Falam mal das vidas mornas que se conformam apertadinhas em seu mundinho acanhado. Falam mal das pessoas invisíveis, que não aparecem nem atrapalham. Todos pretendem um mundo vasto e colorido, cheio de suspresas e sustos e quinquilharias inúteis que compramos e jogamos fora. Todos falam mal de pessoas e de situações que apenas fazem a alma silenciar.
Estou começando a achar que quem reclama dos chatos, chato é. E que os chatos e suas vidas certinhas são tudo o que os invejosos mais atacam. Estou começando a achar que toda vontade de chocar é babaca, que toda vontade de abalar é fraqueza. Os mais indômitos continuam rijos em suas torres discretas.
A gente pensa que precisa, mas ninguém precisa de vendavais. Não precisa. Basta por um dia encarar a realidade, mudar o que dá e engolir o que precisa. Basta virar as costas para a propaganda enganosa que é a vida dos outros. Se entendermos que tudo é de mentirinha, bendiremos mil vezes o que temos hoje. Pode ser triste às vezes, mas há um conforto seguro na falta que as pessoas fazem.
Escrever faz bem e eu vou pouco a pouco me libertando dos pudores idiotas de quem pensa que está sendo seguido. Não estou. Por mais que você esteja ao meu lado, por dentro tenho um universo solitário e sem ecos, e na verdade é lá que eu moro. O que você vê de mim é só o meu rosto na janela. Moro sozinha e estou progredindo muito em aprender que é assim, é normal e não tem jeito.
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