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10 de mar. de 2013

Querido escritor:

Penso insistentemente em você, escritor bem sucedido, capaz de produzir sob encomenda. Você, que recebe adiantado da editora, é mesmo um iluminado. Seus fantasmas sabem que você anda assim, tão comprometido, e que eles fazem parte do contrato?

Você que escreve por encomenda é feliz ou vive sufocado?  A inspiração brota o embota?  Quantos personagens povoam seu tormento? Quantos são tirados a fórceps de seu labirinto secreto? Quantos nem mesmo existem mas constam nos textos? Você está sempre cercado de olhos.

Oh Deus, que eles cooperem com você! Oh Deus, que jamais lhe falte o pesadelo necessário nem o vento da loucura que lhe inspire! Oh Deus, atormentai esse pobre homem cujo pão de cada dia depende de vendavais!

Você, domador de palavras. Você, criador, precisa ouvir histórias. Vou te contar sobre o menino sonhador amigo de fantasmas, que precisava deles para traduzir o mundo.

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