele fosse transformado de cidadão, pai de família e trabalhador honrado em um simples palhaço.   O papel de traído era ridículo demais para a época.  

Já quando era o homem que traía, a reação da sociedade era completamente diferente.  Pra começar ninguém ridicularizava a mulher. Pelo contrário:  as pessoas sentiam pena, se solidarizavam.  E mais: se ela não abandonasse o marido e continuasse a cuidar dos filhos, passaria a ser vista como "uma grande mulher" , mulher exemplar, símbolo de força e caráter. Isso por priorizar a união familiar, se sacrificar pelos filhos e aguentar a situação.  

O homem traído virava palhaço e a mulher traída virava santa. Ok, posso estar exagerando, mas era mais ou menos isso.

A mulher só se tornava vilã quando traía.  A traição feminina era muito mais grave do que a masculina. Não havia perdão. 

Então o crime - a meu ver - não tinha nada a ver com a ideia de posse mas com o rótulo humilhante que a sociedade da época colocava sobre o homem. Para se livrar do peso da humilhação, alguns enlouqueciam.    No conceito de muitos machos, só o assassinato ("lavar a honra")   tiraria da cara da sociedade o risinho de deboche.  Ele passaria a ser o monstro, mas não o palhaço da história. 

Assim funcionava grande parte das cabeças masculinas. Obvio que um homem equilibrado, bem resolvido e seguro de si jamais mataria a própria esposa. Simplesmente lhe viraria as costas e seguiria a vida de cabeça erguida, afinal o erro não foi dele, mas dela.  Mas infelizmente nem todos tinham essa firmeza interna e o peso da opinião alheia era mais importante do que tudo na vida. 

Penso que era assim.  Mas e hoje,  como é?

Não é nada incomum as mulheres traídas matarem seus maridos adúlteros.  Pra começar, quando acontece  a mulher não sofre grande repulsa por parte da sociedade. Parece até que há um certo  consenso na ideia de que "provavelmente ele mereceu. Ele deve ter levado ela a loucura, coitada." A mulher não mata pela honra mas pelo ódio de ter sido enganada. E pela dor do ciúme e pela dor de imaginar o risinho "da outra" pelas suas costas.

O homicídio praticado pela mulher e o praticado pelo homem não são vistos da mesma forma pela sociedade. Quando a mulher mata ninguém a acusa de "sentimento de posse" sobre o marido. Já quando o homem mata já uma certeza geral de que foi por ele se sentir dono dela. Quando a mulher mata as pessoas reagem como se o homem tivesse feito por merecer e ela é a vítima, por ter sido quase empurrada àquele ato tresloucado.  Quando o homem mata, ninguém acha que houve alguma contribuição externa para tamanha vilania. Ninguém diz que a mulher contribuiu para a desgraça ou fez por merecer. A mulher nunca merece. Só o homem merece.  

Se antes a sociedade era injusta com as mulheres, agora é injusta com os homens. O vilão é sempre ele seja como for:  matando ou morrendo.  No caso da mulher,  se  ela matou é porque "não aguentou mais o sofrimento" e se morreu era porque ele era tão ruim que acabou tirando-lhe a vida.  

Sendo assim, parece-me que a situação é mais injusta hoje do que a de antigamente.  Porque antigamente pelo menos o papel de vilão se alternava! A mulher conseguia ser vilã quando traía. Hoje não.  

Não evoluímos NADA.  A evolução está na  imparcialidade. O sentimento de que "agora chegou a nossa vez de dar o  troco" é  profundamente adoecido e socialmente nocivo.

Agora me pergunto: quanto tempo ainda deverá se passar para pelo menos começarmos a desejar a JUSTIÇA e a trabalhar por ela? 
 

9 de jul. de 2023

Sofrimento seco *

Coisas esparsas. Ideias esparsas. É assim que sinto esse momento, onde procuro o fio da meada no meio do escuro, no meio da dispersão causada pelas redes sociais.  Estou tateando, me procurando. Às vezes  esbarro em mim mesma mas novamente escapo.

Preciso voltar a escrever.  E não é o que estou fazendo? Não. Não estou escrevendo. Estou prometendo recomeçar. Estou dizendo que quero.   

Escrever é como me achar de novo. Meu Deus, como andei perdida!  Saudade da minha versão mais real, que é capaz de ver poesia em pingo d'água. 

Estou cansada de ser nada no meio da confusão das redes. Me perdi de mim,  diluí minhas emoções, reduzi tudo a poucas frases "estratégicas e bem pensadas" feitas para serem lidas rapidamente por quem não quer ler, absolutamente. Que humilhante reduzir a isso os seus próprios sentimentos, suas próprias percepções!   Que humildade abominável reduzir tudo para caber no desinteresse alheio!  

Se é para falar sozinha que seja aqui no blog,  com o estado de espírito de quem escreve em um diário.

Hoje vi um filme triste, muito triste e romântico. Isso parece ter me acordado de algum sono muito longo. De repente me senti novamente capaz de sentir esse tipo de emoção, de dor suave.  

A gente vê tanta maldade política que parece que vamos ressecando, endurecendo junto com os outros. Uma floresta sem folhas, só de galhos secos.  Mas uma "boa dor" faz o coração amolecer. É como óleo no cascão de ferida.  Um filme romântico me pareceu bem terapêutico.  

Vejo isso como um bom presságio: poder ser, sim, que a Cristina escritora esteja voltando, cansada de guerra, cansada da inutilidade de sofrer sem poesia. 

Nos filmes a gente sofre nos braços da beleza. Mas lendo os noticiários a gente sofre no seco, muito amargamente e sem graça. É o mais nocivo dos  sofrimentos  porque, ao invés de amolecer a alma (como fazem os filmes)  o sofrimento seco faz o contrário:  desidrata a gente.   Acordar de um filme triste é se sentir feliz porque, afinal de contas, a sua vida é melhor do que aquela. Mas acordar das más notícias e descobrir que não tem para onde emergir é duro.    

Não quero continuar mergulhada, sem ar.


22 de mai. de 2023

Carência versus orgulho *

Mais um dia que se passa e eu não cumpro a promessa que fiz a mim mesma de procurar minhas amigas, manter contato, não me afastar de ninguém. Os dias são maus. Sozinho tudo fica mais triste. 

Quero deixar um recado ao mundo: parem com esse orgulho bobo de "por que só eu que tenho que procurar? Não vou procurar quem não me procura. Por que  só eu que tenho que correr atrás?"   A resposta é simples: só você tem que correr atrás porque só você sente falta. A necessidade é sua. Por que se importar com os outros? 

Se você sente sede e o fulano não sente, não faz  sentido perguntar "por que é que só eu tenho que tomar água?"   Nesse caso a necessidade alheia é absolutamente irrelevante.   Cuide de vocÊ, dê a você o que o seu coração pede.     E tem mais: o fato de não te procurarem te deixa muito a vontade para simplesmente sumir quando a sua carência for satisfeita. 

O que importa é você e o que você precisa hoje. Cobrar amor nunca deu bom resultado.  É bobagem. Apenas seja livre desses orgulhos bobos. Seja livre.  Busque quem você quer, quando quiser. Dê atenção às suas necessidades, às suas solidões e saudades.  Se agir assim você jamais será a devedora da situação. É horrível pensar na coisa nesses termos, mas lá vai: quem dá o primeiro passo será sempre o "credor".  Vá atrás sim, e jamais se preocupe em retribuir coisa alguma, já que a iniciativa foi sua.

Há um "quê" de liberdade nisso tudo. 

23 de jan. de 2023

A casa dos meus sonhos

Senti vontade de expressar como seria a casa dos meus sonhos. Sim, é necessário.   Pode ser que o "universo" esteja me instigando a isso porque pretenda me  surpreender brevemente com um "presente surpresa" e para isso precise de algumas informações mais detalhadas.

Ou pode ser que meu sexto sentido tenha intuído que um dia terei dinheiro para  realizar esse sonho. Então nada mais acertado do que descrever tudo direitinho para facilitar o trabalho do meu futuro arquiteto. Quando a situação surgir basta eu mandar o link dessa postagem para ele. Olha que prático!


1 -  Se a grana for boa quero  duas salas:  uma será sala de estar, para receber visitas. Não precisa ser muito grande mas  precisa ser bem agradável, lugar calmo para as pessoas conversarem, relaxarem e tomarem um vinhozinho.   O lavabo será lindo. Caixas de som embutidas e iluminação âmbar são necessárias. 












2 - A segunda sala será a de jantar e deve ser o lugar de convivência da família.  Conceito bem aberto, integrado com a cozinha.  Deve ter uma "cortina de blindex" que se abra totalmente para o pátio exterior, de forma que a melhor vista seja reservada para esse local. Deve ficar, portanto, nos fundos da casa,  de sorte que quem esteja na mesa ou no fogão possa ver quem está lá fora na piscina.    Será o lugar das risadas e para onde a gente leva a parentada e as visitas mais íntimas.  Enquanto dois jogam damas, outro prepara a farofinha de ovo tomando cerveja; um fica ali no cantinho das poltroninhas enquanto quem prepara a feijoada consegue ver quem está na piscina.  A área da pia e fogão deve ser um lugar alegre e integrado, jamais uma "senzala".   É bom colocar uma boa televisão aqui também.  E um lavabo.  Acho que será aqui o local da minha tão sonhada cadeira de balanço. 

3-   Na cozinha teremos duas portinhas bem discretas: uma vai para a área de serviço e a outra será do armário da despensa.  Os armários da cozinha serão praticamente só para guardar os utensílios.   

4- A área de serviço deverá contar com tanque de duas cubas. Terá uma lava-e-seca e um tanquinho pequeno, só para lavar panos de chão e  panos de limpeza. Ali haverá cestos de roupa limpa por passar, cesto de roupa suja, varal, tábua de passar roupa, vassouras, rodo, aspirador de pó etc.  Contará também com um bom  ventilador de teto e um pequeno armário para os produtos de limpeza.

5-  O que será comum a todos os quartos:   

a) Não haverá parede cheia de armários (modulados) nos quartos. O armário será no estilo americano: uma discreta portinha no canto, que dá para um bom closet cheio de prateleiras.   b) A  outra portinha irá para o banheiro. Os quartos terão o tamanho suficiente para caber pelo menos uma cama grande, uma poltrona bem relaxante e um canto com uma mesinha, para fazer anotações ou tomar chá. (Essa foto não expressa 100% da ideia mas já está valendo).



6 - Pelo menos o banheiro do quarto de casal deverá ser "aberto":  uma das paredes (pode ser a do box) deve ter uma porta ao fundo que se abra para um jardinzinho particular. Quanto maior, melhor. Quero poder tomar banho de chuva dentro do meu banheiro. A impressão de confinamento que existe nos banheiros deverá ser anulada. O que desejo é uma bela e espaçosa "sala de banho" onde a gente entre e não queira logo sair correndo.   O espaço de maquiagem pode ser no banheiro ou no closet.  Veremos. O mais importante: ODEIO  banheiro apertadinho. Por mim pode até diminuir o tamanho do quarto para aumentar o banheiro.  Banheira até pode ter, mas não faço questão nenhuma. 

7-  Um dos quartos será a minha mini academia. Não precisa de muita coisa pois só será usada aos finais de semana ou quando eu estiver com muita preguiça de ir para a academia.  Deve ter uma boa TV para assistir algum vídeo enquanto caminho ou pedalo.  Deve ter então uma esteira, uma bike, 
uma bola grande e um colchonete para os abdominais. Uns pesinhos também.  A ideia não é eliminar a ida à academia mas apenas acalmar a consciência quando eu não quiser ir. Talvez o computador não precise ficar no quarto, mas aqui nessa sala. Decidiremos isso depois.  Ela também pode ter um sofá-cama para hóspedes. Um pequeno armário, um janelão e um banheiro simples.

8 - Não esquecer a garagem para quatro carros, câmeras, sensores de presença etc. E placas solares. 

9 - Quase tudo que mencionei pode ser adaptado para um apartamento.  Nesse caso a sala de jantar seria a mesma sala de visitas. Mas pelo menos eu teria uma sacada bem espaçosa no lugar do pátio.

10 - Eu AMO cores:



Pronto, já visualizei. Já fiz a minha parte. Agora é só esperar o "universo" conspirar a meu favor.

11 de jan. de 2023

Várias coisinhas *


1) Esses dias alguém disse, acertadamente, que as crises são necessárias inclusive para a gente descobrir quem realmente somos. É verdade. Esses dias flagrei em mim uns sentimentos pouco nobres que eu pensava não ser mais capaz de sentir.  Ok Deus! Já pode desligar a crise. Já saquei.

2) Outro dia ouvi uma frase reconfortante sobre MEDO: a maioria dos nossos medos jamais se concretiza.   É muito  bom lembrar disso. E quais são os meus maiores medos?  Obvio que não vou te contar. São poucos mas são meus.

3) Recentemente percebi que eu finalmente venci a depressão das sextas feiras. Um dia alegre pra todo mundo era uma tortura para mim. Foi assim por anos. O motivo provável é que a maioria dos meus sonhos, fantasias e desejos seriam realizáveis de preferencia às sextas e eles simplesmente nunca aconteciam. A esperança se renovava como fênix todas as sextas, teimosamente. Mas o mundo ao meu redor parecia estático e pouco disposto a mudar um pouco para socorrer a minha pobre alma.   As sextas feiras eram um rosário de frustrações e ressentimentos. Mas passou.   O mundo continua estático. As coisas continuam não acontecendo mas isso não me fere mais. Desisti. 

Sim, desistência pode fazer muito bem. Jogue seus sonhos no lixo se eles estiverem te enchendo muito o saco.

Sonho bom é aquele que você não precisa de ninguém para que se realize. Se é algo que dependa apenas do seu esforço, vá em frente. Mas se forem sonhos que precisem de parceiros (tipo sonho romântico) mande às favas essa tranqueira.  

4) Mas tenho outros espinhos emocionais a extirpar:  um deles é a inexplicável  angústia das viagens. Claro que gosto de viajar. Acho que todo mundo gosta.   Mas toda vez que o faço sinto uma angustia, um aperto no coração. É como se eu estivesse me despedindo para sempre de algo.  Como se fosse uma partida eterna, talvez como se eu não fosse voltar nunca mais. Uma espécie de premonição que nunca se realiza mas sempre se anuncia, de forma persistente.  Sinto como se eu estivesse abandonando alguém. A dor é exatamente essa: dor de culpa.

É tudo muito, muito cinza.

REALIDADES BRASILEIRAS