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28 de out. de 2011

"Nossos filhos pertencem ao mundo"




Uma ova! Os seus, os meus não!

José Saramago escreveu um texto que se tornou famoso, sobre isso. Parabéns pra ele, mas comigo não!

Essa coisa de que "nossos filhos pertencem ao mundo" me irrita. Sério. Pra começar, não foi o mundo quem os pariu, não foi o mundo quem pagou colégio dos pirralhos nem limpou carretas de cocô. Também não foi o tal "mundo" quem fazia orações desesperadas cada vez que eles ficavam doentes ou demoravam a chegar em casa. Meus filhos são muito meus sinsinhô. Podem casar a vontade mas continuam sendo propriedade privada. E ponto final. 

Uma amiga disse que estava acostumada com o fato de os filhos dela irem morar longe mas o que mais lhe doía era que eles não precisavam mais dela. Pois comigo ocorre o contrário. Adoro pensar que eles não precisam mais de mim. O que me tira do sério mesmo é a fatalidade de eles irem embora. Podiam ficar sempre por perto, nem que fosse só para efeito decorativo. 

Filhos longe? Aí é escroto. Eles poderiam fazer o que quisessem da vida deles desde que batessem o ponto sob as minhas vistas regularmente. Sei lá, pra checar se o nariz está no mesmo lugar, se continuam com dez dedos nas mãos e dez nos pés, essas coisas, se a barriga cresceu ou murchou, se a espinha desapareceu... qualquer coisa, desde que aparecessem regularmente, como um cuco de relógio.

Deveria haver uma distância máxima regulamentada por lei para um filho se afastar da mãe. Passou daquilo, chinelada. Ou multa.

A gente não faz check up de vez em quando só pra saber que tá tudo no lugar? Pois é, filho é mais ou menos assim; a gente precisa olhar para a cara deles de vez em quando, só pra ter sossego e ir dormir sorrindo para o teto. É pedir muito?

Pense bem e observe a lógica da coisa: eles sairam de nós. Logo, são nossa propriedade. Simples assim! Como o fígado, o baço, o coração, os pulmões. Ninguém deveria nos privar disso. É injusto demais que desapareçam. É assim uma espécie de pecado que Deus esqueceu de colocar na Bíblia.

Pensando bem, vou falar com Ele e esse vácuo deverá ser corrigido na próxima edição do Livro Sagrado. Posso expor minhas idéias brilhantes que ele não vai me defenestrar. Afinal, também sou filha!

Um comentário:

Anônimo disse...

Cris,
Agora já sei, quando quiser "aliviar o stress" entro no teu blog, tu tens uma veia "comica" sabia? Fiquei imaginando a cara dos "meninos" lendo "Nossos filhos pertencem ao mundo..." Acho que eles diriam - "PALA MÃE...kkk"
Mas falando serio agora, concordo contigo, é isso mesmo,NOSSOS FILHOS SÃO NOSSOS, ainda lembro da dor que senti ao parir...Como diz tu,"É meu, eu vi primeiro!"
Bjs

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