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7 de out. de 2012

ACÁCIO


Ah meu lindo pé de acácia!
Distante se vai na memória
Tua principesca imagem
De imóvel trajetória
Namorado louro e festivo
O primeiro que me teve
Em deslavadas posições
Sorrias? Acho sim que tu sorrias
Entre os cachos amarelos
Eu, de shorte de algodão,
E outros trajes bem singelos
Menina fresca e alegre
E de fita nos cabelos

Era tua ao te abraçar
Entre as minhas travessuras
E o sol me era morno
Entre as tuas flores puras
Tuas pétalas gentis
Procuravam meus cabelos
Desfrutavas minhas pernas 
Cintura e cotovelos
Morena alegre e enroscante
Em alegre brincadeira
Com trejeitos tão infantes
Bem inocente eu era
Ainda que sempre mulher
E tu o que eras? Me diga!
Tão frondoso a me acolher!
Tu eras meu príncipe em flor
Em reduzido terreno
Esplêndido reino encantado
E mesmo assim tão pequeno

O que te deixava mais lindo
Era o seres bem sozinho
E tão a espera de mim
Todo meu amarelinho!
Mas conte baixinho assim:
Sentias meu cheiro de vida?
Supunhas a minha idade?
Ao toque de minha mão
Como era a sensação?
E ao quedar-me pensativa
Em tua sombra de flor
Despertava teu cuidado
Ou, quem sabe, teu amor?

Ai, teu chique-chique ao vento!
Ai! Tuas flores ao orvalho!
Em ti feliz me enganchei
Eras teto e assoalho
Comportei-me sem pudor
Como em todo bom amor
Grata memória tua:
De vem em quando me vem...
Sorrias pra toda a rua
Nunca mais achei ninguém
Em quem me enroscar assim...
Balanças no meu passado
E por tudo o que vivemos
Ainda és meu namorado.

(Lembrando da infância, das ferias em Sepetiba e do meu lindo pé de acácia. Tempos leves...)

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